Capítulo 12 - Chuva Forte

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Silêncio. Ninguém sabia o que falar. Encaravam-se e trocavam olhares com uma mistura de feições de confusão e tristeza, que alimentavam a cabeça dolorida de Drake com mais sofrimento. O rapaz sentava-se em um dos sofás, passando as mãos sobre sua face inúmeras vezes, limpando o suor que de seu rosto escorria.

— A verdade é que Damian e eu nunca conseguimos o dinheiro. Depois que Canun morreu, tentamos encontrar a caverna, mas Damian não achou o caminho. Enterramos Canun em uma espécie de pico, descarregamos o barco e deixamos todos os papéis e coisas deles na cabana do gerador.

Todos mantinham-se calados. Ninguém sabia o que falar.

— Quando sugerimos vir para a ilha, não queríamos ficar longe do mundo, só queríamos vir para cá em função do dinheiro... Damian nunca descansou, sempre quis o tesouro. — Drake notou que Sarah o encarava com uma feição de desconfiança, que o fez ceder. — Não estou dizendo que eu também não queria o dinheiro, mas tudo que eu mais queria era apenas esquecer isso. Damian nunca deixou eu contar a verdade e sempre me atormentou em função disto.

— Eu só queria entender o porquê de você estar nos contando isso, Drake. — Praguejou Katherine. — Se eles estão mortos, não há mais o que fazer. Você não precisava contar isso para nós.

— O que eu quero dizer é que... Esses bilhetes de "Nunca Serão", a morte do Will, o desaparecimento do barco... Isso não é coincidência. Não pode ser. — A voz de Drake soava desesperadora, assim como seu olhar.

— Bilhetes? Há mais de um? — Perguntou Stevie.

Samuel, Kyle e Dwin trocavam olhares e simultaneamente realizavam um movimento afirmativo com a cabeça.

— Vocês se lembram o dia em que fui procurar o furão da Carol? — Perguntou Samuel.— Bem, eu fui até o cais. Foi quando eu descobri que o barco havia sumido.

— E então? — Perguntou Sarah, com um tom rude.

— Havia uma caixa de sapatos lá. Tim estava dentro, mutilado. Havia esse bilhete, "Nunca Serão". Eu já havia comentado para alguns desde o que aconteceu com o Will, mas eu não quis alarmar mais as coisas. Todos já estavam muito nervosos... Além do mais, a Carol ficaria arrasada...

— Quando saí, fui desenterrar Canun. Eu o enterrei com alguns itens que ele carregava. Sua máscara de Halloween, seu rádio de comunicação. Achei que poderíamos usá-lo, mas o corpo dele não estava lá. Só havia mais um bilhete. — Levou as mãos ao bolso traseiro, apanhando-o e mostrando ao grupo. — Nunca Serão. O maldito anagrama de Canun e Rosea que apenas eu e Damian sabíamos sobre.

Todos começavam a trocar olhares. Cochichos surgiam e olhares assustados mostravam que todos estavam, definitivamente, preocupados. Drake suspirava, pondo-se em pé e olhando para todos de uma só vez.

— Há alguém nos matando e espalhando estes bilhetes e, seja lá quem for, tem relação com Canun e Rosea e eu peço desculpas a todos por isso... Eu nunca quis colocar ninguém em perigo, eu juro.

— Você errou feio, mas não temos como mudar o que aconteceu, Drake. — Stevie dizia. — Acho que isso não vai mudar o fato que estamos um pouco decepcionados, assustados, enfim. Mas passou.

— Fale por você, garota. — Sarah praguejava. — Drake, você matou um cara por ganância. Você e o Damian são as piores pessoas que eu já vi em toda minha vida. Quando darmos o fora daqui, eu não quero mais olhar na sua cara.

The Last Trip - A Última Viagem #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora