Capítulo XV

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A ideia de ter a Srta. Hawkins espionando seu quarto durante a noite fez com que Charles Farnsworth ficasse um tanto quanto receoso.

Na realidade ele ficou apavorado. Implorou para que a governanta da casa, a Sra. Simon lhe trouxesse cortinas extras para pendurar na janela e aumentar as camadas de proteção, impedindo de que a obcecada Bridget tivesse qualquer visão privilegiada de sua vida particular.

Mas isso não pareceu adiantar muito. No dia seguinte ao tumulto ocorrido pela invasão da propriedade, lá estava a Srta. Hawkins ás 9h00 horas da manhã, desejando um bom dia para Charles por meio de uma janela estrategicamente aberta nas laterais da casa. Ela estava sorridente e animada como uma pomba, enquanto o Farnsworth mais novo se arrastava pelos corredores de sono.

Não era possível que ela não lhe daria uma única trégua.

— Alicia, cuide da língua de sua amiga antes que eu a corte fora. E eu não estou exagerando.

A Srta. Farnsworth – que estava lendo um folhetim na sala de estar privada da família – ergueu o olhar em direção ao irmão, sem dar muita atenção. A fofoca escrita em detalhes sobre como Eliza Gunning foi perseguida por três cães parecia muito mais interessante.

Arqueou uma sobrancelha com desdém e logo voltou à leitura.

— Como disse?

— A Srta. Hawkins está me perseguindo. Você pode gentilmente pedir para que ela largue de ficar atrás de mim? Ela é como uma irmã para mim e eu não quero ser indelicado com minha irmã.

Alicia riu ao constatar que ouvir o irmão choramingando era muito mais divertido do que ler sobre uma adolescente correndo de cães. Colocou o folhetim ao seu lado e sorriu de maneira perigosa.

— Mas não foi você que pediu para a condessa colocar os dois como pares enquanto estávamos no campo? — ela pegou novamente o papel de fofocas — Olhe agora.

— Ela é boa com flores e parecia apenas uma garota inofensiva de dezesseis anos. Era ela ou Eliza Gunning. Sem contar que Sophie, a condessa, faz tudo o que eu pedir. Ela me ama. Eu entro na propriedade dos Lancasters e ela já me enche de elogios e comida.

— Não consigo imaginar a Condessa de Hertside o venerando como um deus, mas não duvido muito. — disse indiferente — Eliza... A que correu dos cães? Estou lendo sobre isso aqui — ela mostrou o folhetim. 

— A própria.

— Ah, então Bridget foi uma ótima escolha sem dúvidas — Alicia constatou.

Charles andou pela sala, irritado.

— A questão é que a Srta. Hawkins está louca. Eu sei que sou irresistível, mas...

— Menos... — Alicia virou a página — Bem menos, Charlie.

Feita para um Visconde [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora