Prólogo

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DECEMBER, 1989

"Então Karla.. Me diga, qual é a sua história?" A bela moça de intensos olhos verdes perguntou para a menina irritada em sua frente.

"Quantas vezes eu vou ter que dizer, meu nome não é Karla. Quem é Karla?" A morena berrou, gesticulando em excesso.

"Perdão.." A psiquiatra engoliu em seco, agarrando as mãos congeladas da menina. "Vamos nos apresentar novamente, me chamo Lauren Jauregui e você?"

"Camila Cabello, muito prazer." Ela disse sorrindo apertando a mão de Lauren, voltando a se sentar em seu assento e cruzando as pernas. "Como a senhorita está?"

Assustada. Pensou Jauregui. Ela estava acostumada com seus pacientes e seus bizarros problemas mentais, mas nunca havia se deparado com alguém assim. Karla Camila Cabello Estrabao tinha 16 anos e transtorno bipolar, transtorno dissociativo de identidade, depressão e uma acusação de assassinato nas costas. Lauren havia sido contratada para avaliar sua sanidade mental e só nesse primeiro momento, já sabia que o mais ideal para Karla seria ficar internada em uma clínica para doentes mentais. Apesar de o lugar onde ela estar, não ser muito diferente disso. Jauregui só não aprovava os métodos de tratamentos escolhidos por Shadowsouls, uma instituição da igreja criada para criminosos incapazes de responder por seus crimes, devido a sanidade mental.

"Estou bem.." Ela estava em dúvida sobre como abordá-la. Na verdade, não fazia ideia de como fazê-lo.

"Sabe uma história que me contavam quando eu era bem pequena, Lauren?" Ela começou a falar com um sorriso doentio. "Havia uma família, muito influente na sociedade, eles eram bem ricos." Jauregui preferiu não interromper e apenas ouvir, talvez no fim de tudo aquilo, aquela história teria algum sentido, até porque a família de Karla era muito influente e bilionária. "A família era sustentada pela empresa multinacional do marido. Eles tinham dois filhos, um menino e uma menina com 2 anos de diferença. Eles viviam de imagem, sempre sorrindo e passando para todos a ilusão de família e vida perfeita. Mas por dentro era tudo completamente diferente. O filho era viciado em drogas, a filha era extremamente sensível e mal compreendida, sem atenção da mãe. Que vivia para silicones, lipos, botox e comprar supérfluas. O pai levava suas amantes para casa, o que fazia a mulher revelar mais um vício, ela era alcoólatra.." Karla mal conseguia terminar seu relato, enquanto seus olhos marejavam. "Essa história me comove muito, pois eu sinto que ocorreu comigo, entende?" Então ela começou a chorar e abraçou seu corpo.

"Kar-Camila, não chore." Disse Lauren de maneira doce, se sentindo mal pela falta de estrutura familiar daquela menina perturbada.

"Por quê todos acham que podem me dizer como agir?" Então ela voltava a gritar. "Eu sou uma mulher livre!"

Lauren terminou as anotações em seu bloco, respirando fundo e chamando um dos enfermeiros brutamontes que acompanhavam a consulta.

Eles agarraram seus braços e levaram a garota esperniante pelo corredor, até seu quarto. Jauregui recolheu suas coisas e quando estava pronta para sair da salinha mofada, a diretora e uma das madres da igreja, a chamou.

"Sim, irmã Mary-Anne." Lauren sorriu, recostando na parede cinzenta.

"Não se preocupe mais com esse tipo de comportamento, da senhorita Karla." A freira medonha foi curta e grossa. "Hoje mesmo experimentaremos uma nova terapia para acalmá-la. Ela acabou de chegar, ainda não se adaptou."

"O que vocês farão com ela?"

"Nada que seja da sua conta." Ela se virou e seguiu os outros enfermeiros que conduziam Karla para o corredor dos quartos.

"Isso, porque é irmã..." Lauren murmurou incomodada e apressou os passos para sair da instituição.

"Me soltem!" Karla continuava a berrar, enquanto alguns comprimidos eram empurrados por sua goela a baixo e uma seringa era inserida em sua veia. Depois de dois segundos, ela apagou, deixando que seu corpo caísse para trás.

Sweet MiseryOnde histórias criam vida. Descubra agora