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Resta a incerteza, certamente.

A sala estava devidamente decorada para a festa. Andrea e Diogo, os pais, estavam sobretudo orgulhosos, mas preocupados, como é normal quando dois adultos se deparam com os dezoito anos das duas filhas.

Era uma casa humilde, com todas as condições, pronta a receber o evento. No fundo da sala estava uma faixa enorme com o nome das duas irmãs, as mesas redondas com toalhas azul claro estavam dispostas de forma a que fosse possível circular livremente pela divisão.

Benny tivera muitos presentes de todos os seus amigos do liceu, recordações de cada um que certamente também serviam para levar para a universidade, quando os caminhos de jovens do secundário se separam, normalmente. Nem é certo.

Quanto a Sansa, não tivera assim tanta sorte, os poucos amigos que ainda lhe restavam não tiveram dinheiro para lhe comprar nada de especial... Recebeu da sua irmã um colar, o presente mais esperado, e dos seus pais, tal como Benedita, o dinheiro necessário para a inscrição numa escola de condução.

A festa decorria com normalidade, eram imensas as pessoas presentes, mas o pensamento das duas está em sintonia enquanto perdem a cada cinco minutos um olhar direcionado para a porta de entrada. Falta alguém!

Já a noite aparecia quando o último convidado da festa chega, Hugo, um dos amigos de Sansa, daqueles das más companhias, mas ao mesmo tempo o mais civilizado. Mais velho, com um ar cansado, ainda mais pesado por vestir tal como uma das gêmeas, apenas preto.

Mal chega dirigi-se a "Tança", como é costume chamá-la no grupo do qual fazem parte, entrega-lhe um presente, que esta abre com muita curiosidade.

-H! Ainda bem que vieste, isto está ainda mais divertido agora. - é a reação desta ao receber o amigo.

H, como é conhecido por todos, deixa os restantes convidados um pouco irrequietos, a arrogância que o caracteriza é reconhecida por todos, até pelos pais das aniversariantes.

-Sansa, o que é que ele faz aqui? Não era suposto não haverem confusões?- questiona Benny após se ter dirigido à irmã.

- Descansa mana, o H é um porreiro, ele veio só divertir-se um bocadinho.

A normalidade da festa é então levada pela música que passa naquele momento, a diversão alterada pelo alcóol é visível nos dois amigos, desde que o rapaz chegara. Ninguém sabe o que fazer, nem Diogo, que se mantém encostado ao fundo da sala, desiludido por achar que falhou na educação de uma das filhas.

Algum tempo depois, Constança é arrancada da festa pelo amigo, que se declara, e após cinco minutos de conversa, os dois são namorados, e limitam-se a regressar à festa de mãos dadas.

Todos ficam boquiabertos, mas o novo casal tem um ar feliz, não só por estarem sob o efeito de alcoól, mas porque acabam de assumir algo estrondoso.

Benny, teme pela sua irmã, ainda mais agora. Mas todos os seus pensamentos são apagados quando recebe uma mensagem anónima, com o seguinte texto: " Adorava ter aparecido, mas como não foi possível queria pedir-te um favor, no portão está uma caixa, entrega à Sansa e diz que vem da minha parte. Beijo miúda, Santiago."

Tudo fica confuso, mas executa os passos. Ao ver o que está dentro daquela caixa, Benedita percebe a arrogância matinal da irmã, Santi gostava da sua irmã, e agora é ela que está perdida.

Já não é certo, a incerteza surge, o medo apoquenta-a, Benedita perde-se, qual das irmãs está mais perdida agora? O amor é uma forma de perder tempo, e a vida de Sansa uma maneira de o aproveitar, ou incertamente não

Talvez, um livroOnde histórias criam vida. Descubra agora