Acordei porque senti alguém me observando.
— Não sabe que não é educado ficar encarando os outros, garoto prodígio? Derek deu um olhar desdenhoso em direção a Crest. O garoto prodígio vestia
um moletom que não reconheci. Não pertencia ao guarda-roupa de Greg. Ele deve ter saído. Para onde ele foi exatamente?
Durante a noite, nós nos movemos para uma posição um pouco reclinada, e eu estava com a cabeça repousada no peito de Crest. Endireitei-me.
— Você desaprova? Ele balançou a cabeça.
— Não é da minha conta.
— Mas você não gosta dele mesmo assim .
— Ele e você... — Ele fez um movimento de aproximação com as mãos, com os dedos se esticando, mas sem se tocar. — Vocês não ficam bem juntos.
— Por que não?
— Você é mais forte que ele.
— O que há de errado nisso?
— O homem deve ser o mais forte. Para poder proteger.
— Você acha que eu preciso de proteção? — O tom ameaçador penetrou na minha voz sem intenção.
— Ele nunca dirá não para você — disse Derek.
— Poucas pessoas dizem não para mim — disse.
— Certo.
— Como está sua perna?
— Bem .
— Você saiu enquanto eu dormia?
— Sim . Só uma corrida rápida.
— Talvez você devesse sair para mais uma.
Ele saiu sem dizer nada. Acordei Crest.
— Hora de ir.
Ele esfregou o rosto com as palmas das mãos.
— Dormi demais?
— São seis e meia.
— Tempo suficiente para chegar em casa e trocar de roupa. Quando vejo você outra vez?
Pensei no logotipo da Coca-Cola semienterrado nos escombros e no vampiro de duzentos anos. Talvez nunca.
— Que tal na sexta? Assim temos dois dias para esfriar a cabeça.
— Sexta-feira então.
Ele foi embora. Não me beijou de novo.
Abri a caixinha de papelão de frango do General Tso e toquei um pedaço com o dedo. Estava na temperatura ambiente. A ideia de despejar tudo numa panela e aquecer para uma temperatura mais comestível me passou pela cabeça, mas aquecer no fogão deixaria os legumes melados e eu odiava vegetais cozidos demais. Meu pai, um grande crente nas propriedades nutricionais do caldo de carne e dos legumes cozidos, cozinhava sopas substanciosas e quentes. A lembrança dele me olhando angustiado enquanto me engasgava com repolho mole e cebola dissolvida passou diante dos meus olhos. Sorri para a caixa e tirei um garfo da gaveta da cozinha. Comida quente era superestimada.
Espetei um pedaço de frango com o garfo, evitando cuidadosamente o torrão de pimenta verde. De repente, fiquei faminta.
Alguém bateu na porta.
Parei, com o frango no meio do caminho para minha boca, e olhei para a porta. A batida continuou. Não era Derek. Sua batida seria cuidadosa, quase envergonhada. Esse desgraçado batia na porta como se estivesse me fazendo um favor.
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Sangue Mágico - Kate Daniels Vol 01.
FantasySe não fosse pela magia, Atlanta seria uma boa cidade para viver. No momento em que a magia domina, os carros param e as armas falham. Quando a tecnologia assume, os feitiços de proteção já não protegem sua casa dos monstros. Aqui, os arranha-céus s...