Capítulo 7

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Sabe o quanto é difícil ver alguém importante para você chorar? Principalmente quando você é o motivo do choro? É insuportavelmente doloroso. Não aguentava mais isso, ver todos a minha volta sofrendo e me olhando com aquele olhar de pena – esse olhar, realmente, é o que machuca mais. Por que tenho que passar por tudo isso? Meu Deus! Por quê?

Voltei para a loja sem falar uma única palavra e sem olhar para trás, não suportaria ver o rosto de Victória me olhando daquela forma. Quando cheguei a loja, encontrei Maggie e Julie sentadas no balcão conversando. Maggie, quando percebeu meu estado, logo desceu do balcão e veio até mim.

─ Contou para ela, não contou? – perguntou já me puxando para um abraço.

─ Vamos embora, por favor. – sussurrei, assentindo levemente com a cabeça e confirmando a sua pergunta.

Maggie apenas balançou a cabeça e me ofereceu um sorriso fraco. Ela começou a recolher as nossas coisas, e, enquanto isso, Julie não parava de me encarar. Provavelmente estava se perguntando o que diabos havia acontecido lá em cima.

─ O que aconteceu, Sarah? – perguntou, confirmando minhas suspeitas.

─ Nada, Julie. Não aconteceu nada.

─ Claro que aconteceu alguma coisa! Você desceu com cara de choro e minha mãe ainda está lá em cima, muito quieta para alguém como ela. Então... – fez sinal com a mão. – Desembuche logo!

─ É melhor esquecer tudo, Julie. Para o seu próprio bem. – vi que Maggie já estava pronta e virei em direção a porta da loja. – Vamos, Maggie!

Nem esperei pela reação da Julie, apenas puxei Maggie pelo braço e saí o mais rápido possível dali. Sentia-me muito mal naquele momento, como se eu fosse a pior pessoa do mundo, o que de certa forma era o que parecia na ocasião.

Fomos até o ponto de ônibus mais próximo e pouco tempo depois estávamos a caminho de casa. Maggie ficou em silêncio todo o percurso, dividindo a atenção entre a paisagem e a caixa que eu segurava no colo. Sabia que era algo de grande importância para mim – não sei como, mas ela sabia – só que ao invés de me perguntar sobre o que se tratava, apenas preferiu ficar em um maldito silêncio enlouquecedor.

─ Não suporto mais isso! – falei em voz alta o suficiente para chamar a atenção dos poucos passageiros do ônibus, fazendo minhas bochechas corarem logo em seguida.

─ Eu sei. – Maggie chochichou. – E agora todos também sabem. – depois, levantou e falou em voz alta – Desculpem, senhores passageiros, mas minha amiga passou por maus bocados hoje cedo e está um pouco chateada. Agora, voltem a prestar atenção na vida de vocês.

Você enlouqueceu?! – murmurei, puxando-a e a fazendo sentar-se. – O que pensa que está fazendo? Além de nos fazer parecer idiotas, é claro!

─ Só estava tentando ajudar. Então, o que te fez ter esse ataque repentino? – ela mudou rapidinho de assunto, garota esperta.

─ Deixa-me ver... – coloquei a mão no queixo, fazendo-me de pensativa. – Acho que, ou melhor, tenho certeza disso, que foi... Você!

Eu?!

─ Sim, você. Nem sequer perguntou o que aconteceu na casa da Victória, que eu nem sabia que era minha madrinha até hoje cedo e que era a melhor amiga da minha mãe e que – respirei fundo – e que nem vai ter a oportunidade de me conhecer direito. – naquele maldito momento eu já chorava, quieta suficiente para não chamar mais a atenção das outras pessoas.

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