Pela luz da sua Alma (Romance Gay)

Capítulo 1.

-O novo ano universitário começa em Outubro, mas acho melhor que ele se ajuste a sua nova vida no Japão primeiro. O plano começa essa semana, lembre-se ele está em férias de verão, mas você não.

Até afastado do presidente do conselho, a voz dele ainda zumbia em meu ouvido.

Me obrigaram a fazer isso e isso é irritante.
Por que logo eu tenho que morar com um estranho estrangeiro, desconhecido?

Encarava seu registro extremamente incompleto, para não dizer que ele não tinha simplesmente nada.

                        Registro.

Nome: Lutah.

Idade: Desconhecida. Aparenta ter entre 24 ou 27 anos.

Tribo: Crescente.

Função: Cuidava da casas dos jovens na tribo. Um guerreiro forte e orgulhoso que será o próximo chefe da tribo crescente.

O quê? Próximo chefe da tribo? Isso não vai dar certo.
Pensando bem eu nem tenho uma foto para reconhecer ele e nesse aeroporto o que mais tem é estrangeiro.

De qualquer forma é tarde demais.

Olho para os lados e aquele homem incrivelmente alto não poderia ser outra pessoa.

É ele! Fui tudo que eu consegui pensar. Estava certo de que era ele, mas por que estava usando uma máscara? Será que faz parte de algum ritual estranho de sua tribo?

Deus eu quero voltar para casa e fingir que nada aconteceu.
Mas eu simplesmente não posso, esse é meu trabalho.

Aguente firme. Pensei.

Me aproximo do estranho, receoso.

-Sr. Lutah, seja bem vindo ao Japão. Você deve estar cansado da viagem. Eu sou Ryotsu Natsu da universidade de Koujo. Estarei te ajudando a se estabelecer a partir de agora.

O estranho simplesmente se aproximou de mim e me abraçou.

-No já.  -Ele disse, mas eu não compreendia.

Eh? Mas o que é isso ele estava me abraçando incrivelmente forte ao ponto de minha costelas doerem.

-N-Não consigo respirar! Isso dói! -digo mais seu braços só me esmagaram mais. - Me solte por favor! Por favor me larga!

Empurro ele com toda força que consigo e seu abraço se afrouxa.
Ouço um baque no chão e sua máscara amadeirada com desenhos tribais cai no chão.

No momento que olho para cima sou inundado por um castanho mel que eu nunca tinha visto antes, era quase como se seus olhos fossem dourados e cintilassem envolta do único ponto preto em seus olhos.
Era hipnotizante.

Me afasto, envergonhado por encarar por tanto tempo seus olhos. Ele era obviamente de outro lugar, e talvez se não fosse pelo fato de só existir um planeta chamado terra eu diria que ele também era de um outro mundo.

Seu rosto era longo e sua cor moreno, tinha manchas avermelhadas pintadas em suas bochechas até a extensão de seus olhos e no meio do tronco de seu nariz, suas sobrancelhas eram grossas e intimidadora, assim como os traços de seus lábios finos mas longos.

Ele tinha cabelos de uma cor escura intensa, que estava amarrado de forma bagunçada em um rabo de cavalo baixo.
Sua orelhas continham dois grandes brincos escuros se é que um podia chamar eles assim.

O fato é, que esse homem não pertencia  a esse lugar.

O nativo se aproximou colocando suas mãos quentes sobre meu rosto.  Ficando a alguns centímetros de meu rosto.

Deus os que ele estava fazendo?

Então de repente ele caiu na minha frente.
Aquele homem de quase dois metrôs, desmaiou bem na minha frente.

                           ...

Todo o trajeto desde acordar ele e por em meu carro e carregar até minha casa para que enfim ele pudesse estar dormindo em meu sofá havia sido extremamente cansativo e eu queria que nunca mais se repetisse.

Eu me sentia esgotado.
Lutah podia ser enorme e causar arrepios só com o olhar, mas ele não podia ver absolutamente nada que fazia um alvoroço, enquanto tudo para ele era novo e perigoso, tudo nele era grande e pesado.
Ele era o dobro de mim, e mesmo assim eu tive que carregar a ele.

