Quatro

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Olá! Como estão? Estão gostando da história? Espero que sim!

Quero fazer um agradecimento especial a NatyCury! Obrigada pelos votos e comentários <3

E claro que a pequena Everdeen_Voraz também merece, afinal, se não fosse ela, quem ia deixar dez mil comentários em um único capítulo? Hahaha! Obrigada <3

Boa leitura!


***

Após aquele episódio, Nathaniel começou a conversar comigo, mesmo quando estávamos esperando por Armin no corredor. Na sala também, sempre que a professora fazia alguma pausa, ele falava, apesar de não ter tocado no assunto sobre seus machucados.

Algumas semanas passaram. Eu contava os dias para ter as próximas aulas de reforço, e Gabrielly brincava que eu só estava empolgado por causa de Nathaniel. Não era mentira, mas eu não queria admitir. E, por falar em Gabrielly, notei que ela começou a ficar um pouco distante, pensativa. Tentei perguntar a Rosa o que ela tinha, mas nem ela sabia. Então, combinei que quando fossemos esperar por Armin, ela daria um jeito de deixar Alexy e Priya longe para que eu pudesse falar com ela.

Dei um jeito de puxá-la para ir na frente, e quando chegamos no corredor, ela virou para trás e notou que estávamos sozinhos.

— Cadê a Rosa e os outros dois? — perguntou ela, estranhando.

— Não sei, devem ter ido no banheiro... Gabs, o que você tem? Tá tão avoada esses dias — comentei amigavelmente, querendo que ela não se sentisse pressionada.

— Nada não — falou, encarando a parede.

— Tem certeza? Sabe que pode desabafar comigo, se quiser, não sabe?

Ela me olhou, parecendo considerar.

— É que... Você não tem mais uma paixonite pela Priya, tem?

Parando para pensar, eu mal pensei nela nas últimas semanas.

— Não, não tenho mais. Por quê?

— Hm... É que ela anda meio... grudada demais comigo.

— E o que tem isso? Você sempre andou grudada com a Rosa.

— Sim, mas é diferente, eu acho... É que... a Priya me chamou pra conversar depois da aula.

— Quando?

— Hoje... Ela me escreveu um bilhetinho dizendo que queria conversar comigo na sala de geografia.

— Mas o que isso tem a ver com minha paixonite?

— Bom, eu não sei... — falou lentamente, dando de ombros. Eu sabia que ela estava preocupada. — E se ela for... lésbica?

— Não, ela não é — soltei, convencido, lembrando de como ela ficava animada quando eu puxava assunto.

— E como você sabe?

— Ah, ela não tem cara de quem é... — Ou será que eu estava sendo precipitado? Até porque ninguém me olhava e dizia que eu era bi. — Por isso tá nervosa?

— Sim.

— Mas você sente alguma coisa por ela?

— Eu... Não sei. — Ela soou confusa. — Eu sempre achei ela muito bonita, mas nunca tinha parado pra pensar nisso assim.

— Talvez ela queira desabafar com você — cogitei.

Ela considerou a ideia.

— É, pode ser.

— Então não deixe ela esperando.

— Vem comigo? — pediu, fazendo um beicinho pidão.

— Mas...

— Por favor. Só me acompanha até a sala.

— Tá bom, vai.

Gabrielly segurou minha mão e seguimos juntos, dessa vez sem Armin ou Nathaniel. Paramos próximo à porta da sala de geografia, e de canto, vimos Priya sentada na mesa do professor, esperando. Dei uma leve apertada na mão fria de minha amiga, e ela me deu um sorrisinho nervoso antes de entrar.

Segui para a sala de matemática e peguei meu lugar de costume. Os outros alunos chegaram, inclusive Armin, mas nada de Nathaniel. Será que ele tinha ido para casa?

Alguns minutos se passaram, a professora chegou e começou a matéria do dia. Pouco depois, Nathaniel apareceu na porta, como se tivesse vindo correndo, e quase bateu no batente da porta, por pouco. Ele me encarou com os olhos arregalados antes de sentar na carteira ao meu lado, respirando rápido.

Como ele notou que a matéria já estava sendo explicada, me olhou rapidamente, como se quisesse dizer algo, porém, buscou seu caderno na mochila, pegou uma folha solta e começou a escrever. Assim que terminou, jogou rapidamente a folha na minha mesa, para a professora não ver, e eu a abri na frente do caderno.

Você não vai acreditar no que eu vi.

O que você viu?, escrevi de volta.

Vou te falar depois.

Por que não fala logo? Pra que fazer suspense?

Eu sou o rei do suspense.

Revirei os olhos, ainda mais curioso, e deixei a folha no meio do meu caderno. Tentei voltar a prestar atenção na aula, e de vez em quando notava Nathaniel me lançando olhares travessos, como uma criança que sabia um segredo e queria que todos soubessem que só ele sabia.

A professora saiu da sala depois de passar uma atividade de quatro páginas de contas para entregarmos na próxima aula, e Nathaniel me olhou, parecendo ansioso, e virou rapidamente para Armin, provavelmente pensando que ele poderia ouvir a conversa. Então, ele virou e começou a guardar o material. Fiz o mesmo, e logo saímos da sala.

— Tá com pressa? — brincou Nathaniel.

— Talvez. Já que alguém não vai me conta logo o que viu, melhor eu esperar deitado na minha cama — ironizei.

— Que nervosinho — zombou. — O que acha de fazermos o trabalho na sua casa hoje?

— Por quê?

— Porque eu sei que você não é lá muito bom em contas, sabe.

— E você é, por acaso?

Saímos da escola em um passo apressado.

— Sou sim. Muito bom.

— Então o que você tá fazendo numa aula de recuperação? — provoquei.

— Eu só comecei a ir por causa do Kentin. Ele não queria ir sozinho. Bundão. — Ele riu de alguma piada interna.

— Sei.

— Se não acredita, pergunta pra professora.

— Eu não, não sou enxerido... Não vai falar o que viu?

— Alguém aqui tá curioso... — Seu sorriso aumentou.

— Lógico, você chega todo horrorizado, parecendo que viu um macaco vestido de palhaço.

Nathaniel soltou uma gargalhada.

— De onde diabos surgiu isso? Aí eu não ia ficar horrorizado, ia chorar de rir.

— Vai falar ou não, caramba?

— Quando chegarmos na sua casa, eu conto.

Suspirei ruidosamente, o que só o fez sorrir mais.

— Espero que essa espera valha a pena.

O Garoto da Calça Rasgada - Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora