Capítulo 11 - Canun & Rosea II

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A aventura nos caminhos obscuros continuava, sem um único momento de descanso. Caminhavam pelas matas silenciosas enquanto demonstravam o medo do desconhecido em seus olhos. Rosea cantarolava uma melodia calma para quebrar o clima tenso enquanto Damian liderava a expedição, cortando com um facão improvisado os caminhos gramíneos que rodeavam os rapazes. Estavam, até então, em perfeita harmonia.

O passo acelerado os guiava para uma área mais afastada das águas, com árvores altas e barulhentas, fazendo com que a luz solar mal penetrasse sobre seus galhos finos e enfraquecidos. Mantinham-se em uma trilha construída por Damian, mais segura que a que estavam anteriormente. Tratava-se de um largo caminho de gramas altas, rodeado por árvores. No fim do caminho, uma estrutura construída por humanos surgia. Era uma cabana.

Damian sorria, cravando a arma no chão. Encarava a estrutura e, com determinação, indagava sobre o que poderia encontrar. Sua voz soava um tanto mais sombria e focada, sem o tom entusiasmado que antes demonstrava.

— O que você acha que tem lá? — Perguntava.

— Eu espero que nosso dinheiro. — Rosea sorria, espreguiçando-se. — No mínimo vamos ter papéis velhos.

— Vale dar uma olhada. — Disse Damian.

Determinado, Damian sacava seu facão, entrando no local cuidadosamente. Fitava todos os cantos do ambiente, certificando-se que nada imprevisto surgiria. Enfim se acomodava, encostando-se em uma parede e analisando com melhores olhos o local.

Era uma cabana pequena. Poucos móveis, contando apenas com uma mesa metálica corroída pelo passar dos anos com pilhas de papéis jogados para todos os cantos e um gerador tão empoeirado quanto os papéis. Em meio aos montes, um papel se destacava. Encontrava-se atirado próximo à mesa, sujo com sangue seco.

Rosea retirava sua máscara, jogando-a sobre uma mesa. A coruja de purpurina brilhava em meio ao pó acomulado, encarando a face confusa do rapaz ao analisar alguns dos papéis.

— Tralhas, não? — Perguntava Damian.

— Não exatamente... Este papel é um bilhete. Está assinado na grafia de William Woodcliff, um dos comandantes da guerra. Diz que a evacuação foi necessária e que pedia desculpas por não ter conseguido queimar o mapa. Havia sido golpeado antes. — Rosea suspirava. — Isso explica o motivo do corpo do comandante não ter sido encontrado. Ele também era parte da missão, mas não conseguira sobreviver. Isso é tão deprimente... E pensar que por anos todos acreditaram que William havia sido o traidor a entregar a localização do...

— Entendi, Rosea. Entendi. — Damian interrompia, resmungando. — Isso é só tralha. Não vai nos ajudar a achar o dinheiro.

— Você ouviu, Damian. Há um mapa! — Comemorou Rosea.

— Havia um mapa, Rosea. Você mesmo disse que William foi atacado. Se havia algum dinheiro, os invasores levaram. E, mesmo que não tenham levado, devem ter encontrado o tal mapa. Esqueça a cabana.

Rosea ouvia as palavras de Damian, analisando-as. Acabava por concordar com o rapaz, pegando a máscara e colocando-a em sua face. Direcionava-se à porta, saindo da localização. Damian também saía de sua posição, rumando ao lado externo da abandonada cabana. Acabaram, então, voltando ao ponto inicial.

— Já andamos muito. Estivemos pela praia, subimos para dentro da floresta... Vamos acabar nos perdendo.

— Estamos numa ilha. Independente para onde formos, vamos acabar encontrando o mar. — Damian reclamava, olhando ao seu redor. — Mas você tem razão... É melhor voltarmos.

The Last Trip - A Última Viagem #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora