Capítulo 34

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Aquela moto era muito alta, assim que eu subi, meus pés não encostavam mais ao chão, me agarrei ao John o segurando com força, prendi minha cabeça nas suas costas largas.

__ Letícia, eu nem liguei a moto ainda. Está com medo? - Colocou o capacete.

__ N-n-não. - Gaguejei.

__ Primeira vez que anda?

__ Não sou muito fã de moto. -coloquei o capacete

__ Assim você ofende a mim e a minha Kawasaki. -ele passou a mão na moto. - sorri

- Não era a intenção.

__ Tudo bem, te perdoamos. -falou no plural, como se sua moto falasse com ele e ele respondesse por ela. Ligou a moto e senti minhas pernas ficarem bambas, sinceramente, eu odeio moto. Talvez seja porquê eu tenha um trauma, de quando era mais adolescente e sofri um acidente de moto com meu pai.

Flashback on

fiquei entre a vida e a morte, depois que eu voei por cima do meu amigo Henrique e cai em cima do capô do carro que havia batido em nós. Henrique parou do outro lado da estrada, não aguentou e faleceu. Bateu a cabeça no meio-fio o que causou a sua morte. Nós nos conhecemos na época do colégio e desde então não nos desgrudamos. Bom, já eu, fiquei internada durante 2 meses. Tinha entrado em coma durante 1 mês, e quando eu acordei me pareceu uma eternidade, só lembrava de quando a batida aconteceu e quando despertei do coma. Durante esses 2 meses, meu irmão estava sempre ao meu lado, e quando eu acordei, ele ainda estava lá, me abraçou forte, e eu ainda muito fraca, só conseguia chorar.

__ Graças ao bom Deus! Minha irmã está de volta. - falou completamente emocionado.

__ Igor? -falei baixo e devagar, estava toda grogue da medicação e entubação.

__ Sim, sou eu irmã. Não se preocupe tudo vai ficar bem. - ele chorava. E uma enfermeira passou pela porta me examinando.

__É, você teve muita sorte de ter conseguido sobreviver, você é forte. E parece que tem alguém lá em cima, que gosta de você. - A enfermeira se retirou.

__ O que aconteceu? - Perguntei com a voz fraca.

__ Você e Henrique.. respirou fundo - Sofreram um grave acidente.

__ Onde ele está? Está bem?

__ Hum.. Sim, ele está muito melhor agora. -Ele me escondeu sua morte até que eu estivesse totalmente recuperada, eu até entendo, mas quando descobri, foi a pior sensação que eu senti, assim que recebi alta e voltei para casa, minha tia acabou entregando tudo, me consolando, dizendo "eu sinto muito, pela sua perda", que no momento eu não havia entendido nada, quando meu irmão lançou um olhar de "sai daqui", e ela se retirou, mordendo os lábios. Eu exigi saber o que eu tinha perdido, o que realmente havia acontecido enquanto eu não estava acordada. E foi quando ele me sentou, e contou o ocorrido, que meu melhor amigo faleceu no momento do acidente, não teve tempo para atendimentos nem nada do tipo. Eu chorei como uma criança, passava dias, semanas, chorando, sentindo sua falta. Aquilo me destruiu muito, mas eu aprendi a conviver com a dor.

Flashback off

__ Vai devagar John. -o abracei com força.

__ Eu já estou devagar, abre os olhos Lê. -me viu pelo retrovisor. -Se ficar de olhos fechados, vai mesmo ficar com medo.

Não abri os olhos de imediato, mas depois fui me acostumando, mas não o suficiente, e abri os olhos devagarinho, e imagens passavam de lojas, comércios, passavam muito rápido que eu mau podia ver. A ida para casa pareceu tão longa, talvez seja porquê John estava de 40.

A última carta (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora