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    Eis uma certeza, tudo é incerto quando se é jovem.
Amanhece na casa da família Ferreira, e pelo que parece o dia começa com a normalidade habitual, Sansa e Benny descem para tomar o pequeno-almoço com os pais. Desta vez eles estão.
Andrea é farmacêutica e Diogo é jornalista, pelo que não dispõem de muito tempo livre, mas nunca trocam as manhãs em família por nada. Saem sempre por volta das oito, o que obriga, as duas raparigas a levantarem-se cedo mesmo nas férias. Têm uma grande admiração pelos pais e principalmente pelo amor que os une, há quase vinte anos.
Depois de saírem para os trabalhos, Constança e a irmã arrumam a mesa da refeição já finalizada e correm para tomar banho, gostam de o fazer juntas. Coisas de gémeas.
São dez e trinta da manhã quando o telemóvel de Sansa toca, e esta nem queria acreditar quando vê o nome de Santiago no ecrã. Atende.
-Bom dia, tudo bem?- começa por saudar Santi.
-O que é que precisas?- responde a rapariga com arrogância.
-Queria só encontrar-me contigo, estou perto de tua casa, dá para vires ter comigo?- questionou.
Sansa que pelo que se sabe não gosta muito de Santiago, nem que a sua irmã sinta por ele há três anos, uma paixão quase que inexplicável, aceita o convite, com o objetivo de o avisar em relação a isso.
-Sim, apanha-me em casa daqui a dez minutos. – responde afirmativamente.
Quando o carro de Santiago para à frente da casa das gémeas, Constança corre para que a irmã que está entretida a vestir-se não dê conta da sua fuga.
Santiago continua a ser sem dúvida o rapaz mais bonito que alguma vez Sansa vira, mas não é de todo algo que lhe fascine, e por isso, entra no carro e começa logo por dizer:
- Livra-te de te armares em engraçadinho, já sabes que comigo isso dos olhos azuis não funciona, e para além de tudo, a minha irmã gosta de ti. – senta-se, põe o cinto e o carro arranca.
- Não vou tentar nada que tu não queiras, vamos só passear, por a conversa em dia e talvez dê para perceberes que a minha única qualidade não são estes olhos.- responde calmamente.
O carro pára junto a um jardim, os dois saem e começam a conversar sobre tantas coisas que quando se deram conta já era horas de almoço. Sansa envia então uma mensagem a Benny:" Mana, não vou almoçar, como qualquer coisa pela cidade, beijo.". Almoça com Santi e acaba por passar a tarde com ele.
Já tinha anoitecido quando os dois se dirigem a casa de Constança, e na viagem, ele pousa a sua mão na perna, Sansa não sabe o que fazer, mas sente uma vontade imensa de beijá-lo. Então quando o carro pára diante da casa, Sansa beija Santiago.
Depois do beijo vem o arrependimento, a imagem de Benny surge no pensamento da irmã, e sai do carro sem dizer mais nada. Tudo o que a preocupa é a forma como irá contar tudo isto. Hugo e Benedita não mereciam que aquele beijo tivesse acontecido. E em forma de arrependimento envia uma mensagem ao namorado:"Tive saudades tuas, amanhã saímos?", ele responde afirmativamente.
Durante o resto do dia, o pensamento de Sansa é sempre o mesmo, errou e não sabe como admitir este erro. Foi mau de mais.
A incerteza da juventude surge quando não é certo o que se fez. 

Talvez, um livroOnde histórias criam vida. Descubra agora