Capítulo 16 | Stars keep secrets

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Grant Lockwood

Era ela, desde o dia em que meu olhar encontrou com o dela eu sabia, ela tinha algo de diferente. Seu olhar era uma mistura de nostalgia, inocência e algo mais que não sabia explicar. Minha Bird. Nunca parei de pensar nela, desde do momento em que fui embora de Delaware, tudo a minha volta fazia o meu passado vim à tona, tentei por vezes esquecer de tudo, de todos, ela era a única luz em meio a tanta merda em minhas memórias.

Clair desde pequena perguntava sobre minha família, se eu não tinha uma mãe ou um irmão ou irmã, nunca consegui contá-la toda a verdade, sempre menti tentando a protegê-la. Ou talvez me proteger da lembrança. Minha mãe era uma alcoólatra compulsiva, meu pai um homem fechado em seu mundo, talvez tentando sobreviver em seu próprio caos, por muitas vezes vi meus pais brigando, ele saia de casa e ela afogava suas mágoas em uma garrafa. Cada um lidava com seus monstros de seu jeito.

Lembro-me que certo dia meu pai havia chegado do trabalho, ele era dono de uma academia de luta, mas o negócio não estava indo bem, com todos os problemas em casa ele buscava refúgio com mulheres e drogas. Minha mãe como sempre não se importava com o mundo ao seu redor, ela tinha o seu próprio, ela estava na sala com sua inseparável garrafa, e um cigarro que por muitas vezes foi motivo de discursão entre eles, meu pai acabará de chegar e eu sentado na escada à espera do pior.

—Qual é o seu fodido problema?—meu pai grita furiosamente com minha mãe que apenas o ignora dando mais um gole de sua bebida.

—O que aconteceu querido? Sua cadela não soube te satisfazer?—ela ri ironicamente.

Ele a puxa pelo braço fazendo-a deixar a garrafa cair no chão, levanto-me rapidamente me aproximando deles, seguro em seu braço para impedi-lo de fazer algo.

—Por favor, só parem!—os dois me olham nervosamente, meu pai larga a minha mãe e senta na sua velha poltrona com a mão cobrindo o rosto.

—Quando vai contar pra ele Helena? Até quando você vai esconder que está grávida?—olho para minha mãe assustado, ela estava grávida?

—Então você...?—não conseguia falar nada, sentia minha garganta fechando, sento-me no sofá e a encaro com nojo.

—Eu não vou ter uma criança que não desejo, já basta você!—nunca pedi o afeto dela, mas ela não tinha o direito de tirar a vida de ninguém.

—Você é doente Helena!—meu pai levanta segurando em meu braço. Não olho para nada, não sinto nada, apenas me deixo ser levado pelo meu pai.

O clima estava mórbido, sem cor, sem vida, sem alegria. Era como se o céu resplandece minha alma. Como se ele soubesse como me sentia por dentro. Sento-me na escada da varanda ao lado de meu pai. Ficamos encarando o céu por alguns minutos silenciosos. Ele respira profundamente, com um olhar perdido.

—Sabe garoto, eu não queria ser pai, era uma grande responsabilidade, mas depois que você nasceu eu senti algo bom, algo que eu nunca havia sentido em toda minha vida, eu fiquei assustado, não queria errar, mas você...—ele faz uma pausa e respira lentamente me encarando. —Você é um bom garoto.

Olho para o céu, ainda tentando entender tudo o que aconteceu, o discurso de meu pai, a revelação de minha mãe, eu não queria viver isso novamente, eu não queria ser como minha mãe ou ter medo de ser pai, eu não queria o passado da minha família.

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