Tenten Hiden: As Brisas da Primavera que Aquecem o Coração

Capítulo IX: Desabroche, Ino!

      Ao escaparem da emboscada dos verdadeiros membros ANBU, as kunoichis continuaram sua corrida pela floresta até alcançarem os limites da aldeia. Alguns ninjas tentaram rastreá-las, mas elas conseguiriam livrar-se deles com facilidade. Ao saírem da floresta, percorreram uma extensa planície até encontrarem um lugar cheio de rochedos, onde poderiam descansar e se esconderem ao mesmo tempo.

      Tenten estava exausta, seu corpo ainda não se encontrava em boas condições para uma luta devido ao embate que teve com os sequestradores na Vila. Além disso, o golpe que levará no peito por um dos ANBUs agravou as dores em suas costelas e no abdômen. Ino deu-lhe alguns analgésicos para dor e usou seu ninjutsu médico para potencializar os efeitos dos medicamentos.

      - Ela está bem? - perguntou Hinata, ao ver Ino saindo da barraca.

      - Precisa descansar. Logo estará disposta de novo - respondeu, para o alívio da amiga.

      Ino sentou-se do lado de Hinata, que se prontificou a montar vigília. Eram cerca de 2 horas da madrugada. O céu cintilava de estrelas e uma brisa calma soprava por ali.

      - Foi minha culpa isso tudo ter acontecido - lamentou-se a Yamanaka - Eu deveria ter imaginado que os horários de troca dos vigias teriam sido mudados após o sequestro de Ohana.

      - Não se culpe. Você fez o seu melhor e, apesar de tudo, estamos bem. Conseguimos escapar e isso é o que importa - Hinata tentou reconfortá-la.

      Ino suspirou e, com os olhos mirando o céu, confessou à amiga:

      - A verdade é que eu me sinto uma inútil quando o Shikamaru e o Choji não estão comigo. É como se minhas habilidades só servissem quando eles estão por perto - continuou - Shikamaru é uma ninja e tanto, inteligente e estrategista; e Choji tem habilidades muito fortes em um combate corpo a corpo. Quanto a mim...

      - Não diga isso, Ino. - repreendeu a kunoichi - Na guerra você desempenhou um trabalho e tanto, mostrou que é uma ninja com muito potencial e habilidosa também.

      - Isso foi na guerra, mas e agora? Pela minha burrice quase fomos capturadas.

      - Nós estamos aqui e não fomos capturadas - pontuou Hinata, com seu jeito manso de falar - Depois do que aconteceu, montaremos uma tática de combate e isso não ocorrerá de novo - afirmou.

      Ino suspirou mais uma vez e encarou a amiga por alguns segundos. Mudando de assunto, ela perguntou:

      - Hinata, no hospital, quando concordou em ajudar a Tenten, você disse que havia aprendido com uma pessoa que quebrar regras para ajudar um amigo é o que um verdadeiro ninja faz. Você estava se referindo ao Naruto, não é?

      A Hyuuga foi pega de surpresa com essa pergunta. Seu rosto recobriu-se de uma cor vermelha, estampado sua vergonha em falar sobre aquilo. Ino continuou com as perguntas:

      - Hinata, você já agiu ou decidiu algo alguma vez sem pensar no que o Naruto faria?

      - Bem... Eu... - ela titubeou, enrubescida.

      Vendo a dificuldade da amiga em falar sobre o assunto, Ino tentou deixá-la confortável:

      - Somos amigas, não é mesmo? Não precisa ter vergonha, Hinata.

      Para a surpresa de Ino, a Hyuuga começou a falar sem hesitações:

      - Eu sempre o admirei, desde a academia. Sabe... Eu me sentia uma inútil naquela época. O desprezo que o meu pai tinha por mim tornava-me cada vez mais deprimida. Eu era a herdeira do clã, mas não tinha o talento do meu pai e nem chegava aos pés do Neji. Eu era a vergonha da família. Porém, ainda assim, as pessoas me admiravam, simplesmente por ser uma Hyuuga da família primária - os olhos dela refletiam uma leve melancolia - Por outro lado, mesmo o Naruto não sendo o melhor aluno da sala, mesmo ele tendo toda a Aldeia virando as costas para ele, o Naruto não desistia, ele não desistia de si mesmo. Como é que um garoto sem pai, mãe ou alguém para chamar de família e odiado pela Aldeia conseguia se manter tão cheio de determinação? Vê-lo todos os dias fazia com que eu me odiasse menos e acredita-se em mim mesma. Graças a ele, hoje eu consigo ter a autoconfiança que sempre busquei...