Capítulo 4 - Parte II

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Começo a dedilhar uma de minhas músicas favoritas e observo a reação de Ana que reconhece a música.

– Essa é Coldplay, não é? – ela diz. 

Apenas concordando com a cabeça, continuo a dedilhar – Esqueci o nome. Acho que é In my

Place! Acertei?

Começo a cantar.

In my place, in my place

Were lines that I couldn't change

I was lost, oh yeah

I was lost, I was lost

Crossed lines I shouldn't have crossed

I was lost, oh yeah

Yeah, how long must you wait for it?

Yeah, how long must you pay for it?

Yeah, how long must you wait for it?

For it ...

Quando termino a música, pergunto:

– Você sabe a tradução desta música?

– Não, não sei. Qual é? – ela me responde sorrindo.

Em meu lugar, em meu lugar

Estavam linhas que eu não podia mudar

Eu estava perdido, sim

Eu estava perdido, estava perdido

Cruzei linhas que não deveria ter cruzado

Eu estava perdido, ah, sim..."

– Tive um sonho em que eles cantavam para mim – confesso.

No sonho, tinha a sensação de ter uns quinze anos e estava em um lugar parecido com um pub. Eu tinha saído de casa sozinho e esperava por um amigo no bar. Não sei quem era essa pessoa, nunca tinha visto na vida. Marcamos um encontro e parecia que tínhamos muita intimidade, típicos amigos de infância. O pub era todo preto, com detalhes no gesso em dourado. Quadros de bandas internacionais enfeitavam o lugar. Havia também um enorme pôster do Fred Mercury, do Queen. Logo quando cheguei, fui recepcionado por um senhor com barba branca e um jaleco preto com o nome do estabelecimento. O engraçado é que não consegui ler, estava embaçado. Foi quando meu amigo chegou e sentou próximo a mim. Perguntei a ele qual era o nome do lugar. Ele começou a rir e disse:

– Você não está reconhecendo? Aqui é sua casa!

Não o escutei e pedi ao garçom uma cerveja. Nada fazia sentido para mim. Era impossível ser minha casa, nunca havia estado ali. Com muita agilidade, o garçom trouxe duas Budweiser e um copo com líquido vermelho. 

O garçom então apontou e avisou que o drinque foi oferecido por uma moça de cabelos curtos e vestido de noiva. Logo recusei a bebida. E o garçom gentilmente respondeu:

– Impossível recusar o drinque, senhor. Foi a proprietária que ofereceu a você.

– Se a proprietária me ofereceu, e aqui é minha casa, logo, ela é minha mãe.

– Sim, senhor Bruno.

– Não, meu senhor, deve haver um engano. Eu não me chamo Bruno. E onde meu amigo foi?

– Não há engano algum. Aquela é sua mãe e você é o Bruno.

Olhei para os lados procurando meu amigo e fixei o olhar na logomarca bordada no jaleco do garçom: "Sua casa" estava escrito. Fiquei muito apavorado e procurei meu amigo por todos os lugares. Quando olhei para o copo oferecido para nossa mesa, estava escrito "Tenho que lhe matar para poder salvar Bernard também. Descanse em paz". Olhei assustado e levantei da mesa. Quando me viro, vejo o corpo dele caído no chão. Gritei por socorro. Todos se viraram  para mim e ninguém vinha até o local para ajudar. Então empurrei a mesa para o lado e procurei por algum pulso. Nada. Vi pela janela da frente algumas luzes vermelhas piscando e pensei: Ambulância. 

Bernard - Agilmar FerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora