I

15.3K 1.2K 174
                                    

      Quando chegaram ao hospital,Vanessa entrou com o carro direito pela entrada de ambulâncias, nem se importou com a bronca do guarda.

     Vivian achou uma cadeira de rodas e sentou Ruth nela, a febre não tinha cedido nem um pouco. Foram até a área de espera do pronto socorro.

___Van, fica com ela aqui que vou fazer a ficha ou sei lá o que é preciso.

     Não havia uma única cadeira vaga para sentar ali, tinham até algumas pessoas sentadas no chão. Vanessa encostou a cadeira com Ruth mais perto o possível da porta, assim poderia tomar um pouco de ar, apesar do frio a sala de espera era abafada e com cheiro muito forte.

    Enquanto isso Vivian ia falar com umas das atendentes.

___Minha amiga esta com muita febre, precisa de uma consulta.

     Sem ao menos levantar os olhos para olhar Vivian, a moça da recepção entrega um cartão com o numero 27. Não entendeu bem o que aquele numero significava.

___O que é esse numero?

___A senha da sua amiga.

___Ela vai ter que esperar 27 pessoas para ser atendida.

___Não meu bem, são 27 pessoa só para fazer a ficha, quanto ao atendimento, vai da disponibilidade dos médicos.

      Tinha vontade de pular aquele balcão de atendimento e dar uns tapas na atendente. Ruth não podia esperar tudo isso.

___Mas minha amiga esta mal, ela não pode esperar mais.

___Olha a sua volta garota, você acha que quem esta aqui por acaso sem sente bem.?Tem muita gente passando mal também.Quer algo rápido? Pague a consulta.

___Isso é serio? Se eu pagar ela vai ser atendida logo?

___Sim, ali fora tem uma porta escrito 'EMERGÊNCIA", leve ela ali.

       A cada minuto que passava o desespero de Vivian ia aumentado, Ruth tinha o corpo quase deitado na cadeira, a febre fazia o rosto suar e os olhos brilhavam de uma forma assustadora. Não tinha como esperar, pagaria a consulta. Foi até  onde Vanessa segurava a cadeira de Ruth.

___E então? Fez a ficha?

___Tem muita gente na frente dela, vou pagar a consulta, vamos para a outra parte.

      Ia empurrando a cadeira e sussurrando no ouvido de Ruth que tudo ficaria bem, e ao mesmo tempo tentava se convencer disso também.

     Ali era mais tranquilo, e tinha poucas pessoas. Foi mais uma vez tentar fazer uma ficha e conseguir a consulta para Ruth.

___Minha amiga não esta bem, me disseram que aqui era mais rápido. O que eu tenho que fazer para ela ser consultada logo?

___Ela tem plano de saúde?

___Não.

___Então é particular, você passa os dados dela, faço a ficha. A consulta custa R$150, depois que pagar, ela já pode ser atendida.

      Pegou a ficha e levou para Ruth ajudar a preencher, tinha coisas básicas como RG, ou data de nascimento que Vivian não sabia. Por fim com tudo anotado, voltou e entregou a moça, só faltava o pagamento. Começou a procurar a carteira na bolsa, revirou, tirou tudo, jogou o conteúdo da bolsa no chão e então notou com desespero que tinha deixado a carteira em casa.

___Olha, eu esqueci a carteira, vou em casa, pego e já pago. Por favor atenda logo ela.

___Não posso quebrar as regras, ela só vai ser atendida depois que pagar.

___Drogaaa!!! Eu volto logo, não vou dar um calote. Que porra, o que mais eu preciso fazer para ela ser atendida?

     Começou a chutar varias vezes o balcão da recepção, o que atrai a atenção de algumas pessoas que estavam ali, a atendente já estava levando a mão ao telefone, provavelmente para chamar o segurança, nessa hora, Vanessa coloca a mão no ombro de Vivian para acalma-la.

___Olha fica ali com a Ruth, eu converso com a moça.

      Passou as duas mãos pelo rosto e cabelo e foi para perto de Ruth, se abaixou para poder falar com ela.

___Ruth, estou tentando de tudo para ajudar, mas da tudo errado. Me perdoa.

___Eu estou bem, só preciso deitar um pouco.

       Não, ela não estava bem, não era preciso ser um gênio para notar isso, o barulho da respiração estava mais alto, e conseguia notar como ela respirava com dificuldade, como se o ar não chegasse bem aos seus pulmões. Ouviu a moça da recepção dizer.

___Ela pode entrar agora, me acompanhe.

___Finalmente.

       Ruth foi levada para um quarto todo branco, com um cama reclinável e duas poltronas. Uma enfermeira ajudou ela se deitar e já começou alguns procedimentos de praxe, medir pressão, ver o pulso e a febre. Depois de feito tudo, saiu.

___O medico vem logo, aguarde.

      Foi até onde Vanessa estava, escorada na porta do quarto, meio sem jeito de entrar.

___Van, não sei como convenceu a moça, mas vou até em casa pegar o dinheiro para pagar.

___Eu já paguei Vivian.

___Você pagou a consulta?

___Sim, você não tinha mínima condição de dirigir até sua casa e voltar. Meu deus achei que o segurança ia ter que arrastar para fora daqui.

___Isso é um empréstimo, eu vou devolver o dinheiro.

___Eu sei Vi. Mas no momento era o que tinha que ser feito. Não se preocupe com isso.

       Deu um abraço forte em Vanessa, para agradecer por tudo que ela estava fazendo.

---Obrigada Van, achei que você seria ultima pessoa no mundo que iria me ajudar e no entanto...

___Por que você sempre me achou uma pessoa fútil e barraqueira. Bom, eu sou fútil e barraqueira, mas não um monstro. Melhor você ficar com ela agora.

___Eu vou.

      Antes que Vivian pudesse voltar para o quarto, Vanessa ainda perguntou.

___Você gosta dela né? Quero dizer, gosta mesmo, de verdade.

___Sim Van. Eu amo ela.












A Mulher do PastorOnde histórias criam vida. Descubra agora