Contos de uma garotinha

A alma de cada um

      Já é a segunda vez que eu consigo ver a alma de uma pessoa. Não sei se o termo correto seria esse, mas, quando falo alma, quero dizer os sentimentos, talvez, profundos e escondidos de um ser.
      A primeira vez foi na sala de aula, em uma aula de matemática. Já estava tentando ver a alma dela faz algum tempo. E dessa vez, eu consegui.
      Quando olhei para a professora vi, não pelos olhos, como dizem, mas, provavelmente, pelos sentimentos que nos tocavam. Aqueles que ela acalmou e aliviou meu coração.
      Observei uma mulher preocupada ou cansada, não sei dizer agora o que vi, mas me pareceu profundo. "Porque está preocupada? Porque está cansada?" Foi o que eu queria perguntar, mas a falta de ousadia não me permitiu indagar as tão indecifráveis perguntas.
      Apesar de conhecê-la a algum tempo, não consigo adivinhar o motivo. O que é estranho, porque quando se conhece as pessoas se sabe o porquê dessas razões. Mas eu não sabia.
      Percebi que nós pensamos que conhecemos os indivíduos ao nosso lado, porém, não sabemos nada deles, pois não perguntamos se eles estão bem. E a maioria dos seres humanos nem se importa se sabe ou não isso, o que é muito triste e me faz pensar que nosso mundo está em declínio.