Capítulo Dez

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Paixão Platônica

     No decorrer da noite, a tristeza veio à tona invadindo o meu peito e adentrando a alma. Me ocasionando desmotivação e reduzindo a vontade de viver neste lugar. Era desagradável coexistir com olhares de julgamentos a cada passo dado e cochichos pelos cantos, que me causavam um certo desconforto e não me deixavam à vontade. O sentimento de culpa e arrependimento me preenchia, pois ser excluída em um ambiente que deveria ser receptivo à chegada de mais aliados para a evolução da escola, estava sendo ao contrário. A angústia me tomava, eu sabia que a minha presença incomodava os alunos que não acreditavam que eu poderia ajudá-los.
Me encontrei correndo pelos corredores da enfermaria em busca da Aine, pois carecia de um abraço leal e conselhos que só ela dominava. Tenho me surpreendido positivamente com a nossa amizade. A Aine é a bruxa mais simpática que já conheci, compreende os problemas sem julga-los e o seu colo é tão acolhedor como um colo de mãe. Em tão pouco tempo que a conheço, me vejo nela e entendo os seus traumas. Imagino o quanto passou de humilhações e rebaixamentos nessa escola, sendo odiada gratuitamente por todos os mutantes apenas por ser uma bruxa.

— Aine... – Minha voz embarga e quase não sai quando encontro-a em sua sala.

— Não fique assim, docinho. Sou sentimental e acabo chorando também. – Me envolveu num abraço apertado e confortável. — Conte-me o que aconteceu! – Indagou.

— O Jimmy é uma das pessoas que teve o maior contato com a minha mãe, sendo uma das únicas pessoas em que devo confiar para o resto da minha vida, mas... ele está abalado comigo, deve achar que sou incapaz e não quer mais a minha amizade. – As lágrimas escorrem vagarosamente pelo meu rosto, e a mesma limpou em seguida com seus dedos delicados.

— Você não tem culpa, meu anjo. O Jimmy é maduro o suficiente para entender o processo de uma novata. Ele só precisa de um tempo para esfriar a mente e esclarecer algumas coisas. Mas, tenho certeza que ele tem um carinho especial por você... Agora, venha comigo! Você irá me ajudar na cozinha! – Sugeriu.

— Tem certeza? Porque eu sou um desastre. – Digo.

— Bom, então vamos ser um desastre juntas! – Disse e gargalhamos.

     A Aine é mesmo maluquinha e às vezes tão ingênua, mas, a sua gentileza prevalece. Um belo dia, a Lisa havia me contado que esse jeito da Aine são efeitos das poções, como se fosse substâncias viciantes nas quais instigam ela a querer fazer cada vez mais experimentos. Os feitiços dela são bloqueados quando está aqui dentro da School of Mutants, e o que restou foram as suas poções. Há uma teoria de que não foi a magia e, sim, a ciência que criou o surgimento dos inumanos, há muitos séculos atrás. Algum cientista maluco é o responsável da nossa existência, causando o perigo eminente para os seres humanos.

(...)

     Logo após um banho longo e relaxante para o corpo e mente, me joguei na cama. Estava exausta. A Aine havia me emprestado roupas quentinhas e confortáveis para esta noite. Os bolinhos e chás que havíamos preparado para lancharmos, estavam uma delícia. Por mais desastrada que somos, Aine sabia cozinhar e muito bem. Tirando a parte que havia farinha de trigo espalhada por toda a cozinha, inclusive no teto. Mas, deu tudo certo no final.

— Aine, acha que a Lisa e o Logan ficaram decepcionados comigo por eu ter quase matado a amiga deles? – O questionamento surge no momento em que tentávamos dormir.

— Acredito que não! Se são mesmo inteligentes, sabem que é normal o seu descontrole pois você está no início de tudo, como um bebê. – Sua voz de sono era fofa e me acalmava.

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