Aah!! Por que eu tinha que cuidar de alguém tão problemático quanto ele?
Só por que eu sou solteiro? É tão ruim assim ser solteiro?

Suspiro. Ainda tinha que ligar para meu chefe para dizer que tudo tinha ocorrido bem.

Eu quero renunciar a isso, eles deveriam achar alguém como mais experiência, e não alguém como eu.
Ele precisam me ouvir.

Presidente? Ah! droga, eu tinha esquecido de devolver seu livro.

"Este é um dicionário do idioma da tribo, eu mesmo fiz quando estive lá, acho que vai te ajudar, mas por favor não esqueça de devolver assim que puder."

Naquela hora, o que ele disse?

Abro o dicionário gasto procurando a pequena palavra
incompreensível.

Como foi que ele disse?
No-jah? Acho que é assim que se fala. Só pode ser essa.

Olho atentamente o significado e fico um pouco surpreso.

No-jah significava medo.

Um homem alto e bonito como ele, mesmo sendo um guerreiro de tribo, ainda assim estava com medo. Provavelmente ele nunca tinha feito nada daquilo antes, entrar em um avião, logo depois em um carro e atravessar a cidade.
Ele devia estar muito confuso.

Eu devia ter tentado explicar direito, invés de ter sido tão patético...

Estou me sentindo mau por isso agora. Encaro seu rosto sereno ao dormir. Era bonito de uma forma máscula, isso pode ser um problema quando começar as aulas. Já vejo a euforia das garotas.

Ah, ele está acordando.

-Lutah, estou feliz por ter você aqui, como você se sente?

Ele ergue a mão e eu a seguro.

-Está, tudo bem?

Ele abre mais os olhos e realmente eram de uma cor fascinante.

Sorrio. Ele deve estar surpreso com essa nova cultura e ainda não protestou, depois de chegar no Japão dessa maneira.

-Vai ficar tudo bem agora, peço desculpas pela minha falta de consideração antes... -acho que assim é mais amigável. -Vou me apresentar de novo. Eu sou Ryotsu Natsu, serei seu guia e te ajudarei em tudo, fiquei a vontade para me perguntar o que quiser.

Aperto sua mão. Eu quero poder ajudar ele da melhor forma.

-Farei o melhor. -sorri e Lutah continuo a me encarar e em silêncio.

Mas o quê?

-Um minuto. -digo a Lutah e pego meu celular discando rapidamente o número do meu chefe. Chamando ele para uma chamada em vídeo.

-Alô? Ah Ryo, como as cois...

-Por que não me disseram antes? Vocês já sabiam certo? Que ele não  fala inglês?! -grito enfurecido pelo celular.

-Ah, você ficou nervoso? Nós não te contamos antes por que sabíamos que você não ia aceitar cuidar dele.

-Mas é claro que eu não aceitaria! Como diabos vamos nos entender se ele não fala inglês?

-Que tal linguagem corporal? É uma boa ideia. -ele ri.

-Da para falar sério?

-Não se preocupe tanto Ryo, ao que parece ele sabe o alfabeto.

-Você acha mesmo que isso é o suficiente?!

Me assusto ao ver Lutah ao meu lado falando algo que eu não entendia e me sacudindo.

-Isso é mal, eu fico tonto quando se mexe rapidamente. Então boa sorte Ryo. Até mais.

-Kyoto não! Espera... Ele desligou.

Lutah começou a me sacudir mais rápido e falar coisas que eu não entedia.

-Acalma-se. Por favor para de me sacudir.

De alguma eu o entendo.
Provavelmente ele disse "por que tem um homem em uma caixa?"

-Tome eu te empresto. -passo meu celular para ele que pega o celular intrigado. -É eu sei. Ele desapareceu de repente.

Deus, eu realmente vou cuidar dessa cara?

Estou preocupado, porque realmente não vejo nenhuma forma de isso dar certo.