21. Plano A

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"If you remember me, then I don't care if everyone else forgets."

Haruki Murakami

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Mesmo correndo com a velocidade que meus pés suportavam e tentando o meu máximo para alcançar a viatura dos bombeiros, meu esforço parecia em vão no momento em que levantei os olhos e notei que estava quase perdendo de vista o automóvel que eu e Sirene perseguíamos. A sola de meu chinelo batia contra o asfalto frio e eu tentava não pisar em minha própria calça de pijama quentinha enquanto tinha como único objetivo naquele momento alcançar Harry. Contudo, eu estava começando a perceber que era de extrema estupidez querer perseguir um veículo que andava a pelo menos 60 km/h naquelas estradas.

Onde eu estava com a cabeça, afinal?

Acabaria morto por falta de ar ou até mesmo atropelado por algum automóvel, prejudicando assim meu encontro com Harry.

No entanto, para a minha surpresa, a cachorra parecia zombar de mim com aquela língua para fora enquanto corria determinada e cheia de energia atrás da sirene do carro de bombeiros. Seu rabo abanava, escorria saliva de sua boca aberta e ela me olhava como se aquilo estivesse sendo a parte mais divertida de seu dia. Naquele momento, peguei-me perguntando se ela de alguma forma se lembrava de mim e de Harry, se ela se lembrava de qualquer coisa da outra realidade, porém, é claro, que eu jamais teria uma resposta para aquilo.

Depois de bons minutos subindo e descendo quadras, notei a corrida de Sirene diminuindo e um corpo de bombeiros muito bem posto no final daquela rua. O carro em que Harry estava há poucos minutos atrás se encontrava estacionado na frente do estabelecimento e vi a movimentação de bombeiros naquele local.

No mesmo instante, é claro, e do modo mais estúpido que poderia acontecer, meu coração começou a acelerar, bombeando sangue para minhas bochechas que rapidamente adquiriram um tom rubro, minhas pernas se enfraqueceram vergonhosamente, mordi o lábio inferior, parando aos poucos a corrida, e procurei com o olhar por Harry. Eu estava suado, cansado, com a boca escancarada puxando lufadas de ar e as bochechas extremamente avermelhadas, porém a única coisa que meus pensamentos conseguiam focar era no dono dos cabelos ondulados e olhos cor de esmeralda.

Talvez fosse a força de meu pensamento ou o universo conspirando a meu favor ou o destino querendo traçar linhas no papel em branco ou até mesmo apenas uma mera consciência, o fato era de que naquele exato instante Harry resolvera aparecer, saindo da aglomeração enquanto dava risada e arrumava os suspensórios de seu uniforme.

Sim, Harry se encontrava devidamente trajado com roupas de bombeiro.

Eu poderia ficar pior do que me encontrava?

Meu coração poderia bater assim tão rápido sem o risco de me provocar um enfarte fulminante?

Eu estava hiperventilando e somente desejava pular nos braços de Harry após sair correndo saltitante em sua direção. Eu podia sentir meus lábios serem repuxados, um sorriso se formar no instante seguinte e nem mesmo quis escondê-lo. Não dessa vez.

E foi com o meu sorriso que Harry finalmente olhou em minha direção. Ele me lançou um olhar calmo, sorrindo devido a alguma piada que estava sendo contada por um de seus colegas e com o corpo relaxado. Eu não sabia dizer quanto tempo ficamos olhando um para o outro, mas eu não desejava desviar e muito menos se afastar.

Meus lábios abriram ainda mais em um sorriso e notei que o sorriso de Harry se abriu da mesma maneira. Meu coração parecia querer sair pela boca.

Strange Destiny (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora