•FIRST DATE• {Scorbus}

IV) All Your Little Things

                               S.H.M.

Os raios da manhã irrompiam da cortina entreaberta do dormitório, deixando os cabelos platinados de Scorpius praticamente transparentes. O menino estava com a cabeça sobre o peito de Albus, que estava com os braços sobre o amigo. Ambos dormiam um sono profundo, cada um deles imersos nos próprios sonhos, sem notar que a falta de pesadelos se devia ao fato de estarem com os corpos colados, dividindo calor e oxigênio. Um protegendo o outro.

O primeiro a despertar fora Scorpius, que possuía um sono leve e acordava diversas vezes na noite. Dessa forma, o sonserino estranhou quando olhou o relógio e viu que já se passara das 10:00.

O garoto se espreguiçou, mas sem antes notar que dormira abraçado ao amigo. O fato o fez sorrir.

" Bom, por isso eu dormi bem" pensou enquanto esfregava os olhos.

Não era a primeira vez que Scorpius dormia com o moreno, mas pela primeira vez notou o quanto isso lhe fazia bem. Geralmente ele possuía pesadelos envolvendo o falecimento de sua mãe, que o fazia acordar diversas vezes na noite. Essa insônia o fez virar amante da música pop, principalmente da One Direction e do Ed Sheeran. Ás vezes o loiro virava noites apenas ouvindo música ou vendo clipes. Era melhor que dormir um sono inquieto.

O que o salvava de dormir na aula era o milagroso café. Scorpius tomava aos litros, normalmente cinco ou seis xícaras cheias por dia.

Mas dessa vez, ele dormira por quase doze horas consecutivas, pelos simples fato de estar abraçado á Albus

Ele não sabia o que pensar sobre isso.

Claro, ele já notara o quanto gostava de uma forma extrema o melhor amigo. Ele só sabia que Scorpius era Scorpius pois tinha Albus sendo Albus. Simples assim.

Albus era a pessoa mais pessimista e irônica do mundo. Sem dizer o quanto era dramático, irritável e um rebelde sem causa.

Mas claro, tinha aqueles pequenos detalhes que Scorpius notara, que o fazia ser uma pessoa bastante amável; de certa forma, Albus era altruísta. Lembra se, bem claramente do seu quarto ano quando ele decidira ajudar Amos Diggory, mesmo sem nem ao menos saber fazer um simples feitiço de levitação. O moreno possuía uma coragem invejável, que provavelmente ele puxara da longa linhagem de grifinoríanos que possuía.

Scorpius então olhou para o amigo. Notou que ele tinha uma respiração compassada enquanto dormia. Notou também que suas sobrancelhas estavam levemente curvadas, como se ele estivesse pensando em coisas sérias e importantes enquanto dormia ( algo que não fazia nem acordado, quem diria ao dormir).

Scorpius também pensou o quão único Albus era, que odiava pijamas para dormir, mas usava-os durante o dia. Que dormia apenas depois de tomar chá ou chocolate quente. Que não era nenhum pouco vaidoso, mas nunca saia sem pelo menos dois anéis negros em cada mão e um bracelete. Que ficava com uma expressão um tanto engraçada quando alguém lhe falava algo e a lerdeza o impedia de entender de imediato.

E então o menino se assustou com os próprios pensamentos. Ele, pela primeira vez notou que apenas em pensar nas pequenas coisas que faziam de Albus ser o Albus, fazia se sentir em paz. Algo semelhante a estar embriagado, como se apenas os detalhes do menino fossem necessários para seu mundo ter mais sentido.

Albus se remexeu ao seu lado, abrindo os olhos extremamente verdes, no momento inchados pelo sono, e encarar o colega de quarto.

Scorpius estranhou o fato. Albus dormia tão pesado, que para acorda-lo em dias de aula era quase necessário jogar nele um balde de água. E, por ser o único colega de quarto, essa árdua tarefa cabia a ele.

- Bom dia- disse o platinado com uma voz rouca devido às longas horas de sono.

- Bom dia- exclamou praticamente murmurando, com sua voz,como de costume, profunda- Que horas são?

Scorpius olhou pela segunda vez naquela manhã o relógio da cabeceira da cama

- São 10:13

- Você sabe que poderia ter arredondado e falado de vez "quase 10:15"- disse sorrindo enquanto se sentava na cama e tirava o suéter, ficando apenas de regata. Albus demorava pra acordar, mas quando o fazia ia rápido. Só não trocava de roupa na cama mesmo pois tinha  vergonha do amigo. Scorpius nunca entendeu o porque.

- Ah sim, pois você perguntou "que horas são aproximadamente"- disse sarcástico enquanto caminhava até o banheiro para escovar os dentes, pegando suas roupas no caminho.

- Nossa, eu realmente sou uma má influência. Quando nos conhecemos você nem sabia o que era ironia- falou rindo. Scorpius, pelo barulho dos movimentos pouco habilidosos do amigo, notou que ele provavelmente estava colocando as calças; Albus tinha movimentos delicados de um elefante.

- Já tá muito tarde. Vamos ter que ir na cozinha e pedir aos elfos café da manhã - disse Scorpius, trocando de roupas no banheiro. Encarou o espelho arrumando os cabelos extremamente platinados, penteando eles para o lado. Não colocará uniforme, já que era domingo, então se vestia com uma blusa cinza, com os dizeres pretos e pratas "Star Kittens" e vários gatinhos Stormtroopers. Calçou seus tênis prateados com detalhes verdes que ganhará do pai, que dizia que "já que vai usar roupas trouxas pelo menos use da cor da sua casa". A lembrança o fez revirar os olhos.

Scorpius saiu do banheiro, encontrando um Albus já vestido com seu 'uniforme': calças jeans pretas, alguma blusa de qualquer banda formada por drogados roqueiros dos anos '80 (Scorpius leu The Cure, mas não fazia ideia de quem eram). Estava calçando seus All Stars pretos, tão surrados que quase se desfaziam, enquanto murmurava algo sobre como Minerva McGonnagal era uma mulher amarga que decidira que 10:00 era tarde para tomar café num domingo.

Como sempre mal humorado

Scorpius, ao contrário estava feliz. Ele era assim, sempre procurava qualquer motivo pra ficar feliz.

- Mas, hey como você 'tá? - perguntou Albus encarando o loiro,meio receoso, meio preocupado. Os garotos já haviam saído do dormitório e estavam a caminho da saída do Salão Comunal extremamente luxuoso da Sonserina.

Com um estalido na mente, Scorpius se lembrou dos acontecimentos da noite anterior. Era muito estranho ele ter esquecido de algo assim.

Esperou alguma forte onda de emoções.

Talvez tristeza;

Raiva;

Ou até mesmo ódio.

Mas a única coisa que o veio foi algo parecido com melancolia.

Logo depois, receio.

E, em seguida alívio, ao notar os olhos verdes de Albus o encarando, lembrando que não estava sozinho. Ele tinha Albus e todos as suas pequenas coisas.

- Estou ótimo Alby.

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