Annelise

Capítulo 12 - Tudo muda...

"J: Mas parecia feliz...

A: E estava...

J: Então, o quê que mudou?

A: (Silêncio) Demasiada coisa."

Após aquela noite, Annelise e John saíram muito mais vezes. As estrelas passaram a ser suas parceiras de crime. Ninguém desconfiava de nada, e a adrenalina aumentava sempre que alguém quase os apanhava.

Annelise e John estavam felizes, juntos. Quase todos sabiam deste romance e Mariah acabara por se afastar de vez. Annelise não queria saber, estava bem e feliz. Os sonhos apareciam com pouca frequência e tinha esperança de um dia sair de vez daquele hospital.

- Já pensaste em um dia sair daqui? – perguntava Annelise a John, enquanto ambos observavam a lua.

- De Fizerland? – questionava John, ainda meio distraído.

- Não... Quer dizer, não sei. Eu apenas falava em sair deste hospital.

- Só não saiu deste hospital porque tu estás aqui. Eu apenas trabalho aqui. Mas vou fazer de tudo para que tu tenhas alta!

- Achas que consigo ter alta? A mim parece-me que nunca mais sairei daqui...

John aproximou-se mais de Annelise, virando a sua face para ele.

- No que depender de mim, sairás. E o mais rápido possível! – Annelise sorriu e beijou-o. Ele era maravilhoso e se estava a prometer ajudá-la, sabia que ele iria cumprir.

Desde esse dia, John tinha realizado vários relatórios acerca das sessões de fisioterapia, demonstrando que Annelise estava cada vez melhor. A direção mostrava-se apreensiva, pedindo sempre mais pormenores, mas ele ripostava sempre. Começava a ver a luz ao fundo do túnel.

- O que vais fazer logo à noite? – perguntou John, quando viu Annelise sentada no refeitório.

- Sei lá... Dormir?

Ele sorriu. Com certeza teria ideias melhores. Ela adorava este mistério dele, querendo sempre surpreendê-la.

- Então põe-te bonita, mas prática... Vamos a um sítio especial!

Annelise sorriu e só não o beijou ali porque estavam demasiadas pessoas na mesma área que eles. À noite, arranjou-se o melhor que conseguia com aquilo que tinha. Calçou umas sapatilhas práticas, caso fosse necessário correr. Enquanto se arranjava, era impossível não sorrir. Estava feliz, completa, pela primeira vez em muito tempo.

Assim que eram 22:00, ele chegou, lindo como sempre.

- Estás pronta? – sussurrou ele, com um ar mais misterioso do que o costume.

- Sim... - sorriu ela, não conseguindo conter o risinho nervoso.

Ele colocou o dedo sobre os lábios, mas sempre a sorrir. Silenciosamente, percorreram os longos corredores. Chegaram a uma ala do hospital que ela não conhecia. Assim que se apercebeu que iriam para o exterior, ficou intrigada.

- Onde vamos? – perguntou ela.

- Shhhhhhh! Já vais ver.

Continuaram a caminhar até uma porta que dizia "saída".

- John, onde vamos?

- Vou tirar-te daqui! – sorriu ele. Abriu a porta com uma chave e abriu-a.

O caminho estava deserto e lá estavam as estrelas a vigiá-los. Mas nada importava. Ele estava prestes a tirá-la dali, após aquele tempo todo. Não sabia se seria apenas por uma noite ou para sempre. A verdade é que ela estava tão feliz que era impossível explicar. Finalmente ia sair dali, finalmente iria-se sentir livre, respirar o era puro que nunca eram suficientes naquelas noites que vinham admirar as estrelas.

Caminharam apressadamente até ao portão, de mão dada, e ele abriu com outra chave. O ruído do portão era notório, mas eles pareciam não se aperceber. Saíram e começaram a caminhar o mais depressa que conseguiram.

- John, tu és louco! – dizia ela, quando se ouviu um tiro e sentiu sangue quente na sua cara.