Era um dia bem frio, se sentia deprimida, a conversa com Ruth ainda reverberava em sua mente, quando o celular começa a tocar. Pensou em não atender, mas a curiosidade sempre fora seu fraco.
Viu no visor que era uma ligação de Fabio, o outro fotografo sócio do estúdio.
___Fala ai, Perdido.
___Oi Vi, esta muito ocupada hoje?
___ Não, o dia foi vazio pra mim.
___Poxa, pode me quebrar um galho?
___O que tá pegando?
___Tenho fotos de aniversário para fazer agora a noite, mas surgiu um imprevisto de família. Pode ir no meu lugar? Quebra esse pra mim?
Ela não tinha nada para fazer e ficar em casa pensando na mancada que dera com Ruth só piorava seu estado de espírito, seria até bom sair e espairecer.
___Tá beleza, Perdido, me manda o endereço certinho lá no Whats.
___Falou, fico te devendo essa, Vi.
Alguns segundos depois a mensagem com o endereço chegou, conhecia o bairro, não era longe. Preparou o material que ia usar e vestiu um casaco grosso, ir de moto nesse frio era a pior parte.
Chegou lá e ainda não tinha muitos convidados, começou a bater fotos da decoração, era um aniversário de criança, adorava trabalha em festas assim, além ser animado com aquele monte de crianças correndo, ainda aproveitava para comer uns docinhos.
Tirou um monte de fotos do aniversariante com a família, com amiguinhos, com enfeites, e ficou torcendo para que escolhessem muitas, quanto mais melhor, agora era só esperar para tirar as fotos da hora do parabéns.
Andou um pouco pelo salão, e depois saiu para tomar um ar, ali fora tinha algumas crianças brincando num escorregador daqueles infláveis e numa cama elástica.
Enquanto observava as crianças, não conseguia deixar os pensamentos longe de Ruth, por uns instantes até havia se distraído um pouco, mas a dor voltou e seus olhos começaram a ficar marejados.
Sentiu alguém puxando seu casaco e deu de cara com um menino de uns 4 anos mais ou menos, se abaixou para falar com ele.
___Olá, qual é o seu nome?
___Enzo.
___Eu sou a Vivian, prazer em te conhecer Enzo.
___Vim trazer um docinho por que você esta triste.
Criança parece ter esse incrível dom de poder de muitas vezes notar o que os adultos não percebem, adorava a inocência delas, quando cresciam acabam ficando igual todo mundo porque a vida exige isso, um dia ela também havia sido inocente assim. Sentiu se tocada com o gesto do menininho.
___Obrigada, eu estou triste porque sou grande demais para ir no escorregador.
___Não fica triste tia. Você tem uma maquina de bater foto, isso é mais legal que o escorrega.
___Esta certo. Você é um menino muito fofo. Obrigada.
Deu um abraço nele, que logo saiu correndo para brincar com os coleguinhas.
Por fim chegou a hora de cantar parabéns. Mais algumas fotos e havia terminado. Aproveitou para comer mais alguns docinhos e bolo, pegou suas coisas e foi embora.
Estava quase chegando em casa, passando em frente uma praça do bairro, quando achou que seus olhos estavam lhe pregando uma peça.
Parou a moto e deixou o farol ligado para iluminar melhor.
Não era uma ilusão de ótica ou alucinação, ali sentanda num banco, sem uma roupa de frio e toda encolhida estava Ruth.

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A Mulher do Pastor
RomanceRuth Viana casou se muito nova e vivia uma vida infeliz, com um marido dominador e fanático. Mas tudo começa mudar com a chegada da nova vizinha, Vivian Kampman. Duas pessoas tão diferentes que se aproximam e se completam.