Capítulo 7 - A Revelação

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"J: O que havia de estranho naquele local? O que a fez desconfiar que alguma coisa não estava bem?

A: Demasiadas coisas... Pequenos pormenores.

J: Pode dar um exemplo?

A: Acredite, o que não me falta são exemplos".

Annelise não sabia como reagir. Aquelas letras entranhavam-se no seu cérebro, não conseguindo apagá-las, nem por um segundo. O dossier de Mariah estava acessível a qualquer pessoa que digitasse o seu nome no sistema, mas a informação que continha era completamente surreal.

Quando se apercebeu que Hannah se aproximava, colocou tudo normal e saiu de trás do balcão da receção.

- Annelise? – chamou Hannah, quando entrou no corredor.

- Sim... - respondeu.

- O senhor já não estava no local. Será que alguém o ajudou?

- Não sei... Estava perto a enfermeira Elizabeth. Talvez tenha conseguido chegar antes.

- Ok! Obrigada, de qualquer forma. Alguém ligou?

- Quem? – Annelise ficou nervosa. Estaria ela a aperceber-se de alguma coisa?

- Se alguém ligou, para o telefone? Estás estranha amiga! Estás bem?

- Ah, não... Estou bem, estou a precisar de descansar. – Annelise acenou com a mão e apressou-se a chegar ao seu quarto. Estava melhor desde que tinha acordado do coma. Tinha pedido para trocarem a lâmpada irritante que teimava em piscar, conseguiu colocar uma melhor televisão na divisão e decorou-o minimamente com pequenos adereços. Tinha recordado que gostava de margaridas e, sempre que podia, pedia a alguém do exterior para trazer algumas do jardim, que sabia haver no exterior do recinto hospitalar.

Sentiu-se mais aliviada quando repensou toda a sua ação. Hannah não tinha desconfiado de nada e ela tinha conseguido seguir mais um pouco a sua investigação. Claro que o objetivo era saber o paredeiro do Dr. John, ou qualquer indício do que lhe podia ter acontecido. Mas teria de confrontar Mariah, como era de esperar. As revelações que tinha encontrado dela eram demasiado estranhas para serem ignoradas.

Sentou-se na cama, recolhendo os joelhos até ao seu peito. Respirou fundo, tentando interiorizar a situação. Começou a delinear um plano na sua cabeça. Assim que confrontasse Mariah, iria perguntar-lhe pelo Dr. John e tudo iria depender da sua reação. Seria mais fácil trama-la após a colocar numa posição complicada.

Não foi preciso esperar muito tempo para que Mariah viesse ao seu encontro.

- Annelise, estás aí! Ao tempo que estou à tua procura. – disse Mariah, assim que viu a sua amiga, com um enorme sorriso no rosto.

- Por acaso também precisava de falar contigo...

- Pela tua cara, parece ser sério...

- Há quanto tempo estás aqui a trabalhar?

- Há quatro anos... - gaguejou Mariah. – Porquê?

- Engraçado... Eu conseguia aceder ao sistema...

- Qual sistema?

- Do hospital...

- O QUÊ? COMO?

- Não interessa como Mariah! Interessa que consegui!

- Mas o que procuravas? Porquê que não falaste comigo?

- Porque sempre que te pergunto alguma coisa, tu tentas-me enrolar com uma história qualquer sem fundamento! Eu não sou burra Mariah!

- Eu sei que não...

- E li o teu dossier...

- Qual dossier?

- O que se encontra no sistema do hospital. Pelo que percebi, todos os funcionários têm um...

- Eu... eu... posso explicar.

- Por acaso até estou curiosa para saber como é que morreste há quatro anos.

AnneliseOnde histórias criam vida. Descubra agora