Contos de uma garotinha

Os dois lados

      Eu não quis te compreender, apesar de ser correto, não considerei o seu lado. Somente peço que me perdoe.

      Havia conversas aleatórias, gritos e um medo da pequenininha garota. Ele se calaria ou continuaria? Depois de muitas interrupções, calou-se.

      Todos continuaram sua algazarra, mas a menininha não estava mais lá. Em seu pensamento, havia raios e trovões barulhentos lhe dizendo: "Não há mais química para lhe salvar da física.".

      Um desespero tremendo invadiu o seu ser, mas em seguida a paz reinou. "Ela me disse que continuaria a sós, somente comigo, ele vai fazer o mesmo.". 

      Tocou o sinal. Era a hora da esperança voltar. Com seus lentos passos, a menina chegou no professor. Com um enorme nervosismo e uma ponta de desespero, ela disse-lhe: 

      - Me ensine.

      - O que?

      - O que você não ensinou.

      Nessa frase não havia raiva, só a tristeza e o desespero. Infelizmente, ele não enxergou a escuridão da sua alma. 

      Indignada, eu não vi sua alma desesperada por ouvidos que lhe escutam com prazer. E ele, com mágoa ou raiva, não viu os ouvidos que queriam lhe escutar.

      Mas lhe deu uma leve esperança que, infelizmente, era em vão. Eles continuariam sem parar. Não havia paz.

     Todos os dias, estão atrás de uma presa, para magoar, para apagar a chama do primeiro amor. Eu espero que ela não se apague. Ainda tem que haver esperança.