Pela luz da sua Alma (Romance Gay)

Epílogo

(Segundo Epílogo)

(Obs: Ouça a música no fim do capitulo)



Ryotsu

Eu nunca fui bom em dizer adeus embora sempre observei as pessoas constantemente indo embora da minha vida. Aceitei esse fardo sabendo que eu nunca amaria alguém o suficiente ao ponto que essas despedidas voltassem a doer.
  Mas eu nunca estive tão enganado.

  Eu não chorei, nunca chorei quando ele se foi, porque a sua partida foi a única ferida em meu coração, ele preencheu meus dias de luz sem pedir nada por isso, mas aos poucos eu estava me despedaçando, eu não conseguia sentir ele agora, porque eu esqueci;

  O timbre da sua voz;

  O prazer do seu toque;

  A forma do seu sorriso;

  O cheiro da sua pele;

  Os traços do seu sorriso;

  A cor do seus olhos.

E eu nunca fui bom em me despedir, mas a cada mês, eu esquecia algo, e tinha que dizer adeus não importava o quanto eu tentasse lembrar, eu sabia que eu não podia me agarrar a essas partes unilaterais. A sua forma só vivida em meus pensamentos.

   Eu sinto tanto agora, de todas as formas, e o que não doeu ontem, dói agora, se passou um ano e tudo que eu tenho são as lembranças de dezembro.
   Peço para se apressar, que se for para me quebrar, quebre de uma vez só, porque agora eu sou só a carne.

   Me revirei no sofá, não conseguindo dormir, todas as noites eram assim, eu não sabia que horas eram, mas não estava preocupado, não tinha trabalho, nem vida, poderia ficar aqui, para sempre, mas eu sabia que era só esse vazio se alastrando em mim.

   A campainha toca, me levanto embora sem forças, abro a porta despreocupado com quem seria, nunca havia preocupações afinal, sempre um dia atrás do outro, nada novo. Nada.
   Mas acho que já era inevitável sempre estar errado sobre algo.

- Meu Denahi.

Dei um passo para trás, a mente tropeçando em lacunas, o espaço se fechando, eu estava respirando, eu sabia, mas fiquei em órbita, então tudo se expandi, Lutah estava aqui.

Eu sei que estava, sei que está, então eu consigo sentir, a sua pele, o seu cheiro, o seu toque.
  Minha alma ficou manchada de amarelo, a cor dos seus olhos, a cor da sua chegada, a cor da minha felicidade e de dor também.

Eu procurava palavras, mas eu nunca precisei delas.

Deixei ele entrar, e me deixei cair em seus braços, uma vez mais.

-Prometa nunca mais ir. -o abracei, e era ele em toda sua forma, todos os seus músculos me pressionando, e eu estava bem.

-Eu prometo. Ryotsu eu...

-Está tudo bem Lutah, eu só preciso de você agora, preciso de você todo. Do seu corpo, do seu calor, do seu amor. Esse tempo todo, eu pensei que não sobreviveria, você ir só me fez perceber o quanto eu sou fraco. Eu não sei mais como viver sem você. Meu deus, talvez você não entenda nada.

Seu sorriso surgiu, e a palma da sua não acariciou meu rosto.

-Shiii, meu Denahi, eu aprendi, entendo você, entendo seus lamentos. Não precisamos mais dizer adeus. Posso ficar agora. Se você me achar digno. - todas as suas palavras eram de um pronúncia impecável, e me enchia de desvelo o coração saber que eu poderia conhecer tudo nele, cada pedacinho.

Sorri, sentido os pontos quebrados se concertando, e meu ser entrando em equilíbrio, Lutah me trazia paz. Me pergunto se ele sente o mesmo em relação a mim, o corpo deitado na grama, enquanto os galhos da árvore deixava pequeno trechos de luz adentrar na sombra fresca.

-Eu amo você. Você entende?

Lutah riu baixo, como eu nunca tinha visto antes, deu um passo para frente e abaixou seu rosto, sorriu  para mim antes de me beijar, antes de se aprofundar na minha alma sem pedir licença. Ele sempre criou um lugar só dele e contaminou todas as outras partes, pintando meu céu, ele é o único que poderia fazer chover, quando todas as cores se fossem.
Mas eu desejo que sempre esteja sol.

-Eu também amo você meu Denahi. Perdão pela demora, mas agora podemos passar a eternidade juntos.

Como é certeza que o sol nasce e se põem no fim da tarde, que a lua é nova e cheia, que as estrelas brilham no infinito, mas morrem no silêncio,  eu sei que…

-É tudo que eu mais desejo.
 
Até

                      o
 

                         
                                                         Fim.