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Perdeu-se a certeza, e agora o que resta?

O Verão está a chegar... O último ano de liceu, pelo menos para Benedita, que terminou com uma média incrível. Não tanto para a sua irmã.
 

A vida das duas tem sido afastada pelas novas amizades de Constança, que mostra desde algum tempo uma rebeldia irreverente, talvez por ser mimada demais.

Faltam exatamente dois dias para o décimo oitavo aniversário das gêmeas. Benny, mostra-se de facto empolgada, não é todos os dias que se fazem dezoito anos. Enquanto que Sansa finge nem se recordar, já lá vai um tempo que faz tudo o que quer, que diferença faria apenas mais um aniversário.

Os preparativos para a festa do ano, como se fala pela escola, aceleram. Não há ninguém que não esteja convidado ou que ouse sequer não aparecer. Antes de Sansa se perder, porque se perdeu, é certo, as duas raparigas eram sem dúvida muito populares.

Encontramos Sansa sempre no mesmo sítio, vestida de negro, não porque alguém falecera, mas sim porque o preto transparece o seu vazio interior, a falta da vida que em tempos tivera, mesmo que esta jamais seja capaz de o proununciar.

O dia chegou, Benny acorda e vai imediatamente responder a todas as mensagens e publicações no mural do facebook, quando se depara com uma mensagem muito especial, recebida por volta das três da manhã. Era de Santiago, um rapaz já universitário, por quem Benedita desde pequena nutria um sentimento muito especial, todos os verões os olhos azuis de Santi faziam bater mais forte o coração dela.

Uma mensagem dele e um sorriso aparece-lhe no rosto. É notado por Constança, que desde logo dá um pulo da cama, parabeniza a irmã e abraça-a fortemente, para o espanto desta.

- A que se deve essa boa disposição?! - interpela Sansa.

- Devo perguntar o mesmo?!- retorquiu a irmã - Parabéns maninha, eis os tão esperados dezoito anos. E quanto à minha boa disposição, será que posso desabafar contigo, ou valerá mais a pena dizer que não é nada?

- Sabes bem que podes contar.

- O Santiago mandou-me uma mensagem de parabéns e desculpou-se por ter ignorado a última vez que tentei conversar com ele. - surge outro sorriso.

- Que bom! O mesmo de sempre, vai acabar mais um verão e lá vais tu andar a rastejar por um rapaz que não quer saber de ti, aprende totó. - afirma Sansa.

Se acharmos que entre duas irmãs geradas na mesma gravidez não existem segredos, existem, esse é o problema, ou a razão da resposta um pouco violenta de Constança.

Benedita pede para que a irmã tente não arruinar o dia, vai haver uma festa e é suposto q ambas recebam os convidados. Sansa tenta ser convincente ao concordar em comportar-se, talvez tente, nem que seja pelo amor que sente pela sua "maninha".

São quatro da tarde e a festa está prestes a começar, Andrea, a mãe, está feliz e ao mesmo tempo tão preocupada pela filha mais rebelde não se ter ainda dignado a aparecer. Encontra a outra enconstada à entrada do jardim, tem um ar pensativo.

- Meu amor, o que te preocupa?- questiona.

-Tenho medo de não poder aproveitar este dia com a mana, Sansa tem andado ainda mais distante do que no início, onde será que se meteu?- é interrompida.

Aperece então a esperada Constança, vestida de negro, para não variar, o que queria uma certa raiva e não faz justiça ao vestido cor de prata que a irmã comprara de propósito para aquele dia.

-É assim vestida que vais festejar os teus dezoito anos?!- perguntam em coro.

- A roupa é assim tão importante? Estou aqui não estou, fui só comprar um presente para a mana, mãe. - responde como se nada lhe interessa-se realmente.

Ficam boquiaberta, mas esta despacha o espanto das duas entregando o presente a Benny.

- Adoro, adoro!- é a reação desta ao ver o que a irmã lhe oferecera.

Era um albúm com a história delas desde pequeninas. Na capa estava uma frase: "Estamos unidas por uma força que só nós entendemos, obrigado!".

Uma lágrima surge, disfarçada pelo abraço que a sucedeu. Benedita está impressionada e feliz, desta ela não estava à espera.

Os primeiros convidados surgem, sorridentes, mas ambas as irmãs procuram alguém muito especial e nem fazem notar a satisfação por ver os restantes presentes.

Resta a incerteza.

Talvez, um livroOnde histórias criam vida. Descubra agora