C A P Í T U L O 3

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Acordei oito horas mais tarde, cansada e com enxaqueca. Pretendia ligar para Anna, mas em vez disso eu caíra na cama e meu corpo desligara meu cérebro pelo resto da noite.

O telefone já não funcionava mais. Sentei-me na cama e olhei para ele. Até agora, eu conseguira algumas informações sobre um pelo, mas não a espécie verdadeira; algumas linhas que poderiam ou não ser resultado de um defeito no leitor-m; e o nome de um personagem noturno dado sob pressão por um oficial da Nação que faria qualquer coisa para se livrar de mim . Além disso, havia um provável pelo felino num vampiro morto, o que colocava a Matilha e a Nação em rota de colisão. Imaginei dois colossos se digladiando por toda a cidade, como monstros num filme de terror antigo, e eu como um mosquito no meio deles.

Seria um banho de sangue ao qual a maior parte da cidade não sobreviveria.

Logo, o truque não era sobreviver, mas impedir que aquilo acontecesse.

No meu devaneio, o mosquito chutava um colosso no saco e acertava o outro com um soco no queixo.

Tentei o telefone novamente. Ainda não funcionava. Eu o xinguei e fui me vestir.

Uma hora depois entrei no escritório de Greg. Ninguém me desafiou. Ninguém olhou e me perguntou por que cargas d'água o caso ainda não fora resolvido, ou por que cheguei tão tarde. A falta de drama foi muito decepcionante.

Consultei o banco de dados de Greg. Os arquivos não continham nenhuma pasta com o nome de "Corwin", mas no último encontrei uma pilha de pastas marcadas com um ponto de interrogação, então as examinei na tênue esperança de encontrar algo. Qualquer coisa. Caso contrário, teria que agarrar as pessoas na rua e gritar: "Você conhece Corwin? Onde ele está?"

As pastas protegiam as observações de Greg, escritas em seu código particular. Franzi a testa enquanto estudava uma nota indecifrável atrás da outra. "Glop. Ag. Bl.-7". "Bl" só poderiam ser balas. "Ag" poderia ser argentium, prata. O que raios significava "Glop"?

Minhas esperanças diminuíram enquanto folheava página após página, e, quando me deparei com aquilo, meu cérebro quase não o registrou. Em uma única página, estava rabiscado "Corwin" e ao lado do nome havia dois desenhos. Um deles era uma execução muito desajeitada de uma luva com lâminas afiadas saindo dos dedos. O outro era um rabisco bizarro contra um semicírculo escuro. Olhei para o rabisco. Não significava nada para mim .

O telefone tocou.

Olhei para ele. Tocou novamente. Eu me perguntei se deveria atender.

O interfone ligou e a voz de Maxine disse:

— Você deveria, querida. É para você. Como ela sabia? Eu atendi.

— Alô?

— Olá, raio de sol — disse a voz de Jim .

— Estou meio ocupada.

— Não me diga — disse ele.

— Sim . Nada de trabalho para mim .

— Não foi por isso que liguei.

— Sou toda ouvidos.

— Alguém quer conhecer você — disse ele.

— Diga para entrar na fila — resmunguei. O rabisco quase se parecia com alguma coisa.

— Não estou brincando.

— Você nunca brinca porque está sempre muito ocupado provando que é durão. Fala sério, capa de couro preto. No meio da primavera em Atlanta? Além do mais, não tenho tempo para conhecer ninguém .

Sangue Mágico - Kate Daniels Vol 01.Onde histórias criam vida. Descubra agora