V I N T E E C I N C O

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Eric

3 meses depois.

— Vamos, Nate?! — gritei da sala, enquanto colocava o tênis. 
— Fala baixo, porra — Robert murmurou sonolento, deitado no sofá.
— Ninguém mandou passar noite fora, bonitão. Temos que ir pro restaurante mais cedo hoje, lembra? 
— Merda!

Depois que saí da casa do Tyler deixando apenas um bilhete, resolvi que ia recomeçar minha vida sozinho e longe dela, eu precisava disso, precisava de espaço para colocar minha vida nos eixos. Stella me desestabilizava, eu esquecia das prioridades da minha vida e só pensava nela. Robert e eu alugamos um apartamento, arrumamos um emprego num restaurante e eu troquei Nate de escola. Minha vida estava andando por um caminho bom, eu estava satisfeito. Era isso que eu precisava, um recomeço, um degrau de cada vez.

Eu sentia falta dela, todos os dias. Mas isso era algo que eu precisava entender pra depois saber o que fazer.

— Não gosto dessa escola — Nate apareceu na sala com um bico.
— Papai já conversou com você sobre isso — fiquei em pé e peguei sua mochila. 
— Sinta falta da tia “Tella” — cruzou os bracinhos em forma de birra. 
— Seu pai também — Robert zombou.

Mostrei o dedo do meio para ele sem Nate ver e logo saímos do apartamento. A nova escolinha de Nate não era muito longe, então em cinco minutos estava na porta deixando-o.

— Se comporta, ok? — coloquei a mochila em suas costas. — Qualquer coisa, já sabe?
— Pedir a tia “pa” ligar.
— Isso aí — concordei e beijei sua testa.

Fiquei esperando até que ele atravessasse o portão. Aproveitei para passar no mercado e comprar algumas coisas que estávamos precisando. Só tinha que comparecer no restaurante na parte da tarde, então ia aproveitar a manhã para resolver algumas coisas.

— Diz que você comprou café — Robert disse assim se cruzei a porta. 
— Eu deveria deixar você morrendo de ressaca — falei, colocando as sacolas no balcão.

Ele resmungou algo que não entendi e avançou nas sacolas em busca do seu salvador.

— E a morena gostosa? — ele sempre dizia esse tipo de coisa para me irritar.
— Vou fazer você beber essa água fervendo — disse sério.

Ele gargalhou.

— Não te entendo. A mina é gata, tu acha que ela vai ficar te esperando pra sempre? 
— Me erra, Robert.

Nesses meses ele sempre vem tentado fazer isso. Fazer com o que eu tenha alguma atitude. Mas não é assim, eu preciso ter certeza do que eu quero e do que eu sinto, eu não quero quebrar o coração dela, ela não merece.

****

Já eram quase três horas da manhã quando nosso turno chegou ao fim. Esperei Robert terminar de trocar amassos com nossa colega de trabalho para que pudéssemos voltar para casa, Nate agora ficava com nossa vizinha, dona Carmem, uma senhora de uns setenta anos que cuida de dois gatos. Ele gostava dela, não muito, mas ela cuidava bem dele, entre as opções que eu tinha, não tinha muita escolha também.


— Acho que estou apaixonado — ele disse ajeitando sua jaqueta de frio.
— Amanda sabe disso? Não, espera, você disse isso sobre ela também a dois dias atrás — falei de forma sarcástica.
— Quem é Amanda? — se fingiu desentendido. — Sabe qual seu problema? Você não fode ninguém desde a morena gostosa e aí fica nesse mau humor do caralho. Você precisa de uma bela boceta nessa sua vida.

Ignorei seu comentário, se eu respondesse, principalmente, se eu demonstrasse irritação aí que ele não iria parar mais. Assim que cruzamos a porta dos fundos do restaurante, percebemos que o tempo fechou instantaneamente o sol de mais cedo se fora e agora haviam raios e trovões clareando o céu, um vento gelado de fazer tremer o queixo e uma chuva devastadora.

Sol que faltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora