"O Que Realmente Somos"
As pessoas ao nosso redor aparentavam-se perplexos com a minha tamanha coragem de encara-la, sem me esconder ou tentar fugir voando. Um lado que herdei da minha mãe, onde jamais temerei algo ou alguém. Sempre estarei disposta a reconhecer os meus atos falhos, aprendendo a não cometer o mesmo erro... e, todas as vezes que falhei, foi tentando acertar dando o melhor de mim, que nem sempre será o suficiente.
A rainha Titânia era conhecida como Mãe-Terra. A sua esbelta beleza paralisava os olhos de toda e qualquer criatura viva. Ela possuía um rosto angelical perfeitamente simétrico, sua luz interna brilhava externamente, e os seus olhos eram tão verdes que me lembravam a cor vibrante da natureza. Além de habitar uma voz doce e serena, ela também parecia ser de uma excelente índole e gentileza. Eu era capaz de sentir as vibrações e boas energias vindo dela.
A soberana entrou em minha mente dizendo em meus pensamentos:"Embora venhamos de lugares diferentes e falemos línguas diferentes, nossos corações batem como um só."
Imediatamente, me encurvei para a graciosa rainha de Alqualondë. O controle do meu corpo era completamente involuntário, como se as alucinações tivessem tomado conta do meu corpo e me fizessem respeitá-la com toda a minha alma. Nos meus incertos pensamentos, brotou a linda imagem da minha mãe com toda a sua luz e leveza. Eu sentia um radiante encontro de almas se conectando dentro de mim.
— A amada Diana sempre se encurvava quando vinha me visitar... mas, devo confessar que não gostava, já que éramos amigas! – Titânia revela com um sorriso sútil nos lábios.
— Eu não entendo o que está acontecendo comigo!
— A sua mãe está dentro de ti, Alicia... As suas energias não negam a forte presença dela, exatamente a mesma que eu sentia quando ela ainda estava viva.
— Queira aceitar o meu pedido de desculpas na invasão do seu reino, senhora Titânia! – Peço encarecidamente.
— Não se preocupe, pequena garota! Me acompanhe para uma refrescante volta pela floresta e uma boa e sábia conversa.
— Será uma honra!! – Digo.
— Davina e Aine permaneçam aqui esperando a princesa da School of Mutants, Alicia Guettmann. Voltaremos em breve! – Ordenou.
Era estranhamente confuso o fato da bela rainha das bruxas me nomear de princesa da School of Mutants, mas não indagarei e muito menos discutirei com a Mãe-Terra. Que, gentilmente, me levou para dar uma volta na floresta gélida e sombria, que não era tão sombria assim quando recebia a ilustre e divina presença dela. O seu reino é impecável e curioso, acabou me encantando pelo lugar onde eu só havia conhecido o lado obscuro do reino das bruxas. Isso é só uma das provas de que, todo lado ruim, tem o seu lado bom.
É de uma profunda tristeza e insatisfação que a Aine precisou abandonar o seu precioso reino para trabalhar como enfermeira na School of Mutants, pois a mesma não teve escolhas.— Alicia, você viveu como uma humana durante 18 anos. Ainda não é responsável o suficiente para carregar todo esse poder, um dos mais indestrutíveis que existiu em toda história da existência.
— Mas, senhora, eu sou responsável... talvez, só um pouco desastrada em minhas atitudes impulsivas e falhas.
— Por mais rivais que sejam as bruxas e os mutantes, nós não somos e jamais seremos pertencentes do mal.
— E por que os mutantes não se juntam com os bruxos? Pois, juntos seremos mais fortes!
— Porque cada um vive em seu reino e resoluta seus devidos problemas. Mutantes, bruxas e humanos, não se misturam! Já ouviu falar que é com grandes poderes que surgem grandes responsabilidades?
— Sim, no dia em que eu quase matei uma aluna e, no dia seguinte, descobri que éramos irmãs...
