C A P Í T U L O 6

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Acordei porque senti alguém me observando.

— Não sabe que não é educado ficar encarando os outros, garoto prodígio? Derek deu um olhar desdenhoso em direção a Crest. O garoto prodígio vestia

um moletom que não reconheci. Não pertencia ao guarda-roupa de Greg. Ele deve ter saído. Para onde ele foi exatamente?

Durante a noite, nós nos movemos para uma posição um pouco reclinada, e eu estava com a cabeça repousada no peito de Crest. Endireitei-me.

— Você desaprova? Ele balançou a cabeça.

— Não é da minha conta.

— Mas você não gosta dele mesmo assim .

— Ele e você... — Ele fez um movimento de aproximação com as mãos, com os dedos se esticando, mas sem se tocar. — Vocês não ficam bem juntos.

— Por que não?

— Você é mais forte que ele.

— O que há de errado nisso?

— O homem deve ser o mais forte. Para poder proteger.

— Você acha que eu preciso de proteção? — O tom ameaçador penetrou na minha voz sem intenção.

— Ele nunca dirá não para você — disse Derek.

— Poucas pessoas dizem não para mim — disse.

— Certo.

— Como está sua perna?

— Bem .

— Você saiu enquanto eu dormia?

— Sim . Só uma corrida rápida.

— Talvez você devesse sair para mais uma.

Ele saiu sem dizer nada. Acordei Crest.

— Hora de ir.

Ele esfregou o rosto com as palmas das mãos.

— Dormi demais?

— São seis e meia.

— Tempo suficiente para chegar em casa e trocar de roupa. Quando vejo você outra vez?

Pensei no logotipo da Coca-Cola semienterrado nos escombros e no vampiro de duzentos anos. Talvez nunca.

— Que tal na sexta? Assim temos dois dias para esfriar a cabeça.

— Sexta-feira então.

Ele foi embora. Não me beijou de novo.

Abri a caixinha de papelão de frango do General Tso e toquei um pedaço com o dedo. Estava na temperatura ambiente. A ideia de despejar tudo numa panela e aquecer para uma temperatura mais comestível me passou pela cabeça, mas aquecer no fogão deixaria os legumes melados e eu odiava vegetais cozidos demais. Meu pai, um grande crente nas propriedades nutricionais do caldo de carne e dos legumes cozidos, cozinhava sopas substanciosas e quentes. A lembrança dele me olhando angustiado enquanto me engasgava com repolho mole e cebola dissolvida passou diante dos meus olhos. Sorri para a caixa e tirei um garfo da gaveta da cozinha. Comida quente era superestimada.

Espetei um pedaço de frango com o garfo, evitando cuidadosamente o torrão de pimenta verde. De repente, fiquei faminta.

Alguém bateu na porta.

Parei, com o frango no meio do caminho para minha boca, e olhei para a porta. A batida continuou. Não era Derek. Sua batida seria cuidadosa, quase envergonhada. Esse desgraçado batia na porta como se estivesse me fazendo um favor.

Sangue Mágico - Kate Daniels Vol 01.Onde histórias criam vida. Descubra agora