43. Última Chance

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::FERNANDO::

De todas as emoções humanas que eu já havia experimentado até então, aquela era nova. Sabia que as emoções humanas eram lideradas pelo medo, eu mesmo já havia experimentado o medo, mas aquilo era um nível diferente de temor. Acredito que é o que os humanos chamam de terror. Eu estava aterrorizado. No momento que meu nome saiu dos lábios dela todo o meu corpo retesou, um gelo pareceu transformar o sangue em minhas veias em pedra, fiquei tão em choque que não consegui esboçar uma única palavra para desmentir aquilo e, antes que pudesse tentar fazê-lo, Ana desmaiou. Era impossível, como ela poderia reter qualquer lembrança do passado? Seria outro jeito dos celestiais me punirem? Apertei a mão dela, já não podia ler seus pensamentos ou visualizar seus sonhos... mas quando ela pronunciou meu nome algo dentro de mim pareceu tomar meu espírito por inteiro, uma energia diferente de tudo que eu já havia sentido mesmo quando era um anjo.

Algumas horas antes...

Ela havia voltado ao trabalho há poucos dias. Eu a havia visto por acaso quando voltava à loja após ir montar a cama de uma senhora. Apesar de parecer bem, havia algo nela que exalava uma tristeza profunda e cada vez mais eu ficava ansioso para descobrir o que estava acontecendo. Primeiro, precisava de um pretexto para vê-la, desde nosso encontro na padaria naquele almoço eu havia entendido que precisava ser mais cauteloso, não conhecia essa Ana totalmente, sua personalidade era diferente da outra Ana, a que findara sua vida pelas minhas mãos na cela fria do reino celestial.

— Seu Gomes, eu posso sair um minuto? — Pedi permissão ao gerente da loja que analisava uns papéis.

— Hum... pode sim, não tem chamadas de montagem até amanhã. Pode emendar seu "minuto" com o horário do seu almoço. — Dispensou.

— Obrigado!

Acenei para alguns vendedores enquanto saía para a loja ao lado onde Ana trabalhava sob o pretexto de comprar algumas roupas e vê-la, que era a real finalidade. De fato, eu precisava mesmo de roupas uma vez que meu guarda-roupa da atualidade estava bem limitado desde a última vez que estive ali. Aquela amiga dela, Juliana, estava livre no balcão. Era estranho entrar na loja e ver que ela não me reconhecia quando, antes, e parecia fazer anos, sempre desconfiara de mim — e eu não podia culpa-la por isso — e ao que parecia não ia com a minha cara.

— Bom dia! — Cumprimentou ela. — Posso ajudar?

— Ah, claro — Sorri sem jeito. Não podia perguntar por Ana, pareceria estranho. — Eu gostaria de ver umas camisas e calças.

— Qual tamanho?

— É... eu não sei. — Dei uma risada baixa. — Normalmente eu sempre pegava e provava. Nunca me preocupei em olhar o tamanho.

— Tudo bem — ela riu — olhando você deve ser um M.

— Poderia me mostrar aquele modelo ali? — Pedi apontando para uma camiseta preta com símbolos chineses em um manequim sobre uma prateleira.

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