C A P Í T U L O U M

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Forçei um sorriso para os clientes que esperavam a sua conta e saí com a bandeja de aparatos vazios que acabei de recolher da mesa.

Mal acabei de deixar os pratos para que sejam limpos, o sino tocou anunciando a chegada de mais um cliente e eu- mesmo com as pernas doendo por ter ficado horas e horas a rodar nesse pequeno espaço- corri com meu bloco de anotações para atendê-lo.

- Boa noite, senhor! O que vai querer? - Fingi um sorriso.

- Coxinha de frango, e um suco de laranja por favor! - Sorriu e eu sorri de volta antes de voltar para cozinha. Alguns minutos mais tarde trouxe seu pedido e o mesmo agradeceu, enquanto dava a primeira mordida.

Com isso, uma duas horas passaram, e o meu expediente já havia terminado. Mas eu fiquei como sempre, com a Megan, Megan -dona da lanchonete onde trabalho- para ajudar a arrumar o lugar, uma forma de agradecimento por ela ter me dado esse emprego, mesmo ela sabendo que sou menor de idade. O salário não é muito, mais dá para pagar a água e a energia lá de casa. A verdade é que eu preciso desse emprego para sustentar a mim e aos meus estudos. A minha vida não é nada fácil, nunca foi:

Eu Shelby Wood, morava com os meu pais e nós éramos felizes. Eu como toda criança de nove anos, sorria, brincava, tinha amigos, sonhava em ser como uma das princesas da historia que o meu pai me contava antes de dormir, fazia travessuras, simulava doenças para não ir à escola e ficar vendo desenhos a manhã inteira, em fim... Eu era uma criança completa e tinha uma família e éramos felizes. Mas isso tudo mudou quando, certo dia, meu pai apareceu com a notícia de que foi demitido do trabalho e a felicidade saiu pulando pela janela. E desde aquele dia o meu pai não foi mais o mesmo.

Ele dizia que ia sair para procurar um emprego, mais voltava tarde da noite bêbado e como se não bastasse começou a bater na minha mãe sempre que chegava naquele estado deplorável e fedendo à álcool. Um ano passou e as coisas foram de mal à pior, o meu pai já era viciado e não existia nem rastros daquilo que ele foi um dia, já não existia rastros do homem que eu considerava meu herói. Farta dessa toda situação, minha decidiu que falaria, mais uma vez, com ele assim que ele chegasse da sua "procura de emprego", nesse dia minha mãe me pós para dormir mais cedo do que normal e ela ficou lá na sala à esperá que meu pai chegasse.

Eu dormia agarrada ao meu urso, mas acordei assim que comecei a ouvir gritos vindo da sala. Peguei nos óculos e saí do quarto chamando pela minha mãe, parei nas escadas assim que vi que meus pais brigavam. Sentei-me num dos degraus e chorei baixinho, enquanto presenciava aquele cena. A minha mãe, como sempre, estava a perguntá-lo o porquê de ele não procurar ajuda, para assim poder se curar do vicio, ela o perguntava se a mudança de comportamento se devia a falta de dinheiro ou se esse era um lado dele em que minha mãe não sabia que existia. Ela chorava, implorava para que ele voltasse a ser o que era antes, para que assim voltassemos a ser a família feliz que éramos. Mas meu pai estava demasiado bêbado para ouvi-la e murmurou palavras incoerentes enquanto cambaleava para a cozinha. E minha mãe o seguiu, e pude ouvir gritos vindo daquele cômodo, mas dessa vez, eram gritos de ambas as partes. Talvez eu tenha ficado naquela mesma posição minutos ou uma hora, eu não sei, só sei que os olhos já estavam a pesar, quando eu ouvi um grito da minha mãe vindo da cozinha. Não era um grito como esse que eu escutava quase sempre que ela discutia com meu pai, era um grito de Dor!?

Desci os degraus restantes de pressa, adentrei a cozinha. E eu não estava preparada para aquilo, nem em um milhão de anos estaria pronta. A cena que vi marcou a minha vida e as lembranças me perseguem até os dias de hoje. Lá estava a minha mãe deitada nas pernas do meu pai -que chorava incontrolavelmente- com uma faca enfiada bem no meio da sua barriga. A sua respiração estava fraca e os seus olhos tinham tendência de fechar, mas ela fazia um esforço para mantê-los abertos. Soluçei e corri para onde estava minha mãe. Eu chamei por ela, perguntei se ela estava bem, mas ela não respondia, apenas tossia sangue e chorava.

Why Me? [ Harry Styles Fanfic ]Onde histórias criam vida. Descubra agora