Rock Story

Capítulo 1 - Um começo, uma canção.

A minha vida é como uma música, às vezes é alto astral, bem para cima, daquelas que o coração acelera igual a quando você ouve Rock Pauleira, aí quando eu menos espero vira uma balada romântica, daquelas que fazem seu coração bater mais forte só de ouvir a melodia. A minha vida é assim, como um bom som, com seus altos e baixos, graves e agudos, mas o que importa de verdade é não perder o ritmo, porque a música não pode parar.

Meu nome é Katniss Everdeen, tenho 18 anos e estou no último ano do colegial. Sou daquelas que muda de humor escutando uma música, daquelas que não se importa se pentearam o cabelo, daquelas que não fazem questão de encher a cara de maquiagem para ficar bonitas, sou daquelas que não precisam fazer cena para algum garoto notar sua presença. Eu sou daquelas que se contenta com um simples abraço e um sorriso bobo no rosto. Falo, penso e respiro música, talvez pelo fato de minha mãe ter sido uma grande cantora quando mais jovem, ou talvez seja pelo fato de que ao invés de me contar uma história para dormir, ela simplesmente cantava.

A música é a nossa mais antiga forma de expressão, possivelmente até mais antiga que a linguagem. De fato, a música é o homem, muito mais que as palavras, pois estas são símbolos abstratos. A música toca nossos sentimentos mais profundamente que a maioria das palavras e nos faz responder com todo nosso ser. É assim que eu me sinto quando canto, sinto todos os meus sentimentos se expondo através da música.

Termino de calçar meu tênis, pego minha mochila e desço para tomar café. Assim que adentro a cozinha dou de cara com minha mãe, meu pai e minha irmãzinha já a postos tomando o café da manhã.

– Bom dia, família. – saldo, dando um beijo no rosto de cada um e me sento à mesa.

– Bom dia, filha. – devolve minha mãe ao colocar os ovos mexidos em meu prato.

– Bom dia, filha. Vai querer carona para ir à escola hoje? – pergunta-me meu pai.

– Vou sim, pai. Gale não vai poder passar aqui. Ele tem que ir mais cedo para poder falar com o treinador. – explico enquanto tomo um gole do meu café, ele faz uma leve careta da qual ignoro. Gale e eu namoramos há dois anos, e apesar de brigarmos às vezes, sou completamente apaixonada por ele. Meu pai não gosta muito dele e minha mãe - apesar de não falar nada - sei que ela também não gosta.

Gale é um cara muito legal, mas também é muito encrenqueiro, está sempre arrumando confusões na escola e esse é um dos motivos pelos quais o treinador pediu para que ele fosse mais cedo hoje, para eles poderem conversar. Ano passado ele se meteu em uma confusão das boas, o que lhe resultou em duas semanas de suspensão, e o time da nossa escola acabou perdendo o campeonato porque ficou sem o seu melhor atacante e capitão. O treinador ficou furioso com ele e disse que se o mesmo não se comportasse esse ano, ele estaria fora do time. Termino meu café ao mesmo tempo que meu pai.

– Tchau, mãe. – despeço-me dando um beijo em sua bochecha da qual ela faz questão de retribuir.

– Tchau, filha. E boa aula.

– Obrigada. Tchau, patinha. – digo, beijando o topo da cabeça de minha irmãzinha e recebo um belo sorriso banguela. Prim tem 5 aninhos e é a cara da minha mãe, olhos azuis e cabelos loiros, já eu puxei ao meu pai, cabelos escuros e olhos cinzas.

Entramos no carro e meu pai logo dá partida rumo à escola, e então passamos a curta viagem cantando as músicas que saiam na radio. Sempre amei andar com meu pai, porque é diversão na certa, apesar de ser um homem ocupado por ser empresário de vários artistas, ele nunca deixou a família de lado, sempre nos colocou em primeiro lugar. Meus pais se conheceram ainda na adolescência, minha mãe cantava em bares a noite para ganhar uma renda extra e foi em uma dessas noites que eles se conheceram. Meu pai disse que em primeiro momento só ouviu a voz de minha mãe, porque o bar estava meio escuro e ele não conseguia ver o rosto dela, mas só de ouvir sua voz ele ficou completamente hipnotizado, e quando finalmente conseguiu ver seu rosto, foi amor à primeira vista. Minha mãe disse que no começo ela não deu muita bola para o meu pai, mas com o passar dos meses ele foi a conquistando e em uma noite e chuvosa de inverno, eles se beijaram pela primeira vez, e estão juntos até hoje. Minha mãe, graças à ajuda do meu pai, assinou contrato com uma gravadora renomada e gravou seu primeiro disco, que fez bastante sucesso na época. Ela virou uma cantora bastante famosa, reconhecida por seu trabalho em todas as partes do mundo, mas depois do nascimento de Prim ela resolveu aposentar a carreira musical e se dedicar somente a família. Hoje minha mãe tem uma gravadora, da qual meu pai é o sócio e empresário, o que facilita a nossa vida, porque os dois trabalham juntos. Nunca me canso de ouvir essa história. A bela história de como se conheceram.