Doze

1.2K 174 173
                                    

Meus pais conseguiram folgar no fim de semana e vieram para casa. Graças à percepção de mãe, dona Valérie suspeitava de que minha animação não era simplesmente por causa da prova de matemática, e eu tive que achar outras desculpas, mesmo com ela insistindo que aquilo tinha cara de amor.

Mas aquilo não foi o pior de tudo. Enquanto assistíamos um filme, ela perguntou se eu já tinha ficado com alguém. Fiquei com vergonha, mas respondi que sim. Não sei por que diabos, mas ela perguntou se eu já tinha ficado com algum menino. Eu praticamente fiquei em choque, e ela rapidamente admitiu que, na minha idade, ela tinha ficado com algumas meninas por curiosidade.

Depois daquilo não pude mentir, e ela me apertou contra o peito em um abraço exagerado, dizendo que independentemente da minha "escolha", ela e meu pai me amariam da mesma forma. Meu pai, que estava ao lado, confirmou.

Infelizmente o fim de semana passou logo. Meus pais foram embora na segunda de madrugada e eu os acompanhei até a rua. Voltei a dormir e acordei animado para ir à escola, ansioso para encontrar Nathaniel e saber seus avanços.

Não o encontrei, então fui diretamente para a sala, sabendo que eu estava adiantado até demais. Fiquei rabiscando um dos meus cadernos para ajudar o tempo passar, até que ergui o rosto para uma movimentação na porta, achando que era Nathaniel. Me desapontei, já que não era ele, mas estranhei por ver um garoto desconhecido andando até mim.

Ele era bronzeado, de cabelos loiros e olhos verdes. Sem dúvida vinha do litoral.

— Essa é a sala de literatura? — indagou ele, abrindo um sorriso de canto.

— Sim.

— Então estou no lugar certo... — Ele me analisou por alguns segundos. — Qual seu nome?

— Castiel.

— Sou Dakota, ou Dake, como quiser. — Estendeu a mão em minha direção.

Trocamos um aperto rápido, e ele ocupou a carteira da frente. Assim que o menino se sentou, consegui ver outra pessoa parado na porta da sala, e daquela vez fiquei feliz. Nathaniel fez sinal para que eu fosse até lá, e eu rapidamente caminhei até ele.

— De onde esse cara saiu? — perguntou, cochichando, indicando Dakota com o queixo.

— Não sei. Deve ser aluno novo. Ele perguntou se essa era a sala de literatura.

Nathaniel observou o garoto com ar de desdém.

— Que foi?

— Eu detesto surfistas.

— Como você sabe que ele é surfista?

— Cabelo loiro, pele bronzeada, músculos e tatuagens. Precisa de mais alguma coisa?

— Mas por que você não gosta deles?

— Porque surfistas são folgados. Acham que são donos de tudo e que podem conquistar qualquer um só porque tem uma prancha.

— Experiência própria, é? — perguntei rindo.

— Mais ou menos. Já briguei muito com esse tipo de cara.

— Um folgado falando de outro — provoquei.

Nathaniel semicerrou os olhos, me encarando, e me deu uma cotovelada de leve no braço.

— Até depois.

Fiquei ali o suficiente apenas para acompanhar Nathaniel com o olhar até que ele entrasse em sua sala, e avistei Gabrielly e Priya chegando. Quase juntos, chegaram Alexy e Rosa.

Fui "obrigado" a apresentar Dakota para meus amigos, já que ele se virou para nós quando nos sentamos. Ainda assim tinha quase certeza de que se eu não o tivesse feito, ele faria sozinho ema lgum momento. De qualquer forma, o professor o chamou para apresentá-lo à sala.

O Garoto da Calça Rasgada - Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora