— Quer dizer que você quer duas baguetes de queijo? — perguntei, mais querendo distrair Nathaniel, quando o encontrei deitado no sofá da sala.
— Que? Quem disse isso? — Ele me olhou, sobressaltado.
— Você. Enquanto dormia.
Pela primeira vez, vi suas bochechas ficando vermelhas. Ele se sentou, de olhos levemente arregalados de apreensão.
— O que eu falei?
— Nada demais. Você resmungou algumas vezes, achei que estava acordado, então perguntei se você queria tomar café, e você disse "duas baguetes de queijo". — Eu não consegui segurar o riso.
Ele pareceu envergonhado.
— Só isso?
— Sim. Só. — Talvez se eu falasse que ele estava quase chorando, ele sairia correndo, do jeito que é.
— Duas baguetes de queijo não é má ideia. — Deu de ombros.
— Tá certo, vamos comer.
Fomos para a cozinha, peguei o saco de papel onde estavam as baguetes de ontem e deixei na mesa, junto com a manteiga. Liguei a cafeteira, coloquei a água, o filtro e o pó de café, e quando me virei, Nathaniel já estava sentado, cortando uma das baguetes com a mão.
— Calma aí, né — falei, indo até a gaveta de talheres e tirando uma faca de ponta, uma redonda e duas colheres de café, e as deixei sobre a mesa. — Não vai esperar o café ficar pronto?
— Eu tô com fome... — Ele colocou um pedaço do pão na boca.
— Quando foi a última vez que você comeu?
— Hm... Ontem, no café.
— Da tarde?
— Não, da manhã.
— Você tá há vinte e quatro horas sem comer nada? — perguntei, espantado.
— Acontece — respondeu, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Como assim? Não tem comida na sua casa?
— Claro que tem. Eu só não fico lá pra comer.
— Por quê?
— Quanto menos tempo eu passo em casa, mais feliz fico.
Pensei em perguntar sobre aquilo, mas a cafeteira fez barulho, indicando que seu trabalho havia terminado. Deixei a jarra sobre a mesa e trouxe a garrafa de leite, um pote com alguns pedaços de queijo variados e duas xícaras. Também peguei o pote de açúcar e me sentei.
— Pronto, pode comer.
Nathaniel serviu-se de café e tomou um gole antes de passar manteiga em seu pão.
— Não coloca açúcar no café? — perguntei, fazendo uma careta.
— Claro que não. — Ele riu. — Café bom é café puro.
Me servi de café, açúcar e um pouco de leite, e tomei um gole.
— Sabia que pessoas que tomam café sem açúcar têm tendências psicopatas?
Ele ergueu uma sobrancelha e abriu um sorrisinho estranho.
— E você acha que eu pareço ter uma tendência dessas?
— Com esse rosto todo machucado, fica fácil acreditar que sim — brinquei.
Seu sorriso aumentou, deixando de ser estranho.
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O Garoto da Calça Rasgada - Amor Doce
FanfictionOlhei para o lado. A minha primeira visão foi a região dos olhos dele. Ele tinha tomado um espaço em meu travesseiro e seu rosto estava perto do meu. Analisei seu rosto. Ele parecia tão tranquilo. Será que ele conseguia dormir assim em sua casa...