Dangerous Woman

Capítulo 11

Sabado

Ana levantou da cama e caminhou até a sacada do quarto de hotel, ela olhou os prédios com todas as luzes acesas naquela madrugada, ela olhou de volta para a cama desarruma e em meios aos lençóis Amanda se sentou encarando a loira parada sentindo a o vento gelado da madrugada tocar em sua pele.

__ Você tem algumas manias estranhas – Ana sorriu e Amanda continuou – você sempre acordou no meio da noite, todas as vezes no Nepal e na Índia, você tem fobia do sono ou algo do tipo?

__ Não tenho nada de fobia – Ana se aproximou da cama e ficou parada olhando para Amanda – estou ansiosa, esses últimos dias tem sido corrido, é estranho o fato de ter deixado os últimos detalhes nas mãos de Alice, ela não é como eu...

__ Perfeccionista – Amanda interrompeu Ana – não que isso seja um defeito – ela sorriu.

__ Gosto dos últimos detalhes, tenho um plano de fuga se algo der errado, sabe se alguém do nada aparecer.

__ Como o seu antigo amor, aquele cara que você fugiu para Marrocos, foi lá que nos conhecemos – Amanda se ajoelhou na cama e puxou Ana para mais perto beijando-a.

__ Elion – ela disse quase que em um sussurro – ele me fez fugir.

__ Não é errado sentir medo, Ana – Amanda sentou na cama e Ana sentou-se ao seu lado.

__ Preciso te contar uma coisa – Ana virou e se ajeitou na cama para olhar nos olhos de Amanda – o que te contei, quando nos conhecemos, você se lembra?

__ Sim, disse que seu namorado, esse Elion, havia batido em você e te fez perder seu bebe, você chorou me contando, nunca tinha visto uma mulher tão linda chorando.

Ana baixou a cabeça com um breve sorriso no rosto.

__ Não era verdade – disse ela voltando a olhar para Amanda – ele nem sabia que eu estava gravida, ele não nem sequer levantou a mão para me bater. Eu estava fugindo, essa era a verdade, mas não era dele.

__ Ana – Amanda fez uma pausa – você...

__ Eu estava fugindo do que venho fugindo até hoje, Amanda. Aconteceu há anos e ainda quando escuto o nome dela, sinto como se estivesse sufocando, sinto como se minha pele queimasse. Não me arrependo do que fiz, nunca me arrependi, mas também me odeio por ter tomado aquela decisão.

__ Ana, do que você está falando?

Ana começou a chorar, ela se debruçou na cama mergulhando sua cabeça entre os lençóis.

__ Quando fecho os meus olhos para dormir, pode ser aonde for, pareço estar vivendo aquele momento – ela fechou os olhos – escuto os gritos – fez uma pausa – sinto o calor, sinto...

__ Me conte o que sente – Insiste Amanda.

__ Estava feliz em contar para os meus pais que estava gravida, estava guardando a notícia desde o café da manhã, estávamos passando alguns dias no Brasil em uma cabana próximo a praia, assim que cheguei depois de fazer uma escala de voo de três horas, para contar para a minha família a novidade, Adélia saiu na minha frente e disse com aquela voz doce 'eu estou gravida de cinco meses' e acariciou a barriga.

__ Emmanuelle, eu acredito que seja.

__ Fiquei quieta, passamos a noite comendo e nos empanturrando, Elion chegaria apenas no dia seguinte, nossos voos foram trocados, na manhã seguinte meus pais saíram para passear na orla, Adélia me atacou com palavras, falando que eu acabaria sozinha, ela falava coisas horríveis, até insinuou que Elion havia me traído no início do nosso relacionamento.

__ Mas porque ela disse essas coisas?

__ Eu tentei tocar sua barriga, ela me empurrou e eu a empurrei de volta, ela caiu, por um momento pensei que ela estava morta depois de bater a cabeça no armário da cozinha.

__ Ana, não me diga que você...

__ Ouvi meus pais chegarem, e corri antes que eles vissem Adélia no chão da cozinha, acertei minha mãe com um extintor na cabeça e meu pai tentou fugir, peguei um revolver da gaveta do aparador da sala e atirei antes que ele corresse para fora. Eu matei meu pai, eu o vi cair de joelhos perto da porta. O sangue começa a ter um cheio estranho depois de algumas horas, comecei a pensar em várias maneiras para fugir dali. Liguei para Alice, ela era o único contato que tinha naquele momento, liguei do telefone do meu pai, ela atendeu e eu pedi para ela ir para a cabana.

Ana fez uma pausa respirando pausadamente, ela estava com as mãos gelas, e começou a esfregar uma na outra para ver se se esquentava.

__ Se não quiser continuar, não tem problema, Ana.

__ Eu preciso – ela olhou para Amanda e segurou seu rosto com as duas mãos – guardei isso por tanto tempo.

__ Então... continue.

__ Quando Alice chegou ela ficou horrorizada, por alguns minutos ela se manteve longe o bastante para conseguir fugir e gritar ao mundo que eu era uma assassina. Mas depois que ela teve um surto de estresse ela se aproximou e me abraçou, me abraçou forte me confortando. Ela me disse qual seria o plano, ela disse que era para dizer que eu fui a única a conseguir fugir, ela me ajudou a amarrar meus pais, ela disse para amarrar todos eles, ela despejou a gasolina pelo chão da cabana e em cima de alguns moveis também.

__ Ana...

__ Ela me deu a caixa de fosforo, então eu disse que eu matei a minha irmã e que ela estava gravida. Alice desamarrou a minha irmã e a levou até o carro que estava estacionado na parte de trás da cabana. Ela voltou e disse para atear o fogo, ela ficou parada na porta e me viu riscar o fosforo, parecia que a chama nos meus dedos estavam vibrando em câmera-lenta. Eu o deixei cair no chão, eu sabia, tinha plena convecção dos meus atos, havia matado os meus pais e agora estava me livrando das provas. Rapidamente fui puxada para trás, como se ela estivesse desesperada para fugir dali. Ela amarrou uma corda nos meus pulsos e me chutou na barriga, me chutou forte, depois no rosto e depois mais uma vez. Ela me dava socos e chutes, ela me cortou com uma lamina quem nem sabia que ela tinha. Ela correu, acelerou o carro e fugiu me deixando ali. Pensei que iria morrer ali, pensei que era tudo um plano de ódio, mas ela havia pensando em tudo, em tudo mesmo.

__ Imagino que a surra que você levou fez com que você perdesse...

__ Sim, estava de quatro meses, os médicos disse que era impossível salvar a criança, fiquei sem falar com ninguém, depois de uma semana falei com o policial, disse que foi um assalto, disse que vi um dos três homens matar meus pais e depois minha irmã, eu não sei como, mas foi encontrado restos mortais de três pessoas.

__ Esse é o seu segredo?

__ Sim...

__ Tem mais alguma coisa que queira me contar? Tipo, o que aconteceu depois que Alice a levou da cabana? Se Emmanuelle realmente é sua sobrinha?

__ Emmanuelle é minha sobrinha, Alice manteve Adélia em segurança, ela deu à luz a Emmanuelle e eu pedi para Alice se livrar da única pessoa que podia me entregar...

__ Você acha que ela se livrou da Adélia?

__ Não tenho certeza...