Capítulo 2

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CAPÍTULO DOIS

Estevão acordou suando e alterado por causa de um sonho erótico e vociferou palavrões. María, a ruiva graciosa e pequenina, havia estimulado sua libido ao extremo. Por que ela? Seria atração pelo fruto proibi­do? A idéia de fazer sexo no escritório? Jamais tenta­ra, mas já havia imaginado algumas vezes. No entan­to, poderia ter realizado tal fantasia há muito tempo, caso tivesse querido. Oportunidades não faltaram.

Entretanto, apesar do fato de um número conside­rável do quadro feminino da empresa já ter se insi­nuado sexualmente para ele, Estevão jamais corres­pondera. Na verdade, as investidas o exasperavam. Acima de tudo, era um homem de negócios sério. Acreditava que reforçar as regras que regiam o ambiente de trabalho era fundamental para manter a dis­ciplina, a motivação e o bom desempenho de todos. Apesar da excitação que sentia, sabia que fazer sexo com a garçonete não lhe traria nada além de dor de cabeça.

Ao mesmo tempo, pensou, enquanto tomava seu café-da-manhã, não haveria razão para não seduzi-la se ela não estivesse mais trabalhando nas indústrias Petrakos.

Em sua limusine, a caminho do trabalho, preso no trânsito londrino, ficou conjeturando e imaginando possibilidades. De repente, surpreendeu-se ao per­ceber que estava pensando em María Conway mais do que deveria. Nem mesmo entendia por que I se lembrava do nome dela. Era estranho. Ele estava estranho.

Desde quando sexo era algo muito importante em sua vida? Todas as suas necessidades eram saciadas por beldades altamente sofisticadas, uma em Londres e outra na Grécia. Ambas sabiam de seus papéis e os representavam com muito estilo e discrição.

Marcou um encontro para depois do almoço com a amante inglesa. Obviamente, estava sexualmente frustrado, concluiu.

Ao meio-dia, María bocejava como se fosse ma­drugada. Fora encarregada de tirar cópia de muitos documentos e estava tão entediada que era capaz de tirar um cochilo ali mesmo, de pé, em frente à copia­dora.

- A gente sempre fica com as funções que nin­guém quer fazer - queixou-se Stacy, aborrecida.

- Não tenho competência para fazer nada muito melhor que isso - contestou María.

- Aposto que aquela tirana da Annabel passou a noite toda fazendo uma lista de coisas chatas para a gente fazer.

- Ela não é má pessoa. - María virou-se para a porta de entrada ao ouvir passos no corredor. Ia ter­minar de responder a Stacy, mas perdeu a voz ao ver o homem que vinha na direção da sala onde ela esta­va. Abaixando um pouco o celular que levava ao ou­vido, Estevão Petrakos olhou de relance para a entra­da da sala e parou momentaneamente.

- Por acaso existe alguém de quem você não goste? - perguntou Stacy, de costas para a porta, em um tom irritado. - Não é normal ficar falando bem de todo mundo o tempo todo.

María teve vontade de rir do comentário da cole­ga, mas não conseguiu emitir qualquer som, pois um par de olhos negros e flamejantes a estudava da porta. Não conseguia se mover, interromper aquela cone­xão visual. Uma sensação estranha de prazer a inva­diu. O coração batia tão acelerado que ela podia ouvi-lo. Estava arrepiada.

E, de repente, ele voltou a andar e desapareceu pelo corredor, deixando-a trêmula, exaurida e total­mente abismada. Mas o que havia com ela? Ele ape­nas olhara em sua direção por alguns segundos e ela o encarara paralisada! Teria gostado de dizer a Estevão que nunca iria esquecer a felicidade que ele havia proporcionado à irmã. No entanto, na época, a grati­dão da avó havia deixado o magnata desconfortável e María não queria repetir o mesmo erro. De qualquer forma, pensou desanimada, era improvável que ele se lembrasse da irmã, depois de tantos anos.

Amor sem fimOnde histórias criam vida. Descubra agora