Anjos e demônios

A verdade

-Ah claro. E eu sou um demônio. -Ele diz ironicamente revirando os olhos.
-Não, você é um híbrido. -Ela diz com um olhar sério.
-Tá bom Lis. Já basta a minha mãe não confiar em mim. Para de brincadeira e me diz onde é que você esteve esse tempo?
-E parece que é você que não confia em mim agora... Isaac, eu sei que é difícil de acreditar, mas com o tempo tudo fará sentido. Vai me dizer que nunca viu algo acontecer que não pudesse explicar? Como no dia que você foi até aquela pequena floresta quando era pequeno?

Zac fica sério e desconfiado.

-Como você sabe disso? -Ele se afasta um pouco de Lis.
-É o que eu estou tentando te explicar...eu sou um anjo Zac, e Deus estava te observando, assim como eu. -Ela diz num tom calmo.
-Deus não existe. Nem anjos. E nada disso existe. -Zac se levanta do sofá erguendo a voz.
-Zac, por favor, se acalme. -Lis segura sua mão pedindo para ele se sentar novamente.
-Deus nunca me ouviu. Ele não se importa comigo. Se ele estava me observando assim, por que ele não tentou me ajudar quando eu precisei? Hm? -Zac disse indignado olhando sério pra Lis.
-Não é assim que as coisas funcionam. Mas ele sabe o que você passou Zac, sabe de todos os seus arrependimentos, e ele te perdoou. E eu sempre estive aqui para tentar te ajudar...eu não posso interferir na suas escolhas, mas posso guia-lo.
-Me perdoou? Que se dane o perdão dele. -Zac se levanta outra vez. -O perdão dele não vai trazer o que eu já perdi. Se ele existe e me observou esse tempo todo, por que quando eu precisei que ele agisse, ele não me ajudou? Não preciso de um Deus que só me observa. -Zac já irritado àquela altura sai da sala de Lis indo até lá fora.

Lis vai até o lado de fora e segura o braço de Zac impedindo que ele fosse embora, e olha para ele com toda sua sinceridade possível.

-Ele te ajudou...mas você não percebe isso...porque a felicidade que ele te trás, está em pequenas coisas...como sua irmã. Por favor, tente compreender, você não confia em mim? Somos amigos Zac.
-Pensei que os amigos contassem a verdade... -Zac olha profundamente para ela, e se solta de suas mãos e vai embora.
-EU ESTOU TENTANDO DIZER A VERDADE AGORA! -Lis gritou enquanto suas lágrimas escorriam, e devido a uma imensa tristeza, ela se ajoelha no chão decepcionada com si própria. Porém Zac já estava longe.

Não era de hoje que Zac era cabeça dura, e isso não iria mudar agora. Apesar de sua constante rebeldia, ele era realista e sensato, apesar de muitas vezes ser levado pela emoção. Sua vida estava uma bagunça, isso era fato. Mas o que ele precisava ver, era que fechando para si mesmo, também fechariam as portas de todas aquelas explicações que ele buscava.
Zac, chegado em casa, subiu as escadas até o quarto de Giny. Sua irmã estava dormindo. Ele se aproximou de vagar sem que ela acordasse e sentou-se a beira da cama, acariciando os cabelos dela enquanto à observava, e isso o deixou mais calmo.

-A Lis tem razão. -Ele dissera baixo como num sussurro. -Se acontecesse alguma coisa com você eu...eu não sei que parte ''feliz'', eu teria. Você é tudo que eu tenho. -Ao dizer tais palavras, Zac fechou seus olhos, e respirou fundo para que não começasse a chorar.

Alguns minutos depois uma campainha tocou. A mãe de Isaac foi imediatamente abrir a porta, em alguns, Isaac ouviu o som de alguém vindo até o quarto, e assim surgiu Lis, que entrou devagar sem fazer muito contato visual com Isaac. Ela simplesmente sentou-se na cama de Giny e observou-a com um sorriso doce. Lis pega delicadamente as mãos de Giny, que continuava dormindo, e fechou os olhos, e a pele de Giny que estava pálida, começou a recuperar a cor, como se num passe de mágica, ela houvesse se curado. Ao fazer isso, Lis simplesmente se levanta e caminha em direção a saída da casa de Isaac.

-Por que agora? -Perguntou Zac antes que ela saísse, sem tirar os olhos de Giny. -Por que não me contou antes? Eu ainda estou confuso Lis. Mas não pode me pedir que eu simplesmente acredite em tudo isso.
-Eu só queria que você fosse feliz, que não tivesse que entrar no mundo em que eu vivo, mas não pude mais evitar, eu preciso de sua ajuda mais do que nunca Zac, e não posso mais esconder a verdade de você. Eu sinto muito por não ter dito antes, eu fui uma péssima amiga, mas eu nunca quis o seu mal, eu fiz isso pensando que era o certo.
-Obrigado por curar minha irmãzinha... -Ele olhou meio de lado para Lis.
-Não precisa agradecer. -Lis da um sorriso sem mostrar os dentes, em seguida abaixa o olhar novamente um pouco triste e ameaça a ir embora novamente.
-Eu te acompanho até a porta. -Ele se levanta dá cama vagarosamente e acompanha Lis.

Lis vai até a porta um pouco cabisbaixa, mas antes de sair, ela fica entre a porta e olha para Isaac com um olhar triste.

-Eu não quero que me veja com outros olhos, eu sempre fui sua amiga, e sempre serei, mas só quero que compreenda e pense no que eu lhe disse, tem muitas coisas que ainda preciso te explicar, mas preciso que confie em mim. Apesar de tudo Zac, eu sempre fui verdadeira com você, enquanto as pessoas enxergavam seu exterior, eu enxerguei seu interior.