Sweet Misery

Consciousness

"Ei, como está se sentindo?" Lauren perguntou num sopro, com um sorriso aliviado. Seus olhos verdes estavam mais escuros que nunca e o canto parecia irritado. Ela deduziu pela vermelhidão. A íris parecia triste, mas a pupila bem dilatada. O rosto próximo a Camila, deixava explícita sua preocupação. Sua voz era baixa e rouca. Mas mesmo assim, parecia perfurar os tímpanos da pequena garota a sua frente, que tentou levantar o tronco com dificuldade, quando foi impedida. "Não, não.." A psiquiatra perdeu a postura calma, dessa vez, ajeitando mais a postura e gesticulando. "Você precisa ficar deitada, certo?" 

"O que aconteceu?" A mais nova perguntou, passando a língua pelos lábios secos. Respirando fundo, pela agonia de estar presa a uma maca. Da última vez que estivera em essa posição, não havia acabado bem. A única coisa que ainda a acalmava, era o fato de algo ser diferente. Agora, ela tinha Lauren ao seu lado. 

"Você não se lembra de nada?" Jauregui perguntou preocupada, comprimindo os lábios. O estado de Camila não era o dos melhores, pelo contrário. A menina estava em meio a crises descontroladas, que botavam em risco todo o seu sistema. Os sintomas apresentados, eram as lembranças, que se embaralhavam em sua cabeça, a confundindo sobre Karla e Camila. Suas duas personalidades. 

A dissociação variava, fazendo com que, na maioria das vezes, cada uma se manifestasse em um dia diferente. Karla não se lembrava do que havia feito como Camila e vise-versa, porém com essas súbitas crises de conhecimento próprio, tudo voltava para si, a deixando confusa e nervosa. - Podendo fazer até com que ela fosse as duas, ao mesmo tempo. - Coisas que deveriam ser evitadas ao máximo, já que a adolescente, tinha piorado ainda mais suas crises de ansiedade em Shadowsouls. Que se manifestavam de maneiras diferentes em cada pessoa. Nela a deixava extremamente sobrecarregada, hiperventilando e desesperada. Em casos isolados, desmaiava e nos mais graves até parava seu sistema respiratório. 

Respondendo a pergunta de Lauren, Camila assentiu negativamente, fazendo a psiquiatra respirar fundo. Talvez o momento em que ela mais temia, havia chego. Mas será mesmo, que sua menina estava preparada para a verdade? Qual seria sua reação? 

Não. Eu não posso pagar para ver, preciso de mais tempo. Jauregui repetia para si mesma, mentalmente. Tentando se enganar, de que aquela era uma boa ideia. 

Se contasse sobre os distúrbios, para a menina e ela tivesse consciência de sua doença, precisaria iniciar demasiados tratamentos. E ainda era menor de idade. Se sua mãe aprovasse teria de continuar sofrendo terapias de eletro-choque no sanatório da igreja, o que só a desgastaria cada vez mais. Sua ideia, era a psicoterapia. Lauren tentaria orientá-la a encontrar uma maneira de ter cada aspecto dela coexistem, e trabalhar em conjunto. Bem como o desenvolvimento de técnicas de prevenção de crise e encontrar formas de lidar com os lapsos de memória que ocorrem durante períodos de dissociação.

Porém mais uma vez, a questão brilhava em sua mente. Camila era menor de idade. Poderia parar na mão de qualquer psiquiatra, que faria o método que quisesse. Sua cabeça não parava, pensamentos pessimista se alargavam em seu subconsciente, a medida que seus dedos batucavam mais e mais rápido na maca de sua paciente. 

E se a teoria de algum outro profissional, era fazer com que a menina matasse ou se livrasse de Camila Cabello, focando em sua personalidade principal, Karla Estrabao. A tratando de modo que a fizesse esquecer sobre a personalidade doce, carismática e espontânea, como se nunca tivesse existido. Não! Lauren não suportaria isso!

E se enchessem ela de remédios? Medicamentos são muitas vezes utilizados para tratar as muitas outras condições de saúde mental que os indivíduos com DID tendem a ter, e que Camila tinha, como a depressão, ansiedade grave, raiva, e impulso problemas de controle. Mas deve-se ter muito cuidado, antes de sair tomando uma medida como essa. Nunca se sabe, qual efeito, vai ser encontrado.