Domingo de carnaval – de manhã.
– E hoje? Vamos?
Alina me cutucou. Todos os meus músculos falaram que não. E pediram pelo amor de Deus.
Alina estava com aquela disposição radiante porque durante todo o tempo em que eu estive naquele bloco, ela estava no meu apartamento, fazendo bom uso da sua chave reserva e da minha conta na Netflix.
Quando eu contei para ela tudo que aconteceu com o lance do empreendimento da purpurina ela mal pode acreditar que trocou toda aquela reviravolta do destino por um beijo na boca sem graça e uma série mais sem graça ainda na TV.
Cedo da manhã fui acordada com barulho de moedas batendo umas nas outras.
– Manuca, se você manter esse ritmo, vai dar pra pagar o aluguel! – ela falou toda animada, com todo o meu ganho do dia anterior pelo chão.
Ele cobria boa parte do piso de tábua corrida.
– Não encha meu coração de esperanças – eu protestei ao virar da barriga pra baixo na cama.
– Para de ser preguiçosa, mulher! Imagina manter seu apartamentinho por mais um mês!
– Seria um sonho – eu disse dando uma enroladinha a mais no meu edredom. – Por isso quero continuar dormindo.
– Você acha mesmo que eu vou te deixar ter essa opção? – Alina perguntou parada ao meu lado, despejando cada peça da sua fantasia de unicórnio diretamente na minha cabeça.
– Claro que não – respondi ao me conformar com a realidade carnavalesca que se aproximava.
– #Vamoprarua! – ela gritou, me apressando.
Eu quase podia sentir o poder da sua hashtag feita com as mãos.
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A demanda tinha aumentado de forma assustadora. Minha opinião era que as pessoas começavam a ficar preguiçosas no segundo dia de carnaval por conta da ressaca.
Para mim era ótimo, nesse dia eu tinha ido preparada.
Alina até fez um cartaz escrito "Arte Purpurinada" e todo mundo que se aproximava para perguntar ela se dava como exemplo.
– Tá vendo esse trabalho de puro brilho e glamour? Foi essa menina aqui do meu lado que fez. E ela só cobra rês reais por isso.
– Menos que uma cerveja! – o menino vestido de Capitão América pontuou antes de puxar uma nota do bolso.
Acho que ele queria impressionar Alina. Não funcionou muito. Mas em defesa do super-herói, aquele já era nosso terceiro bloco no dia, pouca coisa nos impressionaria naquele ponto.
Mas o que realmente importava era que meu porta-dólar já não tinha mais espaço. Estava repleto de dinheiro, o que para mim significava um sinal de ir para casa. Infelizmente, para Alina significava que eu podia começar a encher o porta-dólar dela.
Foi só no fim do dia, durante o quinto bloco, que o porta-dólar dela eventualmente encheu. Meus dedos estavam esfolados de tanto que se esfregaram na cara dos outros, mas o peso das moedas na bolsinha presa na minha cintura era reconfortante.
– Missão cumprida – Alina disse numa série de pulinhos carnavalescos. – Por hoje.
E finalmente ela concordou em irmos para minha casa, eu me permiti respirar aliviada, sentindo algo parecido com tranquilidade a cada passo que eu dava.
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Nossas Mulheres
Krótkie OpowiadaniaTodo mundo conhece aquela moça solteira. Amiga, prima, filha da tia da sua mãe. Ou às vezes até a gente mesmo. Elas estão solteiras por diversos motivos: porque acabaram de terminar um relacionamento, porque ainda não encontraram alguém, ou simplesm...