Eu sinto aquele estranho conforto de estar sendo abraçado, me sinto longe da realidade, descansado em um mundo que eu criei, e é mundo tão pequeno, se remete as paredes do meu quarto, a cama pequena, e os braços de Lutah.
Não quero abrir os olhos, não quero encarar a realidade de despertar.
A verdade de Lutah.
Estive fugindo disso por uma semana, ignorando seus avanços, sempre ocupado demais para lidar com essa expressão dolorosa que estava em seu rosto.
Mas não tinha outro jeito.
Me afastei do seu corpo.
Lutah havia se esgueirado para minha cama no meio da noite, me abraçado com força e antes que eu pudesse ter dito algo ele sussurrou.-Porque está fugindo de Lutah? -havia uma pontada de mágoa nas palavras
-Não estou fugindo. -menti.
-Porque não deixa Lutah te tocar?
-Você já não está me tocando? -retruquei.
-Me deixe te tocar Ryotsu. -insiste, mas eu não posso, não quero ceder.
-Lutah, volte para sua cama, está tarde, e estou com sono.
-Ryotsu. -sussurrou meu nome como se tivesse me pedindo algo, algo que eu sei que não poderia dar.
-Lutah… - fraquejei ao dizer seu nome, sentindo o calor da sua mão acariciando meu rosto.
-Me deixe te tocar. -era só o que ele pedia, e eu cedi virando meu corpo para o encontro do seu rosto.
Me faltou o ar quando seus olhos me encontraram na escuridão do quarto. Estávamos tão perto um do outro. Tão perto.
-Lutah sentiu sua falta.
-Não.
- O quê? -ele se aproximou.
-A forma certa de dizer é; Eu senti sua falta. -o repreendi, querendo de toda forma me manter longe, mesmo que eu ainda estivesse perto.
-Oh, então. Eu senti sua falta. - ele repetiu, encostando a ponta do seu nariz no meu.
-Você está muito perto Lutah.
-Lutah... Eu gosto de ficar perto de Ryotsu.
Sorri, mesmo não querendo.
-Posso te tocar? -ele perguntou.
Suspiro.
-A onde você quer me tocar Lutah? Eu não sou como as mulheres da sua aldeia.
Eu posso jurar que vi o semblante do seu sorriso.
-Não, você não é como elas.-A sua mão percorre meu peitoral e barriga, e por mais que estivesse com essa fina camada de pano, todas as minhas estranhas se reviraram com seu toque. A um nó no meu estômago, e essa respiração ofegante saindo pela minha boca. Sua mão foi de encontro com meu pênis mesmo que por cima da calça, eu pude sentir a pressão dos seus dedos. E eu quis desesperadamente mais do seu toque… - Você é quente.
-Não… -arfei. -não me toque ai.
-E se eu beija-lo?
-Não, isso de-de-definitivamente é impossível.
O empurrei, e só serviu para ele me prender mais em seu corpo.
-Quero beijar todas as suas partes. Meu Denahi.
Eu já havia perdido a sanidade.
A palavra Denahi era um alerta que eu deveria parar, era exatamente por ela que eu estava ignorando Lutah.
Porque eu não era, eu sei que não sou, não sou, ele deveria saber, eu tinha que falar, impedir de alguma forma, isso que estou sentindo.
Não, não é nada, não existe sentimento algum.
É tão fácil pensar, mas a única coisa que ganha espaço em minha mente e corpo é essa insegurança de não ser aceito por ele, da rejeição eminente quando ele olhasse para mim, no fundo do meu coração quero guardar isso para mim, mas não existe sanidade.
-Você não vai gostar. Não sou uma mulher.
Aperto minhas coxas uma na outra e me arrependi uma vez que a mão de Lutah está no meio delas e se prensou mais em meus pênis.
Gemi involuntariamente. Um descuido meu é Lutah estava deitado por cima de mim, tirando minha blusa e beijando minha testa, bochecha, pescoço… Meu corpo.
Chegando no meu ventre, eu me agarrei em suas mãos tentando impedir ele, mas estava fraco e suplicando pelo seu toque mas eu deveria saber.
Definitivamente eu deveria.
Lutah tirou minhas calças sem pressa alguma e logo depois em um movimento quase que angustiante abaixou minha peça íntima.
Meu pênis estava duro e pulsante, eu não consegui ver o seu a olhar para essa parte minha que ele também tinha.
Tudo que eu desejava era que ele tocasse logo. O mais rápido possível, eu precisava… Até em meus pensamentos o desejo era torturante.
Mas eu deveria saber.
Eu deveria.
Conseguia sentir a pressão do seus lábios mesmo que em toque sereno na cabeça do meu pênis.
Fechei meus olhos fortemente, mais nada aconteceu, quando abro novamente Lutah está de frente para mim, beija minha boca antes de dizer.
-Você é lindo.
É. Eu deveria saber. Um beijo era um beijo afinal.
Gemi de frustração, quando empurrei seu corpo para o lado e disse que precisava de um banho rápido.
Eu percebi naquele instante de agonia, que eu tinha perdido toda minha lucidez.
Voltei rápido para minha cama depois do banho e Lutah se aconchegou em mim, eu permiti, sabendo que seria a última vez.
Então, aqui estou eu, em pé.
Olhando para o nada, desatento sobre meu serviço quando uma imagem aparece, de começo penso ser Lutah, mas a imagem era um pouco baixa e menos robusta embora os traços fossem os mesmo, até as marcas vermelhas na bochecha.
Estava vindo em minha direção com o presidente do lado.
Definitivamente não era Lutah.
-Ryotsu deixa eu te apresentar, esse é Akita o segundo sucessor da aldeia, em outras palavras irmão de Lutah, ele já é fluente em nossa língua, não é incrível? Assim que eu soube pedi de imediato para busca-lo, ele vai ser um excelente substituto.
-Substituto?
-Você não soube? Lutah pediu para voltar. Fiquei muito triste com a notícia, mas…
Lutah, pediu para voltar?
Eu não, eu…
-Ryotsu você está me ouvindo? Ryotsu?
Voltei minha atenção para o presidente.
-Me desculpe senhor presidente. É uma prazer te conhecer Akita, seja muito bem vindo à nossa universidade, se não se importa eu vou… vou… É…
Algo me deixando angustiado, porque não fazia sentido nenhum.
Mas importava mesmo se ele pediu para ir embora?
Isso não seria melhor para mim?
Meu emprego estava salvo.
Lutah voltaria para seu povo.
E eu ficaria aqui.
Eu ficaria...
Ficaria...A Q U I
nunca pareceu tão solitário para mim.
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Pela luz da sua Alma (Romance Gay)
Romance(Uma história pequena, mas que escrevi com muito amor, espero que gostem.) Lutah é um índio nativo, que recebe uma bolsa para apreender os costumes de uma outra cultura. Ryotsu é um homem de 28 anos solteiro que se vê obrigado a cuidar de um até...