Seis

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Olá, pessoinhas!

Espero que gostem desse capítulo :3

Boa leitura!


***

— Apanhei — falou Nathaniel, com a voz rouca.

— Tentaram te assaltar de novo...? Mas...

— Não — interrompeu, indo para trás, se apoiando no encosto do sofá. — Meu pai me bateu — cochichou, como se estivesse com vergonha de admitir.

— Como...? Por quê...? — Eu não sabia o que fazer com as mãos. Queria confortá-lo de alguma forma, mas não sabia como.

— Eu sou um filho sem causa — respondeu, dando um sorrisinho, e fez uma careta. — Ai, meu nariz.

— Tá quebrado? — perguntei, com certo desespero.

— Acho que não.

Ergui a mão devagar, para caso ele quisesse me parar, e tentei tocar seu nariz o mais levemente possível. Como ele não recuou ou resmungou, não devia estar machucado.

— Se tivesse quebrado você estaria morrendo de dor...

— É, acho que sim.

Voltei as mãos para o colo, apreensivo.

— Por que seu pai te bateu?

— Ah, tantos motivos. O mundo estar do jeito que é, é motivo pra ele ter me batido. Acho que ele se segurou durante muito tempo. Eu tirei o pino da granada hoje... Pode me dar um pouco de gelo?

Corri para a cozinha, peguei cubos de gelo e os coloquei em um pano de prato limpo. Voltei a sentar ao lado de Nathaniel e lhe entreguei a trouxa, e ele a colocou sobre o nariz, fazendo uma careta.

— Isso foi agora pouco?

— Uns vinte minutos atrás, meia hora no máximo.

Eu não sabia se insistia em saber o motivo dele ter apanhado ou o deixava descansar. Ele parecia prestes a desabar de cansaço.

— Quer tomar banho? — sugeri, e ele riu.

— Agora eu posso tomar banho aqui? — perguntou com um tom irônico.

— Isso não é hora pra piadas.

— Piada não tem hora.

— Tem sim. E não é agora. Vai.

Levantei, o puxando pela manga da blusa moletom, peguei sua mochila pela alça e subimos depois de eu apagar as luzes daquele andar.

— Você trouxe roupas?

— Eu peguei algumas que estavam no quarto, mas não sei o que eu peguei.

— Olha aí, então, se você precisar de alguma peça, eu te empresto alguma. — Entreguei a bolsa a ele e indiquei o banheiro do segundo andar.

Nathaniel entrou, acendendo a luz, e eu tratei de fechar a porta. Encostei na parede oposta, soltando um suspiro pesado. Eu não conseguia entender como ele ainda conseguia ter alguns resquícios de bom-humor depois disso tudo. Ou Nathaniel fez algo realmente ruim, ou o pai dele é um monstro.

Com o silêncio da casa, ouvi Nathaniel xingar baixinho algumas vezes, talvez sentindo dor em algum local do corpo. Após alguns segundos, a porta abriu e ele colocou a cabeça para fora, e me viu ali.

— Cadê aquele seu shampoo? — indagou abrindo um sorrisinho gentil.

— É sério?

— Seríssimo.

O Garoto da Calça Rasgada - Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora