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Quando há certezas, é de duvidar incertamente.
Constança e Benedita, as tão célebres irmãs, uma mais prodigiosa que a outra, mas irmãs, unidas por um laço que será indestrutível. Ou talvez não, vejamos os extremos que os problemas de duas adolescentes diferentes, mas tão iguais, atingem, e a força que um amor tão único como o destas tem para colmatar todas as situações com que se vão deparar.
-Meninas, desçam para o jantar!- ouvem um grito de Andrea e interrompem o caloroso momento. Descem.
Durante todo o jantar nenhuma das irmãs disse uma palavra que fosse, o que despertou a atenção dos pais que decidiram então discretamente perguntar o que se passava:
-Constança, tu que tens sempre uma vida tão agitada, estás muito calada hoje, não queres contar ao pai o que se passa?- tenta Diogo arrancar qualquer coisa à sua filha. Mas Sansa apenas esboça um sorriso.
Esta atitude preocupa ainda mais o casal e ao fim do jantar se junta na sala para discutir o que fazer em relação às atitudes das gémeas. 
- Muito sinceramente Diogo, eu acho que uma semana na aldeia era o que lhes fazia melhor, até podem convidar alguns amigos, a tua mãe tem tanto espaço. Elas precisam de apanhar ar fresco, de sair desta confusão da cidade. Vamos contar-lhes a nossa ideia.
Diogo, era natural de uma pequena aldeia, Cabril, que ficava um pouco longe da sua casa, mas que visitava sempre que podia, tendo  conta a sua indiscutível beleza, na simplicidade das montanhas e perdida na velhice de quem por ali perdura, como a avó Helena.
-Ótima ideia! Tenho imensas saudades da avó- dizem em coro. Olham uma para a outra e desatam à gargalhada, coisas de gémeas, deixando os pais mais felizes e descansados.
Partiam no fim-de-semana,decidiram não convidar ninguém, pois tinham a certeza que iam encontrar imensos amigos de infância e os primos, o preferido de ambas, o Mauro, também lá estaria.
Mal chegaram, a avó corre a abraçar as suas meninas, fazia algum tempo que não se viam. Tinham a mesa posta e à sua espera um daqueles almoços das casas das avós. Mas antes da refeição, são presenteadas com um colar de ouro, pelos seus 18 anos. Tinha escrito numa medalha:" Com amor da avó...", ficaram felizes com o gesto e abraçaram Helena.
O primo Mauro, quem esperavam ansiosamente encontrar, não estava por ali naquele dia, mas sabiam que era com ele que iam passear e recordar os velhos amigos. Consideravam-no muito fixe e acima de tudo preocupado, apesar de ser mais velho, nunca se esquecia das primas.
No dia seguinte, lá estava ele à procura de Sansa e Benny, e quando se encontram é como tivessem estado juntos no dia anterior, sem grandes alaridos. Mas todos tinham saudades. Atrás de Mauro, aparecia um rapaz, provavelmente seu amigo, lindo de morrer que despertou a atenção das duas irmãs. Será que vir para a aldeia teria sido a decisão certa?
Incerto. Mas provavelmente não.

Talvez, um livroOnde histórias criam vida. Descubra agora