Capítulo 6.

1.6K 231 2
                                    

Acordo. Desligo o alarme, e deito sobre os meus travesseiros. Minha garganta está queimando e estou completamente suado. Respiro fundo e lentamente tento assimilar o do que por que eu estar doente.

Não lembro de nada que eu tenha feito que me fizesse ficar nessa situação. O que convenhamos é uma injustiça, se alguém deveria ficar doente nessa casa, não deveria ser eu.
Afinal não sou eu que fico andando pelado pelos cantos.

Com dificuldade eu consigo me sentar na cama. Todo meu corpo doía e eu estava com frio embora me sentasse quente. Eu não conseguiria ir ao trabalho ou levar Lutah a algum lugar.
Lutah...

Olho para meu canto lado na cama, e o chão está vazio.

-Lutah? -chamo fraco. Que sensação do inferno, eu odeio ficar doente!

Me deito de novo sem forças para chamar Lutah, pego meu celular na cabeceira e ligo para meu chefe.

-Chefe, sou Ryotsu. Eu estou muito... -Acabado tossindo no meio da ligação. - doente... Acho que não vou conseguir levar Lutah para a Universidade hoje...-respiro fundo. - Tem como alguém vir buscar ele?

-Doente? Você nunca fica doente.

-Bem... Agora estou. E parece que peguei todas as doenças de uma só faço. -tanto rir, mas a tosse mais uma vez me consome.

-Tudo bem, fique com o dia livre você e Lutah. Tenho que fazer alguns preparativos mesmo. Melhoras.

-Obrigado chefe, até logo.

Desligo o telefone, me viro na cama e estou disposto a passar o resto da minha vida naquele lugar quente e confortável.
Fecho os olhos deixando essa doença me consumir para um sono profundo, até que...

- Ryotsu. Acordar.

Afundo mais minha cabeça nas cobertas o ignorando, eu só precisava dormir.

-Ryotsu...?

Sinto o os toques insistentes dele tentando me descobrir e enfim tiro toda a coberta.

-O que foi?

-Fome.

É a sua única palavra, despreocupada com o mundo ou com as pessoas.

-Tudo bem Lutah. Espere um pouco.

Me sento e a leve tontura me atinge em cheio junto ao zumbindo angustiante, me movimentar parecia uma tortura.

Respirei um fundo e em único movimento eu me levantei, pisei sobre o colchão de Lutah e deixei meu corpo me levar automaticamente para os cantos da casa.

Meus olhos um pouco fechados e um pouco abertos não me pediram de esbarrar pelas paredes.

Acho que esbarrei muitas vezes, por Lutah colocou sua mão sobre meu ombro, me guiando.
Eu me sentia um morto vivo, e se não fosse pela barriga dele rocando eu certamente me esquecia o do por que levantei.

Finalmente cheguei a cozinha. Parando um pouco para pensar.
Resolvi não fazer nada.
Me voltei para o sofá e pedi simplesmente uma pizza.

Joguei meu corpo no sofá sem conseguir me esforçar mais nenhum centímetro.

-Estou morrendo.
Era tudo que eu dizia, parecia que as palavras faltavam em minha  boca, o fato era, eu estava morrendo.

Joguei os remédios em minha boca.
Lutah me fazer levanta foi útil.

Lutah. Ele estava sem blusa de novo.
Maldito. Ele deveria estar morrendo como eu, isso era injusto, ficar exibindo esse corpo por todo o lugar.
Deus como ele conseguia se manter assim?

Ele me encarou estranho e só então percebi que eu estava o encarando.

Me virei no sofá, tentando convencer a mim mesmo que o sangue quente se alastrando em meu corpo, era só a febre aumentando.

Depois de quinze minutos agonizando de febre a minha campainha finalmente toca.

Pedi para Lutah pegar a pizza, e pegar sem se preocupar com o troco.

No fim ele comeu a metade da pizza sozinho, e eu me encolhi no meu quarto novamente incapaz de algum contato humano.

Mas acho que Lutah não conseguia entender isso.

-O que você está fazendo? -pergunto quando sinto o meu outro lado do colchão afundar, e os braços morenos de Lutah sem permissão me abraçaram.

-Ryotsu. Dor. Lutah preo...cupado

-Você não pode fazer.

-Tribo, corpo fazer melhorar. Dor.

Meu deus.

-Certo. Entendi, pelo menos me deixe virar.

Volto todo meu corpo para sua frente e braços me puxaram mais para si, eu tremi.

-Dorme. -Ele disse. -Amanhã melhor.

Ouvi suas palavras atentamente mais ainda sim a sua presença não deixou que eu dormisse. Fechei os olhos e suas mãos passaram em meu cabelo, um sopro quente empalideceu meu rosto. E meus ouvidos antes atormentados por um zumbido foram substituído por sua voz rouca cantando baixo algo que eu não entendia, mas que abriu passagem para meu sono.

Dois dias passaram e eu ainda tinha a sua canção na minha mente.

-Presidente.

-Sim.

-Quando eu estive doente Lutah cantou para mim, quase como uma canção de ninar. Eu queria poder saber a letra

Ele me encarou e um semblante de lucidez apareceu em seu rosto.

-A tribo crescente não é de cantar, com letras, eles geralmente optam
pelo som mais acho que sei a que canção se refere. Na verdade não é bem uma canção de ninar, é como um ritual. Talvez essa não seja a palavra certa.
Mais vamos dizer ela assim mesmo, a canção é como ritual de morte.

-O quê?!

-Calma. Para os crescentes não a só um tipo de morte. A tanto a morte carnal, espiritual que é um pouco contraditório e adoraria explicar em outra hora. Mas bem, também a morte de praga, não a uma tradução muito específica para essa palavra, então acho que vou usar doença.

-Certo, continue.

-Assim como eles cantam para a morte, ou para o espírito morto, eles cantam para as doenças. Para que morram ou em outra palavra, para que partam. É um último recurso, quando não se sabe o que fazer.
Quando seus conhecimentos não são o suficientes, quase como deixar na mão de Deus. -Ele ri. -E também é para abrir o portal para a paz. A tradução é muito literal, não sei dizer se é especificamente isso. Por que passei mais tempo tentando entender a língua deles, e certos costumes. Mas rituais ou algo do gênero, eu não fui tão ao fundo. Essa é uma parte muito delicada para os crescentes que eles preferem deixar consigo mesmo.

-Entendi. Obrigado mesmo assim.

Me pergunto o que ele estaria cantando para mim?

                               ...


Permaneça ao alcance.
Perto da minha mente e coração.
  Mantenha a esperança de um novo amanhã.
Eu te verei logo.
Feche os olhos.
Eu te verei logo.
Fique perto.
Deixe que a paz preencha a agonia.
Feche os olhos.
Por que mesmo longe, eu ainda te verei logo.

Pela luz da sua Alma (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora