Viver sozinha é muito ruim, mas nos acostumamos a viver com a dor. Prefiro viver sozinha a viver enterrando pessoas que eu amo.
Quanto mais o tempo passa, mais perguntas me atormentam. Fico perguntando para Deus o pq eu não posso ser normal, ou só me sentir normal as vezes.
Se existe um Deus com certeza ele não me ama, nem sequer se importa comigo. Mas garanto que sou um perigo para a sociedade.Com 8 anos de idade eu tentei me matar pela primeira vez, mas obviamente não consegui. Nem para morrer eu presto. De alguma maneira, a morte não consegue me levar.
Eu não estudo, pois na escola meus amigos morreriam. Então estudo em casa, pela internet e pelos livros que consegui por aí.
Eu só tenho 18 anos, mas tenho medo de trabalhar e acabar matando pessoas inocentes, sendo assim, sou obrigada a roubar para comprar comida. Eu poderia roubar um banco, guardar o dinheiro e ir usando somente o necessário. E foi exatamente isso o que eu fiz. Aqui em Londres tem um banco no final da minha rua e de madrugada quando a rua estava deserta, eu entrei no banco. Cheguei perto de um dos guardas, segurei em uma de suas mãos e ele caiu no chão, parecia sentir muitas dores, até que por fim veio a falecer. Não gosto nem um pouco disso, sou uma assassina, mesmo que não tenha essa intenção. Como meu rosto estava coberto e não havia digitais, não era possível me descobrirem. Mas eu sabia que tinha sido eu. Eu sabia que era a culpada por tantas mortes.
Peguei suas chaves e dei continuidade ao roubo que não demorou muito.
Voltando para casa passei em um beco escuro para tirar o disfarce. Peguei uns livros e os deixei em minhas mãos para disfarçar a minha fuga. Eu que não sou boba nem nada deixei a maior parte do dinheiro, que não era pouco, enterrado em um lugar onde só eu encontraria. Peguei algumas notas e deixei em diversos compartimentos da minha mochila.
Ao sair do beco escuro continuei andando como se nada tivesse acontecido. Já passava das duas da manhã quando o assalto ocorreu. A Polícia passou por mim no caminho para o banco, mas a última viatura parou ao meu lado e alguém desceu do carro.
Policial: O que uma menina da sua idade faz andando sozinha a essa hora?
Aurora: Nada moço.
Policial: A sua mãe sabe onde está? Disse o policial meio desconfiado e pegando os livros de minhas mãos para olhar.
Aurora: Sim. Estava estudando na casa de uma amiga. Eu ia dormir lá, mas tive uns problemas com minha amiga e liguei para que minha mãe me encontrasse no caminho.
Menti, obviamente.
Policial: Tudo bem! Vá para casa com cuidado. Está tendo um assalto por aqui e está perigoso. Se ver algo, grite. Disse ao me devolver os livros.
Aurora: ok. Disse enquanto voltava a caminhar.
Para falar a verdade eu não tinha medo de nada. Não tinha o pq de ter medo, já que eu podia ter tudo o que eu queria ter. Eu não corro perigo perto das pessoas, elas que correm perto de mim. Fiquei imaginando qual seria a morte terrível que aquele policial teria se tivesse simplesmente encostado sua mão nas minhas.Quando cheguei em casa guardei o pouco do dinheiro que estava em minha mochila em um esconderijo em minha humilde casa. Óbvio que nos dias seguintes eu ia pegando o restante do dinheiro aos poucos. Não poderia dar muita bandeira. Fui para o banheiro, tomei um banho bem longo e coloquei um pijama simples. Me deitei na cama de casal que antes era da minha tia e agora é minha e fiquei pensando em tudo. Já que deus queria me dar um dom, podia me fazer ler mentes ou ficar invisível quando eu quisesse. Mas não, ele tinha que me dar essa maldição mortífera. Acabei dormindo em meio aos meus pensamentos.
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Beijada Pela Morte!
Ciencia FicciónSobre a dor, nem sempre é ruim. Sobre a morte, nem sempre é o fim. Aurora é uma menina de 18 anos que passou a vida inteira fugindo da morte. Por muitos anos ela pensou que nasceu para sofrer e ir a enterros. E por muitas vezes a morte vinha lhe vi...