— Tome um minucioso cuidado com as suas ações, Alicia, pois os resultados podem não ser favoráveis. Agir sem pensar, pode se constituir na maior tolice de uma pessoa. Independente de você ser dona de si própria após as perdas conseguintes de seus pais, sempre deverá respeitar os mais sábios!
— São diversas situações inusitadas acontecendo de uma hora para outra. Então, não está sendo uma tarefa fácil acostumar com essa vida completamente diferente da outra que era tão simples e normal.
— E por que está em Alqualondë? – Indagou enquanto caminhávamos da forma mais vagarosa para melhor apreciar o lugar.
— Bom, eu vim sem a Aine saber... – Me demonstro cabisbaixa com mais uma situação falha. — Eu apenas não queria deixar ela aqui fora sozinha.
— A Aine está mais segura do que você que não tem nenhuma proteção fora da escola. A qualquer instante, você corre grande risco do inimigo te atacar e, nós bruxas, não podemos fazer nada para te proteger, pois não somos fortes o suficiente para iniciar uma guerra.
— Então, devo ir embora? – Pergunto.
— Sem mais delonga, convocarei os guardiões para levá-la de volta sã e salva ao seu abrigo!
— E quanto a Aine? Eu preciso protegê-la!
— Ela precisará resolver a vida dela aqui em Alqualondë.
— Mas, o que aconteceu com a Aine, majestade? – Indago com um certo ressentimento.
— São problemas pessoais dela, assim como todos tem os seus!
— Me promete que não deixará nada acontecer com ela? Sendo assim, voltarei em paz e sem preocupações em mente.
— Eu prometo. – Sorriu favoravelmente.
— O senhor Hammer me fará de isca para os inimigos quando eu chegar, não consigo distinguir o quão furioso o mesmo deve estar comigo... e o professor Steve irá a loucura quando descobrir que estive aqui.
— Devo concordar! Não deverás mentir e esconder nada dos seus mestres e veteranos, Alicia. Eles são os seus anjos protetores, capazes de colocarem a própria vida em risco para salvar a sua pelo bem de todos.
— Senhora Titânia, foi de uma excelência honra e experiência conversar com a senhora. Obrigada pelos sábios conselhos que expandiram cada vez mais os meus pensamentos! – Me encurvei novamente à soberana, assim que nos despedimos.
"Novatos precisam de concelhos, mas cabe a cada um fazer as suas próprias escolhas." – Suas palavras novamente invadiram a minha mente, e eu assenti com o seu recado.
Talvez, se todos os mutantes daquela escola descobrissem o valioso lado positivo das bruxas, eles mudariam suas ideias errôneas sobre elas e repensariam todo o tempo gasto com tolices. Por um momento, quase me deixei ser levada por influências que afirmavam que bruxas são más, inconfiáveis, traiçoeiras e são antigas inimigas. Tudo bem que nem todas possui um coração bom, mas assim como os mutantes e os seres humanos também. É triste saber que a minha própria irmã as odeia sem fundamentos, só pela rivalidade. Quero muito poder provar o contrário, pois os nossos inimigos são apenas aqueles que nos ameaça.
Por todos esses dias longe da minha casa, do meu trabalho, dos meus amigos e da minha vida fora dessa realidade, eu aprendi muitas coisas neste submundo e com o senhor Hammer que, com certeza, tornou-se o meu maior ídolo, aquele que eu respeito e defendo com unhas e garras. A rainha Titânia foi fundamental e responsável por ter expandido a minha visão para isso, comprovando o que eu já sentia.
Uma vez, o senhor Hammer me disse que são as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades.
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Mutantes
Viễn tưởngEm um mundo entre mutantes, bruxas e humanos, divido entre reinos distantes. Existia um híbrido imortal, clamando por guerra e morte. Alicia Guettmann levava uma vida normal, apesar de alucinações e mensagens subliminares que recebia. Ela será levad...