C A P Í T U L O 5

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Betsi não pegava. Um mecânico rato-homem deu uma olhada sob o capô, murmurou alguma coisa sobre o alternador e me indicou os estábulos.

Antes de sairmos, abri a mala da Betsi, desamarrei as cordas que seguravam o longo rolo de couro lubrificado e o abri, exibindo espadas e adagas protegidas por fivelas de couro. O luar prateou as lâminas.

— Uau — disse Derek.

Homens e espadas. Meu pai dizia que se você colocar qualquer homem capaz, não importa o quanto seja pacífico, sozinho em um quarto com uma espada e um boneco de treino, por fim o homem pegaria a espada e tentaria esfaquear o boneco. É a natureza humana. Este jovem lobo não era diferente.

— Escolha uma arma.

— A que eu quiser?

— A que você quiser.

Ele examinou a fileira de cutelaria com o rosto pensativo. Achei que ele escolheria uma lâmina em forma de folha, mas ele a ignorou e seus dedos se desviaram na direção da Bor. Era uma boa espada, especialmente para um iniciante, com lâmina de oitenta centímetros e cabo cinza com pouco menos de vinte centímetros de comprimento. Tinha a guarda reta de aço com pontas afiadas voltadas para baixo e o pomo de aço sem firulas. Como todas as armas que eu possuía, tinha um equilíbrio perfeito.

Derek a segurou na posição vertical.

— É leve! — ele disse. — Uma vez fui a uma feira de espadas, e as espadas lá eram muito mais pesadas.

— Há uma diferença entre uma espada e um objeto com aparência de espada — disse eu. — O que você viu na feira eram principalmente imitações razoáveis. Elas são bonitas e pesadas e o deixam mais lento que uma lesma de férias. Esta só pesa um quilo.

Derek brandiu a espada com um giro treinado.

— É uma espada de trabalho — eu disse. — Não quebra e não transmite muita vibração de volta para sua mão quando você atinge um alvo.

— Gostei dela — disse ele.

— É sua.

— Obrigado.

Peguei minha mochila e estávamos prontos para ir. Derek cheirou a mochila.

— Tem cheiro de gasolina.

— Você tem bom faro — disse para ele e deixei nisso. Explicar que eu carregava um cantil grande cheio de gasolina na minha mochila para o caso de

derramar um pouco do meu sangue e ter que limpá-lo com pressa seria muito complicado.

A Matilha me emprestou uma égua. Seu nome era Frau. O mestre dos estábulos me jurou que, apesar de ela não ser o animal mais veloz dali, era obediente, forte e firme como o rochedo de Gibraltar. Até o momento, eu não tinha razão para duvidar dele.

O cavalo castrado de Derek ficou satisfeito em deixar Frau assumir a liderança. O garoto andava com a rigidez de um cavaleiro moderadamente treinado que nunca ficou muito à vontade ao redor de cavalos. Alguns metamorfos cavalgavam como se fossem centauros. Derek não era um deles.

Nenhum de nós falara desde que deixamos o forte dos metamorfos há cinquenta minutos.

Se eu fosse trabalhar com ele, teríamos que pelo menos ser capazes de conversar. Desacelerei, cavalgando ao seu lado. Os sons do tropel ecoavam na rua deserta.

— Por que o braço? — perguntou Derek.

Ele estava olhando para minha queimadura. O costume requeria que uma mão fosse colocada nas chamas.

Sangue Mágico - Kate Daniels Vol 01.Onde histórias criam vida. Descubra agora