III) I'm Wide Awake

3.3K 416 635
                                    

A.S.P

Scorpius e Albus possuíam um sistema de comunicação que não necessitava de palavras; apenas com olhares, os meninos já entendiam se o outro estava entediado, se estava querendo conversar, ou até mesmo se não queriam mais comer aquele pedaço de torta.

Albus então deu graças à Deus pela comunicação muda entre eles, pois o garoto loiro mal entrará e Albus, notando o cansaço do amigo já disparou:

- Como foi o encontro? - disse, e pela primeira vez ele não fazia ideia do que Scorpius ia dizer; sua expressão era de alguém que viu um gatinho ser atropelado, e que depois alguém havia chegado e o incendiado.

- E uhmmm... Foi legal- disse enquanto, sem nem ao menos retirar os sapatos se jogou na cama de solteiro bem arrumada, que em segundos ficou totalmente amassada.

- Ah sim, deve ser por isso que você está saltitando de alegria- disse debochado, caminhando em direção à cama

- Possuo formas diferenciadas de demonstrar alegria- disse, sua voz saindo abafada por estar pressionada ao travesseiro.

- Scorpius Hyperion Malfoy, quando você 'tá feliz parece uma gazela vomitando arco-íris- explicou- enquanto, obviamente canta 'Happily' com uma voz muito semelhante á uma foca engasgada.

O garoto suspirou e levantou o rosto do travesseiro; a cara amassada e as bochechas coradas devido ao sol que enfrentara durante a tarde.

Nota mental: rezar para fazer sol todos os dias.

- Quer que eu seja sincero?

- Sempre- Disse seriamente Albus.

- Foi decepcionante de uma forma avassaladora.

- Porque, ela te disse algo? Ela foi grossa? Ela te machucou?- Perguntou alarmado, com o sangue já fervendo em seus tímpanos. Machucar Scorpius não era só terrível como anti ético. Seria algo como chutar filhotinhos de panda.

- Que? Não. Quero dizer, não intencionalmente

- Então, ...?

- Lembra quando tínhamos oito anos e acreditávamos no Papai Noel? E que ficávamos o ano inteiro esperando pelo dia em que iríamos descer as escadas e encontrar uma embalagem gigante daquilo que mais queríamos?- disse olhando para nenhum ponto fixo, enquanto mexia nervosamente num fio solto da colcha- Até que um dia seus pais te contam que aquilo é mentira, e sua vida parece desabar; parece que tudo foi uma grande mentira, incluindo a sua felicidade

- Isso foi tão melancólico que subitamente eu quero me jogar da Torre de Astronomia- disse o maior - Mas, o que isso tem a ver...?

Scorpius já estava acostumado com a lerdeza do amigo, então só suspirou pela 30ª vez no dia e disse:

- Rose é meu Papai Noel; os presentes são o amor que achava que eu sentia, e a conversa com os pais foi esse encontro- explicou mais pausadamente, finalmente encarando Albus- mesmo sabendo que a culpa não é dela, que minhas expectativas não são um tipo de régua, sinto... não dor, mas um vazio no exato local em que estava Rose que eu iria me casar um dia.

- Mas isso é algo ruim? Quero dizer sua vida vai ser infinitamente mais fácil...

Albus realmente não entendia. Se de alguma forma ele pudesse se desapaixonar pelo melhor amigo, ele o faria; tornaria tudo internamente mais fácil

- É como se...- momentaneamente o garoto se calou, e Albus notou que ele iria tentar falar de forma simples. Scorpius era acostumado com a lerdeza do amigo, por isso costumava a usar metáforas. Potter entendia mais facilmente- eu estivesse dormindo; o sonho era ótimo. Porém de repente eu acordo. E agora não sei o que fazer, porque sempre dormi. Nunca fiquei acordado.

Subitamente, Albus sentiu a necessidade de abraçá-lo, e dizer que ele estava ali.

E assim o fez .

Albus passou os braços ao redor do loiro, que por ser menor, foi praticamente envolvido pelo sonserino. Seus olhos se fecharam quando seu rosto se encontrou com o suéter verde do amigo.

- Sabe não sou bom em dar conselhos- pronunciou-se o mais alto, com o queixo pressionado sobre a cabeça de Scorpius- geralmente eu sou o melhor amigo gay com baixa autoestima e que faz as coisas sem pensar. Então não vou te dar um conselho; vou te fazer uma promessa: ficarei ao seu lado. Esteja você acordado ou dormindo; com ou sem brinquedos do Papai Noel. Sempre.

-&-&-&-&-&-&-&-

-Como você notou? - Albus pronunciou-se , minutos depois, os dois ainda na cama do garoto, porém agora deitados. Era comum que eles ficassem ombro á ombro na mesma cama quando ficavam tristes; aliviava Scorpius, mas deixava Albus, por assim dizer, nervoso. Não beija-lo era algo praticamente impossível - Foi algo súbito?

- Bom, não foi só uma coisa. O encontro em si até que foi bom; conversamos, isso foi quando eu comecei a notar as diferenças, já que o máximo que já havíamos trocado foi um 'Sai Malfoy', 'aceita sair comigo Rose?' e 'não'- disse olhando para o luxuoso, verde, prata e de certa forma desnecessário, bem Sonserino por assim dizer, dossiê da cama- mas acho que foi o beijo.

- Vocês se beijaram ?!- disse com raiva, ciúmes e surpresa. Não era coisa do Scorpius fazer isso; seu primeiro beijo foi aos quinze anos e até onde ele sabia ( não, ele tinha certeza) ele era virgem

- Tecnicamente... Sim. Eu esperava que quando a beijasse eu notaria que ainda a amava, e que só fora daquele jeito por que era o primeiro encontro.

- E como foi?

- Foi normal. Quero dizer, ela até beija bem mas... eu não vi fogos de artifício.

- Fogos de artifício? - perguntou, internamente achando fofo o fato do garoto pensar como uma mocinha de romance- e depois palhaços dando mortais?

- Algo assim- disse, sorrindo pela primeira vez- Nosso primeiro e último beijo foi desnecessário e decepcionante. Igual esse dia- disse o menino, sua voz diminuindo o tom, fechando os olhos e se entregando ao sono em questão de segundos.

Albus ficou mais algumas horas acordado, observando a respiração do menor; ele então o abraçou por trás, e rezou para que o amigo não se incomodasse. Ele poderia usar a clássica desculpa: 'A cama era muito pequena'

Ele tinha que dizer que o amava.

Ele não aguentaria para sempre.

-&-&-&--&

Tchau minhas princesas e princesos

All the love Xxx

•FIRST DATE• {Scorbus}Onde histórias criam vida. Descubra agora