Capítulo 34

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Se passaram duas semanas até que Rita ligou para Samuel. Queria marcar um almoço, aparentemente tinha notícias para passar ao autor. Sam, é claro, concordou. Além de não estar em posição de negar qualquer coisa relacionada ao trabalho, ele se sentia muito sozinho desde que Diana e Ricardo sairam de sua vida.

Ele não ligara para Diana. Nem ligaria.

No lugar dela, Sam quereria o máximo de distância do canalha estúpido que a tinha usado. Pelos jornais, ele tinha visto o desfexo da vida da garota de camarote. Ela perdera 50% da fortuna do pai em julgamento, provavelmente por culpa de Samuel.

Como será que ela estava reagindo? Diana nunca pareceu apegada à fortuna da família, mas geralmente não se sabe o quanto se gosta do dinheiro até precisar dele.

Assim como Samuel, que não sabia o quanto gostava de Diana antes dela lhe fazer falta.

Ás vezes, ele ainda sentia na memória seu perfume único. Eram boas lembranças, mas ele sempre acendia um cigarro para afasta-las de sua mente. Um fato sobre as boas lembranças é que quando somadas à saudade, elas só trazem sofrimento.

Rita chegou ao restaurante cinco minutos depois do horário combinado. Tagarelava alegremente ao celular enquanto desfilava entre as várias mesas do local, equilibrada em um salto assustadoramente fino.

- Tá bom, Betty, te ligo mais tarde, querida. - Ela se despediu do celular quando chegou na mesa. - Sam! Meu garoto preferido!

Sam levantou-se educadamente, e cumprimentou-a com um beijo na bochecha. Por um minuto se preocupou dos lábios terem sidos tomados por pó compacto e blush. A mulher se sentou, acompanhando Sam. Pediu um copo de água com gás e depois encarou o homem por alguns segundos, como uma mãe que olha o filho prodígio. Um sorriso orgulhoso tomava conta de seu rosto.

- A editora amou seu manuscrito. - Disse, por fim - Vão investir alto! Vai ser sua maior tiragem!

Uma birgorna de algumas centenas de quilos pareceu abandonar o estômago de Samuel. Ele se premitiu sorrir.

- Você leu? - Perguntou.

Ela balançou a mão repleta de aneis no ar, como se espantasse um mosquito imagináro.

- Claro que li! Falaram tão bem do livro que eu tive que ler. Samuel, querido, de onde tirou tanta inspiração? Eu não choro com nada desde a primeira vez que assisti Bambi, mas essa história... Essa história me arrancou umas boas lágrimas.

Sam se permitiu um segundo para imaginar se as lágrimas de Rita já tinham virado petróleo devido ao tempo no subsolo.

O autor se lembrou do contrapeso.

- Eu sou um escritor de terror. - Disse, em uma constatação óbvia - A editora não está preocupada em eu ser desacreditado por isso?

Rita sorriu satisfeita, enquanto o garçom trazia o prato que ela tinha pedido.

- Mas aí que está o grande trunfo, bebê! Nada vende mais do que o vilão redimido. O Príncipe das Trevas que encontrou a luz do amor! - Ela fazia gestos largos com as mãos, como se apresentasse a alcunha para uma gigantesca plateia - Já posso até ver as manchetes. Além do mais, com a qualidade daquele livro, você vai ser mais bem-sucedido como autor de romance do que jamais foi como de suspense. Boatos que a notícia já chegou aos ouvidos de Jhon Green e ele está chorando em posição fetal embaixo da mesa a três dias.

Ela riu, mais escandalosa que o de costume. Rita estava feliz, porque quando pensara que sua mina de ouro havia chegado ao fim, encontrou uma jazida de diamantes. Sam, por outro lado, se sentia apático. Contente com o fato de voltar a fazer sucesso, mas a muito tempo - pouco mais de duas semanas - Samuel não sabia o que era estar realmente feliz.

Durante as duas horas que se seguiram, Rita falou desparadamente sobre todos os detalhes do livro. Uma versão em capa dura e uma econômica. Ilustrações no início de cada capítulo. Entrevistas nos maiores Talk Shows do país para divulgar o livro. E o mais importante, o título.

Esse Sam já tinha na cabeça assim que terminou o primeiro parágrafo do livro.

"Do Jeito que Você É"    

Do jeito que eu souOnde histórias criam vida. Descubra agora