Quando o Sr. e a Sra. Hawkins voltaram para Londres, duas semanas depois de sua lua-de-mel em Kent, eles sentiam como se houvesse passado vários meses.
Bem, de qualquer forma ainda era Londres.
Era Londres com suas tardes chuvosas, solo úmido e céu nublado. Londres e suas dezenas de carruagens espalhadas pelas avenidas que cortavam toda a cidade. Londres com suas damas a caminhar nas tardes solitárias em uma Mayfair serena. Londres com artistas de rua, ciganas, limpadores de chaminés em meio aos duques, marqueses, aristocratas e burgueses que constituíam cada pedaço daquela cidade.
Ainda era Londres com todas as letras, sons e pronuncias.
A Londres inestimável, inesquecível e mágica.
Alicia admirava a visão privilegiada que tinha da cidade da sacada de seu quarto, em sua nova casa em Soho. A construção era a beira de uma rua movimentava, não muito longe de seu antigo lar. Mesmo que a casa dos vizinhos fosse colada a sua, a visão podia estender-se por toda reta, até seus olhos perderem o foco no longo horizonte que despontava a sua frente.
Apoiava-se na mureta, deixando-se correr o perigo de estar na ponta dos pés e no último andar. Seu chapéu - amarrado por uma simples fita abaixo de seu queixo - tremulava com o vento que se quebrava em sua face, inundada por um largo sorriso de satisfação. Não conseguia encontrar palavras para descrever o quanto estava feliz.
O sol começava a abaixar e novamente a velha história se repetia. A agitação da tarde começava a dar lugar à agitação noturna. O descanso viria apenas na madrugada, agora era a hora dos bailes. A Sra. Hawkins, vestida dignamente como sua posição social deveria demonstrar, descia sozinha até a carruagem dos Hawkins que a levaria até algumas ruas adiante, na propriedade dos Farnsworth, onde reencontraria a família antes da festa da Viscondessa.
Rosamund foi a frente com o cocheiro mais uma vez. Alicia não deu a mínima. Sorriu imensamente quando discretamente reparou em um anel diferente na mão da acompanhante. Ela não queria tirar conclusões precipitadas, mas tinha quase certeza de que foi o cocheiro dos Hawkins que lhe havia dado. A Sra. Hawkins estava tão deslumbrada com sua história de amor que por alguns dias esqueceu-se de que era quase uma casamenteira há apenas alguns meses.
Esperou pacientemente que o mordomo abrisse a porta de sua antiga casa, observando com mais atenção os arredores. Fitou a propriedade dos Hawkins - agora também sua - ao lado direito, onde pouco a pouco os convidados começavam a chegar e do outro lado a sombria casa que nunca tinha as janelas abertas. Lamentou-se internamente. Ela queria ter conhecido os vizinhos antes de se mudar.
Distraída em seus próprios pensamentos nem percebeu que Brandine havia aberto a porta. Deu-se conta de sua presença vários segundos depois, mas em seguida não conseguiu conter a excitação, praticamente pulou no colo da antiga criada da família, abraçando-a sem nenhum decoro.
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Feita para um Visconde [CONCLUÍDO]
Historical FictionA Srta. Farnsworth vivia uma vida relativamente tranquila em Londres. Neta de um imponente marquês, nasceu e foi criada na alta sociedade londrina. Contava com pais compreensivos e carinhosos, a amizade sincera de Georgiana e Annalise e com a compan...