Bônus

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Sim, outro bônus.

Narrando:Milena

Dez anos atrás, antes do ataque

Eu estava lendo um livro que falava sobre Jazz, eu me interessava por aquele tipo de música, minha mãe havia me falado que era bom.

Eu não achei tanto, as partituras daquele livro não faziam muito sentido parar mim, apesar de eu nunca ter ouvido pessoalmente.

-Milena. - Ouvi minha mãe me chamar, eu fechei o livro e subi para casa.

-Sim... - Eu falei com um meio sorriso na cara, mas ele morreu quando vi que minha mãe estava com raiva. - Mãe? - Eu tentei entender o motivo dela estar assim.

-Já não disse que quero você longe daqueles livros? - Minha mãe falou com raiva aparente na voz.

Ela não gostava de magia e que eu me associa-se a ela.

-Mas eu não estava lendo grimorios! - Eu disse forçando um sorriso, não queria que minha mãe ficasse triste. - Mãe, você sabia que Jazz é bem difícil? - Eu perguntei tentando iniciar uma conversa com ela, quase nunca conseguíamos ter uma conversa que não fosse eu fazendo milhares de perguntas do mundo fora daquela casa.

Achava o mundo lá fora fascinante, foi lá que milhares dos meus livros foram escritos, e... Parece mais feliz lá fora.

-Não, Milena. Não sei se você sabe, mas eu nunca aprendi a tocar ou sei milhares de coisas que você ama falar nesses livros. - Minha mãe falou com raiva e um pouco de tristeza, ela queria o mundo lá fora, mas comigo ela não iria longe.

-Mãe? - Eu chamei a atenção dela puxando seu vestido com delicadeza. Eu era mais baixa que ela, então ela vivia dizendo que aquilo era fofo.

-O que foi? - Ela me perguntou sem olhar em meus olhos.

-Eu... - Antes de eu completar a frase ouvimos o barulho de botas, ele estava em casa. Minha mãe me soltou e mandou eu ficar por ali.

O porão era do lado de fora da casa, ele é subterrâneo e passa pela casa, lá é enorme e cheio de poeira, as vezes eu encontro coisas legais em alguns dos portões trancados que tem por lá, uma vez eu achei um livro falante que estava trancado em uma caixa.

O lado bom da biblioteca ficar no porão era que se eu entrasse esquecia o mundo a minha volta e meus problemas pareciam ser pequenos comparados a aqueles livros.

Mas sempre tem um lado ruim, e dele era que ficava do lado da sala, bem a baixo da janela, e se eu ficar para fora consigo ouvir minha mãe chorando e meu pai gritando com ela enquanto bate nela.

Eu estava ouvindo agora, estava baixada perto da entrada com as mãos em meus ouvidos para tentar não ouvir os gritos e pedidos de desculpas. Minha mãe não havia feito nada, mas meu pai gritava e chamava ela de inútil, falava que ela não era capaz de nada.

Eu não queria entrar na biblioteca, não queria esquecer dessa vez, eu queria ajudar, eu queria tanto não ser inútil em momentos assim.

-NÃO! POR FAVOR! - Minha mãe gritou entre os choros, eu forcei mais minhas mãos para não ouvir, mas já conseguia sentir minhas lágrimas descendo novamente.

A culpa é sua... Se você não existisse estaria longe desse inferno... Sua inútil..., a voz do Erick ecoava de longe, eu queria não ouvir mais nada, queria que ele parasse. Minha mãe não era inútil, ela não era culpada de nada, ela não tinha feito nada, se eu não existisse ela estaria bem longe daqui.

Eu vi ao meu lado a porta do porão aberta, ela parecia me chamar, parecia que se eu entrasse lá dentro nada aconteceria mais, eu queria tanto entrar lá, eu queria tanto esquecer.

-Socorro... -  Ouvi minha mãe murmurar quase sem forças, eu espiei pela janela e vi Erick puxando ela pelos cabelos, naquele momento tudo parecia mais devagar.

Eu pensei que se algo explodisse naquele momento ele pararia, eu desejei que algo explodisse para ele parar. E aquilo aconteceu como um milagre, mas não havia nada de santo nisso. Aquilo era impuro, aquilo era nojento, eu não deveria ter feito aquilo.

-O que está olhando? - Erick perguntou olhando para mim com a cara enojado, sua barba por fazer e sua cara de bêbado me assustaram.

Ele soltou minha mãe, que já estava desacordada na sala, e foi até a direção da janela, os passos dele se aproximando eram a tortura. Tudo passava mais devagar e quando olhei para trás dele pude ver sangue na testa da minha mãe.

Nos minutos seguintes eu lembro de ter apanhado, sei disso pela dor em todo meu corpo e as marcas vermelhas que me restavam quando eu acordei naquela noite.

Eu estava no meu quarto e os poucos flashs de memória foram voltando, um vaso antigo explodindo, Erick mais bravo por quase ter ido nele e minha mas implorando para que ele paga-se antes de eu desmaiar.

Depois das brigas eu sempre vinha parar no quarto, na maioria das vezes eu estava com curativos em meus machucados e com uma roupa de dormir, sempre acreditei que era minha mãe que fazia aquilo, mas não era.

Três dias depois do acontecido

Eu estava brincando em um rio que ficava perto da casa, ele tinha águas claras e uma enorme árvore do outro lado, algumas vezes eu fechava os olhos e me imaginava crusando ele é nunca mais voltando para aquela casa.

Eu tinha uma imaginação fértil, sempre imaginei o mundo como algo extremamente maravilhoso, sem surras e com lindas paisagens que eu nunca cansaria de ver.

Eu não esperava que nos próximos anos da minha vida eu veria a mesma paisagem deprimente de uma pequena janela, ou que veria o desespero de outros quando olhasse para as grades da minha pequena cela.

Aquele lugar se tornou minha única certeza por anos. Todos os dias eu apanharia, todos os dias eu perdia um pouco da minha humanidade, todos os dias eu olharia por aquela janela e pensaria como o mundo era diferente, mas sempre voltaria pra minha cela.

Por que aquilo teve que mudar?









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Hello!!! Como vocês estão?

EU TÔ FELIZ PORQUE ACHO QUE NÃO VOU TER PROBLEMAS PRA ENVIAR. Falando nisso, vou mudar o dia de postagem de sábado para domingo.

-Mas porquê, Marcelle? - vocês perguntam.

-Porque eu quero ver zorra total e não me lembrar na última hora que tenho capítulo pra postar... Sim, eu vejo zorra.

BEIJOS COM QUEIJOS E TCHAU!!!!

A Serva Do Alfa (Hiatus) Onde histórias criam vida. Descubra agora