Capítulo cinco.

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Tyler

Precisava espairecer, então cá estou eu, Salinópolis, na verdade, minha palidez nunca me deixou desfrutar de praias, mas depois dessa semana, só a água do mar. Passo as mãos no cabelo, fechando os olhos e quando os abro percebo intensos olhos azuis me fitando.

Ele insistiu em adotá-la e eu não concordei, não fazia parte dos meus planos, e me atrapalharia demais, mas como sempre, cabeça dura que é disse que não se importava e demonstrou isso quando na semana seguinte apareceu com aquele pacotinho rosa de sorrisos e cheirinho bom, Trice estendeu os bracinhos gordinhos para mim, foi a minha rendição, minha sentença estava assinada, porém não podia de jeito algum me entregar a tal sentimento.

Dias depois...

São cinco da manhã, o sol ainda mostra seus primeiros raios quando estou saindo de casa, termino de arrumar minhas malas e sigo para o aeroporto, a moça que faz o Chek in me encara como se não houvesse amanhã, eu a encaro de volta e pisco e me divirto com o sorriso idiota que a mulher esboça.

Entro no avião e começo a arrepender-me de ter escolhido a classe econômica quando uma mulher de meia idade cheirando muito mal senta-se ao meu lado e sorri para mim, não consigo disfarçar a irritação, coloco os fones de ouvido em volume máximo, ouvindo the black, Asking Alexandria mas ainda assim é audível quando a mulher que cheira a queijo me cutuca e diz: —Meu filho, você vai ficar surdo. —Olho para ela. —Estou ciente. —viro e tento, de todas as formas, dormir, sem sucesso.

Depois de 7 exaustivas horas de viajem com escala em Curitiba e mais duas cidades, o piloto anuncia através dos alto-falantes: —Senhoras e senhores, preparem-se para o pouso no aeroporto internacional de Florianópolis, tenham um bom dia. —Dou um longo suspiro e penso alto. —Finalmente.

Fito o piloto, os olhos, azuis e intensos me parecem familiar, o cabelo é negro e desgrenhado, a barba dá um toque ainda mais másculo, propositalmente esbarra em mim, e então posso ver em seu crachá, Guilherme Evaristo, congelo na mesma hora, enquanto estou tirando do compartimento bagageiro minha mochila, ele some.

Empurro a porta do apartamento e incrivelmente não me impressiono com o que vejo, todo o apart-hotel parece reluzir em preto, na sala, um piano vermelho com teclas de marfim chama total atenção, tiro o paletó e penduro no cabide atrás da porta, desabotoo a camisa de linho que visto e sirvo-me de uma dose de blue label no pequeno bar embutido na parede mais iluminada da sala, ativo então a música ambiente e sento-me no sofá de couro.

Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora