Talvez, um livro

4

A amizade, e a incerteza de quem são os amigos mais certos.
Constança e os amigos, entram num café e pedem uma cerveja, exceto Salomé. Todos os restantes clientes ficam surpresos quando vêm os jovens pedir mais uma rodada a cada quinze minutos. Estão bêbados, é uma certeza, exceto Salomé.
Enquanto a irmã se diverte, estando às cinco da tarde naquele estado, Benedita junta todos os presentes recebidos no dia anterior e de seguida tira uma fotografia que posta no facebook com a seguinte descrição: "Tenho os melhores amigos do mundo, obrigado!".
Pouco tempo depois vê a irmã entrar em casa quase de gatas, e ao perceber o estado em que se encontrava corre a ajudá-la.
-O que é que tu foste fazer? A mãe vai-te matar! – grita Benedita.
-Cala-te sua estúpida, eu já tenho dezoito anos! Decidi não ficar em casa a fazer publicações fúteis como a tua. E larga-me que eu não preciso da tua ajuda. – grita de volta Sansa.
Benedita que sempre tinha sido a rapariga a quem ninguém apontava defeitos, exceto Salomé, via-se agora diante uma situação que não lhe agradava nada, não se considerava fútil, mas descobre que não consegue aceitar uma crítica.
-Estúpida eu? Tu é que és uma estúpida, não sabes sequer sair de casa e voltar sem estares bêbada, ou sei lá o quê... És uma desilusão. – responde com raiva Benny.
Constança quase que num murmúrio, como se lhe estivessem a acabar as forças retorquiu:
-A Salomé é que tem razão, és a miúda mais irritante do planeta. – e sobe sem deixar que a irmã pense na resposta.
De facto, Salomé nunca denunciara o seu ódio por Benedita, mas este já tinha sido descoberto por Sansa, era certamente uma verdadeira amizade, uma daquelas onde as conversas acontecem mesmo que sem palavras. Constança jamais tivera uma amizade assim.
Ainda a pensar nas palavras insultuosas que saíram da boca da sua própria irmã, Benedita telefona a Santiago, talvez para lhe fazer queixas da atitude de Sansa, mas este não atende. Na verdade, durante os três anos que é apaixonada por ele, raramente têm uma conversa, a não ser que Benny quase o obrigue, ao enviar-lhe mensagens de texto tão extensas, que Santi é obrigado a responder para mais uma vez lhe dizer que não queria nada dela, apenas amizade.
É verdade, naquele verão já haviam três anos que Benedita gostava de Santiago, e ele sabia, sempre soube, ela também nunca lhe tentara esconder, sempre que os seus olhares se cruzam nada se esconde, esta achava que até há data do seu aniversário todos os sentimentos eram correspondidos.
Está em Viseu uma bonita tarde de verão e em vez de ficar o tempo todo sozinha em casa, liga para uma das suas amigas e sai, deixando Sansa sozinha em casa.
Assim que se vê sozinha, Constança liga a H, o seu namorado e pede-lhe para que este vá a sua casa, afirmando que se encontra sozinha. Hugo chega num instante e os dois envolvem-se num clima de beijos.
Começam a tirar as roupas, os corpos a pedir cada vez mais a pele um do outro, e então, Constança perde a virgindade com Hugo, quase que sem dar por si, pois ainda não estava sóbria e ele também não.
Certamente que Sansa o quis naquele momento, a incerteza surge mais tarde.